Rev. Marcelo Lemos
Essa semana o Papa Francisco ajuda a colocar mais lenha na fogueira do Anglicanismo mundial. Mas antes da notícia em si, vamos explicar o contexto. Depois comentaremos algumas possíveis reflexões extraídas da atitude do Papa.
Você sabe o motivo de sermos anglicanos? LEIA:
Estes irmãos, bem como várias províncias ligadas a própria Comunhão Anglicana, além de outros grupos anglicanos espalhados pelo mundo, tem se feito ouvir através do GAFCON, um simpósio mundial que reúne e representa os anglicanos conservadores. seja eles evangelicais, carismáticos, calvinistas ou mesmo anglo-católicos.
A luta destes irmãos é incrivelmente árdua, não sendo nada fácil enfrentar o lobby liberal dentro das grandes denominações. E apesar de todos os ramos do cristianismo estarem sofrendo com a pressão do liberalismo, foi sobre o Anglicanismo que caiu a fama de igreja apóstata, quando, na verdade, a grande maioria de nós é de cristãos conservadores. Com a graça de Deus um movimento mundial de resistência está se formando.
É dentro deste contexto que o mundo assistiu, com muito interesse, o Bispo Foley Beach ser aceito como novo Arcebispo da ACNA. Tal interesse só tende a aumentar com a reação do Papa Francisco, que enviou votos de saudação ao novo arcebispo, enviando-lhe "orações e apoio".
O apoio do Papa adquire especial significado tendo em mente que apenas alguns dias atrás Welby, o Arcebispo da Comunhão Anglicana, afirmou que a ACNA "não é parte da Comunhão Anglicana". Segundo o Arcebispo da Argentina, o + Rev. Gregory Venables, que esteve presente na posse do + Rev. Beach, o Papa assegura ao novo Arcebispo que ele terá "minhas orações e apoio neste momento, e no futuro, ao conduzir a Igreja neste momento tão importante de reavivamento e missão". Venables foi enviado pelo Papa à cerimônia.
A mensagem enviada por Papa Francisco nos convida a levantar algumas reflexões.
a) Segundo o Papa, o Anglicanismo é "Igreja". Vale lembrar que para muitos apologistas católicos apenas a Igreja de Roma é a Igreja de Cristo, sendo os demais, no máximo, comunidades de fé. Em sua mensagem o Papa parece assumir que o Anglicanismo, especialmente sua ala majoritária, conservadora, é Igreja!
Mesmo para aqueles, dentre os protestantes, que não se importam com a opinião do Papa, temos aqui um forte argumento apologético a se considerar. Voltaremos a isso no futuro, se Deus permitir. Mas, vale apontar, desde agora, que um reconhecimento do Papa não é, para o anglicanismo em si, coisa fundamental: somos parte da Igreja, admitisse o Papa ou não!
b) Segundo o Papa, a resistência conservadora dentro do Anglicanismo é um "reavivamento" e uma "missão". Admite o Papa que não encontramos resistência contra o liberalismo apenas em Roma, como muitos tem insinuado hoje. O temos em outros lugares, e o Anglicanismo é o exemplo maior. Nos últimos anos temos recebido várias noticias de protestantes que "voltaram para Roma" alegando que ela era a última linha de defesa do cristianismo ortodoxo. Em sua saudação o próprio Papa reconhece que não! Os anglicanos também estão cavando trincheiras!
c) Qual o futuro da Comunhão Anglicana? Estando cada dia mais perdendo influencia com os seus, e aqueles que se separam obtendo reconhecimento, quem, no futuro, será, realmente, a voz do Anglicanismo mundial? Se existe ainda um futuro para aquilo que hoje conhecemos como Comunhão Anglicana, talvez seja um questionamento que todo anglicano deva se fazer.
Não é nossa intenção aqui abordar questões outras, como a sinceridade do Papa, ou suas intenções com tal apoio ao novo Arcebispo da ACNA. Nosso objetivo é dar destaque a este acontecimento verdadeiramente histórico na história do Cristianismo Ocidental, e que pode abrir novas portas, tanto para a unidade da Igreja, quanto para o trabalho apologético.
Com informações, e foto, do jornal inglês Telegraph.
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