Rev. Marcelo Lemos
Há cerca de um ano comecei a utilizar um IPad, da Apple, que foi o primeiro produto da marca que tive - e ainda é. Bem antes disso, porém, eu já era, como a maioria dos consumidores, um apaixonado por tudo o que essa empresa representa. Qual a razão? Recentemente o mundo assistiu ao lançamento de mais uma novidade: o 5S, que já está se tornando um grande campeão de vendas. Praticamente todos os dias sites e outros meios de comunicação comentam algum novo dado, ou curiosidade a respeito do novo produto. Como explicar tanto interesse?
Certamente tem a ver com marketing. Mas eu diria que vai um pouco além disso: tem a ver com paixão. Uma paixão que nasceu do gênio inventivo, e da liderança carismática e visionária de Steve Jobs. Ao assistir o lançamento do 5S fiquei com a impressão de que o legado de Jobs, por hora, continua dando as cartas na Apple. Jobs construiu esse legado não nos vendendo celulares bonitos, mas vendendo uma nova paixão por uma tecnologia que, até então, parecia saturada.
Então me pego pensando se tudo isso não pode ensinar a nós, evangelizadores, algumas lições valiosas. Se um empreendedor pode falar com tanta paixão sobre um punhado de plástico recobrindo alguns circuitos eletrônicos, quanto mais poderá fazer aquele que deseja anunciar ao mundo as Boas Novas do Cristo? A Apple é o que tem sido, porque ignora tudo a sua volta; tudo que existe em sua visão de futuro é a sua própria paixão. E para nós, evangelizadores, qual será o nosso "tudo"? Seria, de fato, o Cristo?
O que temos, como Igreja, para oferecer ao mundo é algo que nem em um trilhão de gerações o 5S poderia substituir. Mas e a nossa paixão pelo que oferecemos, poderia ser comparada a paixão de Steve Jobs? Sim, mesmo de depois de morto o homem, a paixão que ele construiu continua impulsionando milhões de pessoas em todo o mundo. Tenho a impressão que algo assim nos falta como Igreja, especialmente nas alas mais conservadoras.
Cultos mecânicos, o mesmo publico de sempre, e um medo incontrolável de entrar em novos "mercados" (permitam-me o 'economiques'). Sem falar na chatice de tanta "Teologia da Prosperidade" a nossa volta, que só perde para a chatice da "Teologia da Libertação", e para a "Teologia Liberal". Sempre mais do mesmo, num enfado só...
Podemos encontrar Igrejas que somente sobrevivem porque os filhos continuam seguindo a tradição de seus pais, e outras quem não veem um "novo convertido" a mais de 5 anos! O que está faltando?
Alguém poderia observar, acertadamente, que precisamos de um Avivamento, e completar que tal poder só pode vir de Deus, como um dom. Ou seja, o Avivamento seria algo que os homens não podem produzir. Sou da mesma opinião. Toda dádiva vem de Deus, diz a Escritura. Todavia, Deus age na história através de agentes humanos, como os evangelizadores. Se por um lado é verdade que apenas Deus pode criar um Avivamento, por outro lado é verdade que se os cristãos não estão despertos, batalhando apaixonadamente pelo Evangelho, nenhum Avivamento acontecerá. Onde está nossa paixão?

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