A‘Igreja Anglicana’ é algo quase completamente estranho para o povo
brasileiro, e poderíamos citar dezenas de exemplos comprobatórios. Recentemente, ao participar de um processo seletivo na empresa onde trabalho, ouvi da psicologa: "Igreja Anglicana? Mas o que seria isso?" Perfeitamente compreensível.
Abaixo,
algo que me aconteceu no Metrô da Sê, em São Paulo. Esse texto foi publicado por mim em outros sites a algum tempo, mas vale a pena a reedição neste novo projeto. Espero que gostem. Trata-se de um diálogo um tanto estranho, mas leve em consideração que meu interlocutor estava bêbado...
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“Eu sei que você é casado, mesmo que não me tenha dito nada. Você tem
curiosidade de saber como isso é possível?”.
Não apenas não queria saber, como estava bem pouco interessado em
abandonar meu jogo de xadrez – no celular – por causa da intromissão do
estranho. Mesmo assim respondi, já imaginando o rumo que ele desejava dar a
conversa.
"Eu sei como você
sabe que eu sou casado, afinal é para isso que eu
uso aliança!”.
“Meu jovem, você tem a mente muito fechada, mas, deixa estar, um dia
desses Ogum aparece para você, e tudo muda. Sim, meu filho, eu sou de Ogum…
Toda sexta eu sacrifico para Ogum… animais, sabe?… É por isso que eu
sei que agora tua esposa está em casa, esperando por você…”
“Errado”, interrompi impaciente – “Minha esposa não
está em casa; estou aqui justamente esperando por ela, a fim de irmos os dois
para casa! Se você duvida espere mais alguns minutos e verá…”.
Devo ter feito
uma cara zombeteira, ou qualquer outra coisa assim, pois o rapaz respondeu algo como:
“Filho, eu não
gosto de você, e se você soubesse do que sou capaz, dos poderes de Ogum,,,”.
“Não tenho medo de Ogum!”.
“Você tem cara de Evangélico”.
“Honestamente, preferia ter cara de cristão”.
“Você é de alguma Igreja?”.
“Eu sou anglicano”.
“Que porcaria é essa...?”.
“Hum… O termo anglicano tem a ver com Igreja da Inglaterra”.
“Realmente eu não gosto de você. Além de ser chato, ainda vem com essa Igreja onde só entra rico”.
“Eu não sou rico”.
“O que você faz numa igreja de rico, então?”
“Foi você quem disse que somos uma igreja de ricos, não eu!”
“Hã… Que você pregam?”
“Que Cristo veio ao mundo salvar os pecadores”
“Crente se acha melhor que os outros!”
“Eu não, é por isso que sou cristão: sei que sou pecador, e que apenas
em Cristo encontro salvação para minha alma”.
“Não gosto de vocês; ficam dizendo para eu parar de tomar minha
cerveja, e largar meu cigarro, como se isso fosse me
fazer uma pessoa melhor”.
“Eu não disse nada disso. E não é verdade que qualquer dessas coisas
possa te fazer uma pessoa melhor. Não podemos fazer nada para nos tornarmos
melhores aos olhos de Deus; por isso precisamos de Jesus”.
“Muita gente disse...”.
“Eu não disse”.
“Mas a maioria diz!”.
“E que culpa eu tenho?A maioria dos bêbados é gente
chata; eu poderia te julgar pela maioria, mas até que nossa conversa tá legal, não é verdade? Mesmo assim, você está me julgando pelos outros crentes que você conheceu por
ai...”
“Fiquei bêbado com meu dinheiro, que você tem com isso?”
“Não estou reclamando”.
“Cara, eu gostei de você, gostei mesmo, mas não gosto muito... Sabe, se um dia eu tiver um amigo evangélico que me aceite como eu sou, que não
fique se fazendo de melhor que eu, viro crente na hora!”
“Serve eu?”
“Ah, mas você não é meu
amigo. TCHAU!”
Bem, quem sabe esse novo projeto possa dar sua pequena contribuição para a causa anglicana em terras de Padre Anchieta. Pois se Igreja Anglicana é algo estranho aos
ouvidos do povo brasileiro, a mensagem simples, graciosa e doce do Evangelho
também é.
E essa oração deve ecoar no coração não apenas de nós, os anglicanos,
mas de todos os cristãos brasileiros. As vezes, quando preciso aguardar minha
esposa aos pés da Catedral da Sé, olho para a multidão de rostos a minha volta a procura daquele quase amigo que fiz, e me lembro que a
maioria dos rostos que vejo poderia ser ele...
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