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Teologia Vocacional

Ser um Obrero Aprovado

“Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

2 Timóteo 2:15

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Os recursos que você investe em sua formação teologia e ministerial na Academia de Liderança da NAMS é integralmente revertido para a obra missionária no Brasil e na Ásia. Atualmente temos um posto avançado de plantadores de Igrejas no Brasil e apoiamos a formação de cerca de 200 obreiros em países da Ásia em regiões de maioria muçulmana. Você é parte dessa missão!

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REVISTA BÁCULO

Com mais de 5 anos de existência, a Revista Báculo já é um marco importante da mídia evangélica no Brasil. Todos os meses, nossa revista proporciona ao leitor artigos, estudos, entrevistas e análises relevantes para a vida cristã e para o ministério. Aqui no site você tem acesso a todas as edições já publicadas.

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FORMAÇÃO MINISTERIAL

Ao estudar com a gente você apoia a obra missionária no Brasil e na Ásia e conta com um conteúdo de primeira qualidade! E você pode escolher quais módulos se encaixam melhor em sua formação teológica e ministerial. Além disso, ao completar os créditos educativos necessários você adquire o Diploma de Bacharel em Teologia chancelado pela New Anglican Missionary Society (NAMS)

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DISCERNIMENTO VOCACIONAL

Nós ajudamos você a descobrir o chamado de Deus para a sua vida. E mais do que isso, te ajudamos a discernir como o chamado de Deus para o seu Ministério pessoal se conecta com o contextual atual da Igreja no mundo. Mais do que nunca, precisamos de pessoas comprometidas com o Evangelho denuíno no Brasil e no mundo. Seja parte da mudança.

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RESIDÊNCIA MISSIONÁRIA

Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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TEOLOGIA VOCACIONAL

A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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quinta-feira

Homilética: Evitando Sermões Para Boi Dormir


Marcelo Lemos*

Um velho amigo, que conosco teve suas primeiras aulas de homilética, contou ter ficado responsável por ensinar a matéria à uma classe de jovens em sua Igreja. Curioso, perguntou se poderíamos dar alguns conselhos aos seus jovens alunos. O texto a seguir reflete o teor de uma conversação ao telefone. A conversa, em tom bastante informal, se desenrolou a partir de um comentário a respeito de “sermões para boi dormir”. 

Segundo esse amigo, muitos sermões podem receber essa descrição com justiça. Pregadores monótonos, cansativos, sem vivacidade; ou, falastrões, comediantes, barulhentos em excesso. Se desejamos que nossa pregação seja relevante, viva e transformadora, precisamos compreender alguns conceitos importantes, e neste artigo falaremos a respeito de alguns. Para aqueles que desejam se aprofundar mais nos temas aqui abordados, recomendo pesquisar a bibliográfica citada no final.


1.  O Conteúdo é mais importante que o método.

A homilética, sendo uma matéria de teologia prática, nos coloca em contato com o método1. É preciso compreender e manejar corretamente os diferentes tipos de sermões como o narrativo, o expositivo, o tópico e o textual. Naturalmente, cada pessoa acaba se identificando mais com um desses métodos, praticamente adotando-o em seu trabalho corriqueiro. 

Vale ressaltar que nos últimos tempos temos visto no Brasil uma grande fomentação da pregação expositiva. Esse movimento é muito louvável, e deve o pregador inteirar-se desse método homilético de excelência2.

Por outro lado, parece que alguns pretendem que a pregação que não siga o método expositivo é de qualidade inferior, ou pior ainda, que apenas a Igreja que faz uso desse método é “realmente boa” (Denver, 2009)3. Sobre a importância do método na pregação segue um conselho aos novos pregadores: o conteúdo é mais importante que o método. A pregação expositiva é louvável e deve ser praticada, mas a Bíblia não estabelece um método canônico de pregação. Um sermão tópico pode ser maravilhosamente bíblico, e uma das provas disso é o fato de termos a disposição excelentes teologias sistemáticas, nas quais a doutrina cristã é transmitida na forma de tópicos. Além disso, acreditar que o método expositivo é garantia de fidelidade ao texto sagrado beira a ingenuidade, visto que, assim fosse, jamais encontraríamos teses exegéticas que falham em interpretar os cânones inspirados.

Não entenda mal. Esse conselho não é contra a pregação expositiva. Nem contra aquele pregador que decidiu pregar exclusivamente por esse método. Mas é preciso alertar para o legalismo religioso de alguns que parecem tentar impor regras sem autorização das Escrituras. 

2. Priorize o conteúdo sem se esquecer do método.

O conteúdo da pregação é o mais importante, contudo, é preciso também valorizar o método, e dominar suas técnicas. Como já visto, é legítimo que um pregador eleja apenas um método para o seu ministério, mas isso pode tornar seu trabalho um tanto previsível e monótono. Há outros pontos de análise. Pense no pregador que opte apenas por pregações tópicas, este jamais servirá à sua congregação uma explicação aprofundada de qualquer porção maior dos textos sagrados - com isso em mente, se for para escolher apenas um método de pregação que seja o expositivo. Contudo, uma vez que o método não define se a pregação vai ser bíblica ou não, nada impede que o pregador possa dominar e se valer das diversas abordagens.

Ao falarmos sobre o valor do método, e portanto da técnica, é preciso tomar cuidado com outra crítica; esta, oriunda daqueles que idealizam uma pregação ‘pura’, sem técnica e improvisada. É uma objeção comum entre gente iletrada, e certos círculos religiosos. Algumas tradições pentecostais são totalmente contra a preparação do sermão. Em uma delas, o pregador é obrigado a ficar em um "quartinho" separado, na companhia de outras pessoas, até que a palava lhe seja "revelada". Onde a Bíblia ensina tal coisa? Em lugar algum. Mas se alguém apontar o óbvio, a 'explicação' será que "a letra mata", e desculpas do tipo. Infelizmente, hoje encontramos pensamentos parecidos inclusive em livros com pretensões intelectuais e de grande alcance popular. Parece não faltar quem pretenda denunciar o sermão como um tipo de vaca sagrada “concebida no ventre da filosofia grega” (Viola e Barna)4.

O grande problema com essa classe de crítica mencionada acima – que já de início peca por seu anti-intelectualismo mal disfarçado - é o fato de que o Novo Testamento, apesar de inspirado por Deus, foi redigido de acordo com regras literárias e retóricas bem estabelecidas no mundo antigo - veja nota5. É o suficiente para jogar objeções do tipo por terra. Deus inspirou os autores bíblicos, e respeitou suas habilidades e limitações técnicas (linguísticas, retóricas, gramaticais, literárias, etc). Não seria ir contra a doutrina da inspiração bíblica negar que, hoje, um pregador possa valer-se de métodos que tornem sua pregação mais eficaz do ponto de vista da comunicação humana?

3. Não faça da pregação uma aula.

Por mais que a pregação ensine, ela não deve ser confundida com uma palestra. Há pregadores que expõe o texto bíblico com maestria, e no entanto, suas pregações são de pouco brilho e não levam as pessoas à ação. Podem se desculpar dizendo que seu objetivo é transmitir a verdade, independente das pessoas responderem ou não. Há muito de verdade nessa desculpa, no entanto, quando se fala em pregação, a ideia de um discurso que motiva à uma tomada de decisão é inerente. Sem isso, não há sermão, e sim palestra. Há, basicamente, duas formas de se evitar que o sermão seja dito como uma palestra.

A ênfase na aplicação prática da mensagem.

Idealmente, o pregador deve pensar na aplicação prática de sua mensagem já na escolha e apresentação do título do sermão. Um sermão intitulado “A Morte de Golias” tem cara de palestra, mas um sermão chamado “Cinco Lições Sobre a Morte de Golias”, tem cara de sermão. Afinal, o objetivo do sermão não é simplesmente ensinar os fatos a respeito da morte de Golias, mas apresentar o que aqueles fatos tem para ensinar hoje. Do título à conclusão, a ênfase na aplicação das verdades bíblicas na vida do ouvinte deve estar presente.



James Braga (1986), dedica um capítulo inteiro de seu manual de homilética para o tema da aplicação do sermão. “A aplicação”, afirma o autor, “é um dos elementos mais importantes do sermão. Mediante esse processo, apresentamos ao ouvinte as reivindicações da Palavra de Deus, a fim de obter sua reação favorável à mensagem. Quando adequadamente empregada, a aplicação mostra a pertinência dos ensinos da Bíblia à vida diária da pessoa, tornando aplicáveis a ela as mensagens da revelação cristã” (pg. 185). Mesmo um método como o narrativo, que permite prender a atenção dos ouvintes ao se contar belas e empolgantes históricas bíblicas, precisa da aplicação. É por meio da aplicação que o ouvinte é intimado a avalisar sua conduta atual a luz dos princípios extraídos da Palavra de Deus. Contar a história de Davi e Golias pode ser qualquer coisa, contar essa mesma história e demonstrar o que ela tem para ensinar hoje é pregação.

A paixão ao transmitir a mensagem.

Além da aplicação, o pregador precisa de outro elemento de vivacidade ao comunicar verdades da Palavra de Deus: fogo! Ou, se considerar essa palavra demasiadamente carismática, usemos essa: paixão! Nada é mais desinteressante que um pregador chato, cansado e sem vida no Púlpito. Koller identifica na dramatização de narrativas bíblicas uma forma de despertar o interesse da audiência.

Dramatize incidentes da Escritura, especialmente os obscuros ou pouco conhecidos. Pode-se fazer isso sem tornar-se teatral ou sensacional, ou satisfazendo o gosto popular da multidão. Sobre Jesus está registrado que “a grande multidão o ouvia com prazer” (Mc 12:37). As pessoas simplesmente ficavam fascinadas tanto pelo que Ele dizia como pela maneira vívida e pictórica como o dizia. “Sem parábolas nada lhes dizia” (Mt 13:34). Os ouvintes gostam do pitoresco (Koller, pg. 100).

Cabe citar aqui o grande valor do uso de boas ilustrações, que nas palavras de Braga (1986), servem como janelas que permitem enxergar a verdade que está sendo transmitida. Ao ilustrar uma verdade, narrar um acontecimento bíblico, ou aplicar os princípios teológicos expostos, vale a regra de ouro de falar com autoridade, confiança e vivacidade. Para isso é preciso fogo, paixão. O pregador é a pessoa sobre quem a comunidade colocou a responsabilidade de entrar nos tesouros da Palavra de Deus. Ao retornar do tesouro ele deve portar pedras de precioso valor, devendo entregá-las com amor e alegria para o deleite e enriquecimento do povo de Deus.

Zibordi (2007), diz que em I Tessalonicenses 1:5 é possível identificar os três elementos retóricos necessários ao sermão6: o logos, que é a palavra-conteúdo da mensagem; pathos, o fervor e a paixão daquele que comunica a mensagem, e ethos, uma referência ao caráter do próprio pregador, sua dignidade como pessoa e como mensageiro de Deus. Neste artigo buscamos, resumidamente, comentar alguns princípios que talvez sejam mais urgentes para o momento atual, considerando que estamos presenciando uma era marcada por polarizações. Se por um lado temos pregações empolgadas, mas sem conteúdo bíblico e teológico relevante, do outro encontramos pregações com muito conteúdo, mas com pouca preocupação em fomentar a práxis cristã. Ora valorizamos o método, ora valorizamos o encanto retórico, especialmente quando causa comoções. A virtude do pregador deve estar no meio, valorizando a técnica, o conteúdo e o poder da mensagem que foi incumbido de transmitir.

* Marcelo Lemos, presbítero na Free Church of England, editor do Olhar Anglicano, e da Revista Báculo
______________

Notas Bibliográficas

1 O método é um dos enfoques da homilética, especialmente na homilética formal.

2 Há em Português obras excelentes sobre as técnicas da exposição. KOLLER, Charles W.: Pregação Expositiva sem Anotações. Como pregar sermões dinâmicos. Mundo Cristão, São Paulo, 1984. BRAGA. James: Como Preparar Mensagens Bíblicas, Ed. Vida, 1986. SOUZA. Itamir Neves de: Atos, Uma História Singular: 77 esboços expositivos. Descoberta, Curitiba, 19999. LOPES. Hernandes Dias: A Importância da Pregação Expositiva Para o Crescimento da Igreja. Candeia, São Paulo, 2004. Em Espanhol outras obras se destacam. OLFORD. Stephen F.: Guía de Predicación Expositiva. Broadman & Holman Publishers, Tennesse, 1998. RICHARD. Ramesh: La Predicación Expositiva: sete passos para la Predicación Bíblica. Faculdade Internacional de Educación Teológica, Buenos Aires, 2002.

3 DENVER. Mark: Nove Marcas de Uma Igreja Saudável. Editora Fiel, São Paulo, 2009.

4 VIOLA. Frank; BERNA. George: Cristianismo Pagão, Abba Press.

5 Ironicamente, esse fato já foi publicado no blog do próprio Viola, numa entrevista com o erudito do Novo Testamento, Witherington Bem III, que publicou obras como New Testamente Rhetoric: Na Introductory Guide to the Art of Persuasion in and of The New Testament (Cascade, 2009).

6 ZIBORDI. Ciro Sanches: Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar. CPAD, Rio de Janeiro, 2007.

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A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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Homilética: Evitando Sermões Para Boi Dormir


Marcelo Lemos*

Um velho amigo, que conosco teve suas primeiras aulas de homilética, contou ter ficado responsável por ensinar a matéria à uma classe de jovens em sua Igreja. Curioso, perguntou se poderíamos dar alguns conselhos aos seus jovens alunos. O texto a seguir reflete o teor de uma conversação ao telefone. A conversa, em tom bastante informal, se desenrolou a partir de um comentário a respeito de “sermões para boi dormir”. 

Segundo esse amigo, muitos sermões podem receber essa descrição com justiça. Pregadores monótonos, cansativos, sem vivacidade; ou, falastrões, comediantes, barulhentos em excesso. Se desejamos que nossa pregação seja relevante, viva e transformadora, precisamos compreender alguns conceitos importantes, e neste artigo falaremos a respeito de alguns. Para aqueles que desejam se aprofundar mais nos temas aqui abordados, recomendo pesquisar a bibliográfica citada no final.


1.  O Conteúdo é mais importante que o método.

A homilética, sendo uma matéria de teologia prática, nos coloca em contato com o método1. É preciso compreender e manejar corretamente os diferentes tipos de sermões como o narrativo, o expositivo, o tópico e o textual. Naturalmente, cada pessoa acaba se identificando mais com um desses métodos, praticamente adotando-o em seu trabalho corriqueiro. 

Vale ressaltar que nos últimos tempos temos visto no Brasil uma grande fomentação da pregação expositiva. Esse movimento é muito louvável, e deve o pregador inteirar-se desse método homilético de excelência2.

Por outro lado, parece que alguns pretendem que a pregação que não siga o método expositivo é de qualidade inferior, ou pior ainda, que apenas a Igreja que faz uso desse método é “realmente boa” (Denver, 2009)3. Sobre a importância do método na pregação segue um conselho aos novos pregadores: o conteúdo é mais importante que o método. A pregação expositiva é louvável e deve ser praticada, mas a Bíblia não estabelece um método canônico de pregação. Um sermão tópico pode ser maravilhosamente bíblico, e uma das provas disso é o fato de termos a disposição excelentes teologias sistemáticas, nas quais a doutrina cristã é transmitida na forma de tópicos. Além disso, acreditar que o método expositivo é garantia de fidelidade ao texto sagrado beira a ingenuidade, visto que, assim fosse, jamais encontraríamos teses exegéticas que falham em interpretar os cânones inspirados.

Não entenda mal. Esse conselho não é contra a pregação expositiva. Nem contra aquele pregador que decidiu pregar exclusivamente por esse método. Mas é preciso alertar para o legalismo religioso de alguns que parecem tentar impor regras sem autorização das Escrituras. 

2. Priorize o conteúdo sem se esquecer do método.

O conteúdo da pregação é o mais importante, contudo, é preciso também valorizar o método, e dominar suas técnicas. Como já visto, é legítimo que um pregador eleja apenas um método para o seu ministério, mas isso pode tornar seu trabalho um tanto previsível e monótono. Há outros pontos de análise. Pense no pregador que opte apenas por pregações tópicas, este jamais servirá à sua congregação uma explicação aprofundada de qualquer porção maior dos textos sagrados - com isso em mente, se for para escolher apenas um método de pregação que seja o expositivo. Contudo, uma vez que o método não define se a pregação vai ser bíblica ou não, nada impede que o pregador possa dominar e se valer das diversas abordagens.

Ao falarmos sobre o valor do método, e portanto da técnica, é preciso tomar cuidado com outra crítica; esta, oriunda daqueles que idealizam uma pregação ‘pura’, sem técnica e improvisada. É uma objeção comum entre gente iletrada, e certos círculos religiosos. Algumas tradições pentecostais são totalmente contra a preparação do sermão. Em uma delas, o pregador é obrigado a ficar em um "quartinho" separado, na companhia de outras pessoas, até que a palava lhe seja "revelada". Onde a Bíblia ensina tal coisa? Em lugar algum. Mas se alguém apontar o óbvio, a 'explicação' será que "a letra mata", e desculpas do tipo. Infelizmente, hoje encontramos pensamentos parecidos inclusive em livros com pretensões intelectuais e de grande alcance popular. Parece não faltar quem pretenda denunciar o sermão como um tipo de vaca sagrada “concebida no ventre da filosofia grega” (Viola e Barna)4.

O grande problema com essa classe de crítica mencionada acima – que já de início peca por seu anti-intelectualismo mal disfarçado - é o fato de que o Novo Testamento, apesar de inspirado por Deus, foi redigido de acordo com regras literárias e retóricas bem estabelecidas no mundo antigo - veja nota5. É o suficiente para jogar objeções do tipo por terra. Deus inspirou os autores bíblicos, e respeitou suas habilidades e limitações técnicas (linguísticas, retóricas, gramaticais, literárias, etc). Não seria ir contra a doutrina da inspiração bíblica negar que, hoje, um pregador possa valer-se de métodos que tornem sua pregação mais eficaz do ponto de vista da comunicação humana?

3. Não faça da pregação uma aula.

Por mais que a pregação ensine, ela não deve ser confundida com uma palestra. Há pregadores que expõe o texto bíblico com maestria, e no entanto, suas pregações são de pouco brilho e não levam as pessoas à ação. Podem se desculpar dizendo que seu objetivo é transmitir a verdade, independente das pessoas responderem ou não. Há muito de verdade nessa desculpa, no entanto, quando se fala em pregação, a ideia de um discurso que motiva à uma tomada de decisão é inerente. Sem isso, não há sermão, e sim palestra. Há, basicamente, duas formas de se evitar que o sermão seja dito como uma palestra.

A ênfase na aplicação prática da mensagem.

Idealmente, o pregador deve pensar na aplicação prática de sua mensagem já na escolha e apresentação do título do sermão. Um sermão intitulado “A Morte de Golias” tem cara de palestra, mas um sermão chamado “Cinco Lições Sobre a Morte de Golias”, tem cara de sermão. Afinal, o objetivo do sermão não é simplesmente ensinar os fatos a respeito da morte de Golias, mas apresentar o que aqueles fatos tem para ensinar hoje. Do título à conclusão, a ênfase na aplicação das verdades bíblicas na vida do ouvinte deve estar presente.



James Braga (1986), dedica um capítulo inteiro de seu manual de homilética para o tema da aplicação do sermão. “A aplicação”, afirma o autor, “é um dos elementos mais importantes do sermão. Mediante esse processo, apresentamos ao ouvinte as reivindicações da Palavra de Deus, a fim de obter sua reação favorável à mensagem. Quando adequadamente empregada, a aplicação mostra a pertinência dos ensinos da Bíblia à vida diária da pessoa, tornando aplicáveis a ela as mensagens da revelação cristã” (pg. 185). Mesmo um método como o narrativo, que permite prender a atenção dos ouvintes ao se contar belas e empolgantes históricas bíblicas, precisa da aplicação. É por meio da aplicação que o ouvinte é intimado a avalisar sua conduta atual a luz dos princípios extraídos da Palavra de Deus. Contar a história de Davi e Golias pode ser qualquer coisa, contar essa mesma história e demonstrar o que ela tem para ensinar hoje é pregação.

A paixão ao transmitir a mensagem.

Além da aplicação, o pregador precisa de outro elemento de vivacidade ao comunicar verdades da Palavra de Deus: fogo! Ou, se considerar essa palavra demasiadamente carismática, usemos essa: paixão! Nada é mais desinteressante que um pregador chato, cansado e sem vida no Púlpito. Koller identifica na dramatização de narrativas bíblicas uma forma de despertar o interesse da audiência.

Dramatize incidentes da Escritura, especialmente os obscuros ou pouco conhecidos. Pode-se fazer isso sem tornar-se teatral ou sensacional, ou satisfazendo o gosto popular da multidão. Sobre Jesus está registrado que “a grande multidão o ouvia com prazer” (Mc 12:37). As pessoas simplesmente ficavam fascinadas tanto pelo que Ele dizia como pela maneira vívida e pictórica como o dizia. “Sem parábolas nada lhes dizia” (Mt 13:34). Os ouvintes gostam do pitoresco (Koller, pg. 100).

Cabe citar aqui o grande valor do uso de boas ilustrações, que nas palavras de Braga (1986), servem como janelas que permitem enxergar a verdade que está sendo transmitida. Ao ilustrar uma verdade, narrar um acontecimento bíblico, ou aplicar os princípios teológicos expostos, vale a regra de ouro de falar com autoridade, confiança e vivacidade. Para isso é preciso fogo, paixão. O pregador é a pessoa sobre quem a comunidade colocou a responsabilidade de entrar nos tesouros da Palavra de Deus. Ao retornar do tesouro ele deve portar pedras de precioso valor, devendo entregá-las com amor e alegria para o deleite e enriquecimento do povo de Deus.

Zibordi (2007), diz que em I Tessalonicenses 1:5 é possível identificar os três elementos retóricos necessários ao sermão6: o logos, que é a palavra-conteúdo da mensagem; pathos, o fervor e a paixão daquele que comunica a mensagem, e ethos, uma referência ao caráter do próprio pregador, sua dignidade como pessoa e como mensageiro de Deus. Neste artigo buscamos, resumidamente, comentar alguns princípios que talvez sejam mais urgentes para o momento atual, considerando que estamos presenciando uma era marcada por polarizações. Se por um lado temos pregações empolgadas, mas sem conteúdo bíblico e teológico relevante, do outro encontramos pregações com muito conteúdo, mas com pouca preocupação em fomentar a práxis cristã. Ora valorizamos o método, ora valorizamos o encanto retórico, especialmente quando causa comoções. A virtude do pregador deve estar no meio, valorizando a técnica, o conteúdo e o poder da mensagem que foi incumbido de transmitir.

* Marcelo Lemos, presbítero na Free Church of England, editor do Olhar Anglicano, e da Revista Báculo
______________

Notas Bibliográficas

1 O método é um dos enfoques da homilética, especialmente na homilética formal.

2 Há em Português obras excelentes sobre as técnicas da exposição. KOLLER, Charles W.: Pregação Expositiva sem Anotações. Como pregar sermões dinâmicos. Mundo Cristão, São Paulo, 1984. BRAGA. James: Como Preparar Mensagens Bíblicas, Ed. Vida, 1986. SOUZA. Itamir Neves de: Atos, Uma História Singular: 77 esboços expositivos. Descoberta, Curitiba, 19999. LOPES. Hernandes Dias: A Importância da Pregação Expositiva Para o Crescimento da Igreja. Candeia, São Paulo, 2004. Em Espanhol outras obras se destacam. OLFORD. Stephen F.: Guía de Predicación Expositiva. Broadman & Holman Publishers, Tennesse, 1998. RICHARD. Ramesh: La Predicación Expositiva: sete passos para la Predicación Bíblica. Faculdade Internacional de Educación Teológica, Buenos Aires, 2002.

3 DENVER. Mark: Nove Marcas de Uma Igreja Saudável. Editora Fiel, São Paulo, 2009.

4 VIOLA. Frank; BERNA. George: Cristianismo Pagão, Abba Press.

5 Ironicamente, esse fato já foi publicado no blog do próprio Viola, numa entrevista com o erudito do Novo Testamento, Witherington Bem III, que publicou obras como New Testamente Rhetoric: Na Introductory Guide to the Art of Persuasion in and of The New Testament (Cascade, 2009).

6 ZIBORDI. Ciro Sanches: Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar. CPAD, Rio de Janeiro, 2007.

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Homilética: Evitando Sermões Para Boi Dormir


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Um velho amigo, que conosco teve suas primeiras aulas de homilética, contou ter ficado responsável por ensinar a matéria à uma classe de jovens em sua Igreja. Curioso, perguntou se poderíamos dar alguns conselhos aos seus jovens alunos. O texto a seguir reflete o teor de uma conversação ao telefone. A conversa, em tom bastante informal, se desenrolou a partir de um comentário a respeito de “sermões para boi dormir”. 

Segundo esse amigo, muitos sermões podem receber essa descrição com justiça. Pregadores monótonos, cansativos, sem vivacidade; ou, falastrões, comediantes, barulhentos em excesso. Se desejamos que nossa pregação seja relevante, viva e transformadora, precisamos compreender alguns conceitos importantes, e neste artigo falaremos a respeito de alguns. Para aqueles que desejam se aprofundar mais nos temas aqui abordados, recomendo pesquisar a bibliográfica citada no final.


1.  O Conteúdo é mais importante que o método.

A homilética, sendo uma matéria de teologia prática, nos coloca em contato com o método1. É preciso compreender e manejar corretamente os diferentes tipos de sermões como o narrativo, o expositivo, o tópico e o textual. Naturalmente, cada pessoa acaba se identificando mais com um desses métodos, praticamente adotando-o em seu trabalho corriqueiro. 

Vale ressaltar que nos últimos tempos temos visto no Brasil uma grande fomentação da pregação expositiva. Esse movimento é muito louvável, e deve o pregador inteirar-se desse método homilético de excelência2.

Por outro lado, parece que alguns pretendem que a pregação que não siga o método expositivo é de qualidade inferior, ou pior ainda, que apenas a Igreja que faz uso desse método é “realmente boa” (Denver, 2009)3. Sobre a importância do método na pregação segue um conselho aos novos pregadores: o conteúdo é mais importante que o método. A pregação expositiva é louvável e deve ser praticada, mas a Bíblia não estabelece um método canônico de pregação. Um sermão tópico pode ser maravilhosamente bíblico, e uma das provas disso é o fato de termos a disposição excelentes teologias sistemáticas, nas quais a doutrina cristã é transmitida na forma de tópicos. Além disso, acreditar que o método expositivo é garantia de fidelidade ao texto sagrado beira a ingenuidade, visto que, assim fosse, jamais encontraríamos teses exegéticas que falham em interpretar os cânones inspirados.

Não entenda mal. Esse conselho não é contra a pregação expositiva. Nem contra aquele pregador que decidiu pregar exclusivamente por esse método. Mas é preciso alertar para o legalismo religioso de alguns que parecem tentar impor regras sem autorização das Escrituras. 

2. Priorize o conteúdo sem se esquecer do método.

O conteúdo da pregação é o mais importante, contudo, é preciso também valorizar o método, e dominar suas técnicas. Como já visto, é legítimo que um pregador eleja apenas um método para o seu ministério, mas isso pode tornar seu trabalho um tanto previsível e monótono. Há outros pontos de análise. Pense no pregador que opte apenas por pregações tópicas, este jamais servirá à sua congregação uma explicação aprofundada de qualquer porção maior dos textos sagrados - com isso em mente, se for para escolher apenas um método de pregação que seja o expositivo. Contudo, uma vez que o método não define se a pregação vai ser bíblica ou não, nada impede que o pregador possa dominar e se valer das diversas abordagens.

Ao falarmos sobre o valor do método, e portanto da técnica, é preciso tomar cuidado com outra crítica; esta, oriunda daqueles que idealizam uma pregação ‘pura’, sem técnica e improvisada. É uma objeção comum entre gente iletrada, e certos círculos religiosos. Algumas tradições pentecostais são totalmente contra a preparação do sermão. Em uma delas, o pregador é obrigado a ficar em um "quartinho" separado, na companhia de outras pessoas, até que a palava lhe seja "revelada". Onde a Bíblia ensina tal coisa? Em lugar algum. Mas se alguém apontar o óbvio, a 'explicação' será que "a letra mata", e desculpas do tipo. Infelizmente, hoje encontramos pensamentos parecidos inclusive em livros com pretensões intelectuais e de grande alcance popular. Parece não faltar quem pretenda denunciar o sermão como um tipo de vaca sagrada “concebida no ventre da filosofia grega” (Viola e Barna)4.

O grande problema com essa classe de crítica mencionada acima – que já de início peca por seu anti-intelectualismo mal disfarçado - é o fato de que o Novo Testamento, apesar de inspirado por Deus, foi redigido de acordo com regras literárias e retóricas bem estabelecidas no mundo antigo - veja nota5. É o suficiente para jogar objeções do tipo por terra. Deus inspirou os autores bíblicos, e respeitou suas habilidades e limitações técnicas (linguísticas, retóricas, gramaticais, literárias, etc). Não seria ir contra a doutrina da inspiração bíblica negar que, hoje, um pregador possa valer-se de métodos que tornem sua pregação mais eficaz do ponto de vista da comunicação humana?

3. Não faça da pregação uma aula.

Por mais que a pregação ensine, ela não deve ser confundida com uma palestra. Há pregadores que expõe o texto bíblico com maestria, e no entanto, suas pregações são de pouco brilho e não levam as pessoas à ação. Podem se desculpar dizendo que seu objetivo é transmitir a verdade, independente das pessoas responderem ou não. Há muito de verdade nessa desculpa, no entanto, quando se fala em pregação, a ideia de um discurso que motiva à uma tomada de decisão é inerente. Sem isso, não há sermão, e sim palestra. Há, basicamente, duas formas de se evitar que o sermão seja dito como uma palestra.

A ênfase na aplicação prática da mensagem.

Idealmente, o pregador deve pensar na aplicação prática de sua mensagem já na escolha e apresentação do título do sermão. Um sermão intitulado “A Morte de Golias” tem cara de palestra, mas um sermão chamado “Cinco Lições Sobre a Morte de Golias”, tem cara de sermão. Afinal, o objetivo do sermão não é simplesmente ensinar os fatos a respeito da morte de Golias, mas apresentar o que aqueles fatos tem para ensinar hoje. Do título à conclusão, a ênfase na aplicação das verdades bíblicas na vida do ouvinte deve estar presente.



James Braga (1986), dedica um capítulo inteiro de seu manual de homilética para o tema da aplicação do sermão. “A aplicação”, afirma o autor, “é um dos elementos mais importantes do sermão. Mediante esse processo, apresentamos ao ouvinte as reivindicações da Palavra de Deus, a fim de obter sua reação favorável à mensagem. Quando adequadamente empregada, a aplicação mostra a pertinência dos ensinos da Bíblia à vida diária da pessoa, tornando aplicáveis a ela as mensagens da revelação cristã” (pg. 185). Mesmo um método como o narrativo, que permite prender a atenção dos ouvintes ao se contar belas e empolgantes históricas bíblicas, precisa da aplicação. É por meio da aplicação que o ouvinte é intimado a avalisar sua conduta atual a luz dos princípios extraídos da Palavra de Deus. Contar a história de Davi e Golias pode ser qualquer coisa, contar essa mesma história e demonstrar o que ela tem para ensinar hoje é pregação.

A paixão ao transmitir a mensagem.

Além da aplicação, o pregador precisa de outro elemento de vivacidade ao comunicar verdades da Palavra de Deus: fogo! Ou, se considerar essa palavra demasiadamente carismática, usemos essa: paixão! Nada é mais desinteressante que um pregador chato, cansado e sem vida no Púlpito. Koller identifica na dramatização de narrativas bíblicas uma forma de despertar o interesse da audiência.

Dramatize incidentes da Escritura, especialmente os obscuros ou pouco conhecidos. Pode-se fazer isso sem tornar-se teatral ou sensacional, ou satisfazendo o gosto popular da multidão. Sobre Jesus está registrado que “a grande multidão o ouvia com prazer” (Mc 12:37). As pessoas simplesmente ficavam fascinadas tanto pelo que Ele dizia como pela maneira vívida e pictórica como o dizia. “Sem parábolas nada lhes dizia” (Mt 13:34). Os ouvintes gostam do pitoresco (Koller, pg. 100).

Cabe citar aqui o grande valor do uso de boas ilustrações, que nas palavras de Braga (1986), servem como janelas que permitem enxergar a verdade que está sendo transmitida. Ao ilustrar uma verdade, narrar um acontecimento bíblico, ou aplicar os princípios teológicos expostos, vale a regra de ouro de falar com autoridade, confiança e vivacidade. Para isso é preciso fogo, paixão. O pregador é a pessoa sobre quem a comunidade colocou a responsabilidade de entrar nos tesouros da Palavra de Deus. Ao retornar do tesouro ele deve portar pedras de precioso valor, devendo entregá-las com amor e alegria para o deleite e enriquecimento do povo de Deus.

Zibordi (2007), diz que em I Tessalonicenses 1:5 é possível identificar os três elementos retóricos necessários ao sermão6: o logos, que é a palavra-conteúdo da mensagem; pathos, o fervor e a paixão daquele que comunica a mensagem, e ethos, uma referência ao caráter do próprio pregador, sua dignidade como pessoa e como mensageiro de Deus. Neste artigo buscamos, resumidamente, comentar alguns princípios que talvez sejam mais urgentes para o momento atual, considerando que estamos presenciando uma era marcada por polarizações. Se por um lado temos pregações empolgadas, mas sem conteúdo bíblico e teológico relevante, do outro encontramos pregações com muito conteúdo, mas com pouca preocupação em fomentar a práxis cristã. Ora valorizamos o método, ora valorizamos o encanto retórico, especialmente quando causa comoções. A virtude do pregador deve estar no meio, valorizando a técnica, o conteúdo e o poder da mensagem que foi incumbido de transmitir.

* Marcelo Lemos, presbítero na Free Church of England, editor do Olhar Anglicano, e da Revista Báculo
______________

Notas Bibliográficas

1 O método é um dos enfoques da homilética, especialmente na homilética formal.

2 Há em Português obras excelentes sobre as técnicas da exposição. KOLLER, Charles W.: Pregação Expositiva sem Anotações. Como pregar sermões dinâmicos. Mundo Cristão, São Paulo, 1984. BRAGA. James: Como Preparar Mensagens Bíblicas, Ed. Vida, 1986. SOUZA. Itamir Neves de: Atos, Uma História Singular: 77 esboços expositivos. Descoberta, Curitiba, 19999. LOPES. Hernandes Dias: A Importância da Pregação Expositiva Para o Crescimento da Igreja. Candeia, São Paulo, 2004. Em Espanhol outras obras se destacam. OLFORD. Stephen F.: Guía de Predicación Expositiva. Broadman & Holman Publishers, Tennesse, 1998. RICHARD. Ramesh: La Predicación Expositiva: sete passos para la Predicación Bíblica. Faculdade Internacional de Educación Teológica, Buenos Aires, 2002.

3 DENVER. Mark: Nove Marcas de Uma Igreja Saudável. Editora Fiel, São Paulo, 2009.

4 VIOLA. Frank; BERNA. George: Cristianismo Pagão, Abba Press.

5 Ironicamente, esse fato já foi publicado no blog do próprio Viola, numa entrevista com o erudito do Novo Testamento, Witherington Bem III, que publicou obras como New Testamente Rhetoric: Na Introductory Guide to the Art of Persuasion in and of The New Testament (Cascade, 2009).

6 ZIBORDI. Ciro Sanches: Mais Erros que os Pregadores Devem Evitar. CPAD, Rio de Janeiro, 2007.

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