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Teologia Vocacional

Ser um Obrero Aprovado

“Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

2 Timóteo 2:15

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VOCÊ SABIA?

Os recursos que você investe em sua formação teologia e ministerial na Academia de Liderança da NAMS é integralmente revertido para a obra missionária no Brasil e na Ásia. Atualmente temos um posto avançado de plantadores de Igrejas no Brasil e apoiamos a formação de cerca de 200 obreiros em países da Ásia em regiões de maioria muçulmana. Você é parte dessa missão!

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REVISTA BÁCULO

Com mais de 5 anos de existência, a Revista Báculo já é um marco importante da mídia evangélica no Brasil. Todos os meses, nossa revista proporciona ao leitor artigos, estudos, entrevistas e análises relevantes para a vida cristã e para o ministério. Aqui no site você tem acesso a todas as edições já publicadas.

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FORMAÇÃO MINISTERIAL

Ao estudar com a gente você apoia a obra missionária no Brasil e na Ásia e conta com um conteúdo de primeira qualidade! E você pode escolher quais módulos se encaixam melhor em sua formação teológica e ministerial. Além disso, ao completar os créditos educativos necessários você adquire o Diploma de Bacharel em Teologia chancelado pela New Anglican Missionary Society (NAMS)

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DISCERNIMENTO VOCACIONAL

Nós ajudamos você a descobrir o chamado de Deus para a sua vida. E mais do que isso, te ajudamos a discernir como o chamado de Deus para o seu Ministério pessoal se conecta com o contextual atual da Igreja no mundo. Mais do que nunca, precisamos de pessoas comprometidas com o Evangelho denuíno no Brasil e no mundo. Seja parte da mudança.

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RESIDÊNCIA MISSIONÁRIA

Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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TEOLOGIA VOCACIONAL

A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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quinta-feira

Entretendo bodes



Rev. Marcelo Lemos

PALHAÇO;...

“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, como que há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” – Mateus 5.13.

Certa feita, já há muito tempo, não recordo onde, de esquecido que sou, li a história de um interessante palhaço. Palhaço mesmo, no duro, denotativo, de cara em pó e nariz vermelho. Agora, apesar do 'RG" não me deixar negar a condição de 'mucamo' de Brasília, de palhaço pouco entendo, porém, voltando ao palhaço, este muito me agradou - melhor, me permitiu compreender algo a mais sobre a falta de relevância que dizima o testemunho da religião evangélica no nosso país.


Ao revés da admiração ou do entusiasmo, o que geralmente nos sequestra a alma no evangelicalismo tupiniquim, a vista do Dédalo sombrio por onde transita, diria eu, a la Euclides, é antes um desapontamento. 

Desapontamento este que, apesar de uno, subsiste em inúmeras hipostasis: é o desapontamento da alma genebrina, centenária, que se depara com o enaltecer do humanismo soteriológico em nosso tempo; é o desapontamento do coração wesleyano, a constante chama, violentado pelos sonhos megalomaníacos de papas e madres da Santa Sé Og Mandino. Igualmente, é sem dúvida, o desapontamento, inclusive, dos herdeiros de Azuza, impotentes a contemplarem, saudosos, seu fervor carismático sendo varrido em tsunamis sucessivas por uma moderna forma de baixo espiritismo, um sincretismo insano do qual até Constantino sentiria inveja.


Chego a sentir pena do palhaço. Triste fim o seu: metáfora que denuncia a religiosidade quase falida de nossa gente. Quase falida? Ora, tenhamos um pouco de fé! Mas, e o Palhaço, que tem a ver? Literatura ilustre, Mário Quitanda, poeta gaúcho, sentenciou: “Quando alguém pergunta a um escritor o que ele quis dizer, é porque um dos dois é burro”. No nosso caso, sendo o escritor e o interrogante o mesmo, assumimos a culpa e passamos a contar, em tempo ainda, a história do tal Palhaço e sua relação com o nosso tema.


Pessoal, era uma vez, em algum recanto da Europa, um circo pequeno – daqueles que se instalam em cidades igualmente pequenas, ruas de pedras, casas tijolinho e ar medieval. Pelos tijolinhos a história parece ter se dado na Alemanha; terra de Karl Barth, o profeta. Nesse tempo, de era uma vez, circo representava diversão garantida, não sei se pela falta de opções ou porque, provavelmente, uma cara pintada soltando fogo pelas ventas seria, naqueles dias, espetáculo tão arrebatador quando Circo de Solei é hoje. Seja como for, o que nos importa é que o circo da nossa história era muito famoso naquelas terras.


Famoso era também o Palhaço. Ele é mais famoso que o próprio circo, lhes diria algum fã exaltado. Mais famoso ele não pode ser, pois sem circo não existe palhaço, era a opinião que, em dias tão conturbados e de SS, preferindo não entrar em contendas desnecessárias, o joalheiro Benjamim guardava para si. Contudo, ninguém na cidade poderia negar que o homem era uma figura admirável.


Imaginem os senhores que o tal Palhaço era doutor em publicidade e, além disso, garoto propaganda. E dos bons. Num tempo onde o audiovisual era sonho de vernistas, o Palhaço da nossa história reinava como Rei, verdadeira celebridade do marketing de eficiência. Acontece que todos os domingos, dia sagrado da apresentação circense, o Palhaço ia ao centro da pequena cidade convidar os moradores para o espetáculo da noite. Não era mero convite, estejam certos, era um show de abertura, um espetáculo solo; a antecipação do gozo que aguardava a todos no circo.
Era uma palhaçada só.


O Palhaço, aparatado e disposto, se virava do avesso para ganhar o riso da multidão. Não que muito necessitasse para tanto, pois só o Palhaço já lhes servia de motivo para o riso solto; não obstante, senhores, profissional que era, apesar de palhaço, nosso artista dava o melhor de si. Entre as caretas, travessuras, imitações e piruetas, ele dava um jeito de encaixar um corinho infantil, no qual a multidão o acompanhava, respondendo;


Tem Marmelada? Teeeeeeeeeem! Tem Goiabada? Teeeeeeeeeem! E o Palhaço, o que é? É ladrão demuiêêêê!


Alegria tal, apesar de fugidia, que os entusiastas diziam ser capaz de incendiar até os “mis ojos tristes” de Camões. Coisa de se duvidar, mas passível da nossa compreensão. Conheçam os senhores que em tempos de pão e circo, (tempos eternos estes!), um palhaço é messias. De modo que, apesar da ofensa a lusitana letra, seremos por um segundo cúmplices deste sentimento.


Não que a Musa demore vingar seu Poeta. De fato, não demorou. Naquele domingo, no qual a tragédia lhe alcançaria, o Palhaço fez tudo como sempre fizera. Despertou junto com o sol, ainda timidamente invadindo os aposentos da noite fria, e preparou-se para mais um dia de glória. E de espetáculo.


Lá pelas tantas, já tardezinha, o Palhaço, que se preparava para ir a cidade fazer o costumeiro convite, já havia vestido o figurino. Aquele, entretanto, não seria um domingo como tantos outros. Desabou-se. O pior pesadelo de um circo os estava destruindo. Um incêndio. Foi a debandada geral. Debalde, eles e os demais artistas e empregados do circo, apavorados, engatilhavam mangueiras e equilibravam bacias cheias d’água, quando alguém teve a idéia salvadora: mandem o palhaço à cidade em busca de ajuda!


Foi uma palhaçada só na cidade!


Foi uma palhaçada só; e um desespero impotente para o palhaço. Afinal, admitamos, meus amigos – quem dará credito a um palhaço? Quanto mais grita e implora o desventurado artista, mais a platéia aplaude. E quanto mais o seu desespero aumenta, mais sua aparência é cômica, e mais gargalhadas desperta! Assombrado pela memória das chamas a consumir o trabalho de uma vida, o impotente palhaço, travestido naqueles instantes de arauto e atalaia, lembrou-se de uma advertência da mãe: “Quando um palhaço fala sério, quem a sério o tomará?”.

Com efeito, o mundo que se auto-intitula ‘evangélico’ a muito virou a diversão do mundo. Seja por promover ‘pão e circo’ com sabor religioso, e de auto-ajuda; seja por demonstrar quão patética é a pregação legalista dessa gente, principalmente quando contrastada com o testemunho de vida da grande massa que diz professar a fé cristã.

Quando eu era garoto, existiam desvantagens em ser evangélico. Na escola, por exemplo, eu tinha o apelido de “aleluia”, não apenas por ser cristão, mas também por morar numa rua que se chamava “Rua da Assembléia”, em homenagem a sua construção mais antiga. Porém, todos nos levavam a sério. Fazer negócio com meus pais, e amigos mais velhos, era quase garantia de segurança, pois confessamos ser discípulos de Cristo. E olha que nem sou tão antigo assim…

Hoje, todavia, o cenário mudou. Caso você se arrisque apresentar-se como “evangélico”, pode ser necessário acrescentar o adjetivo “honesto”; pois os dois termos têm andado muito longe um do outro – principalmente quando olhamos para os grandes escalões eclesiásticos. Pessoalmente nunca me apresento como evangélico, apesar de admitir não haver nada de errado com o termo em si; prefiro me apresentar como “cristão”, ou “reformado”, e ainda como “protestante”. Quando faço isso, sou normalmente interpelado com a seguinte questão: Que bicho é isso?

A multidão [supostamente] evangélica vai continuar crescendo, embalada por canções abomináveis como o hit‘Zaqueu’, e outras imbecilidades teológicas travestidas de ‘adoração’. O fenômeno continuará crescendo, pois o povão gosta de circo. Não há nenhum milagre, ou avivamento, no crescimento número da galera gospel. Trata-se de algo absolutamente natural – os lobos oferecem diversão, e os bodes, convencidos que são ovelhas, caem feito patinhos.

Quando tal crescimento será detido? Algum dia, provavelmente quando o número de feridos e roubados ultrapassar o número daqueles que desejam se lançar nos braços dos vendedores de ilusões. Enquanto isso não acontece, o verdadeiro cristão se sente como um… palhaço! Não importa o quanto gritamos e berramos o verdadeiro evangelho, a seriedade do pecado, e realidade do juízo vindouro; a luz de tudo que os professos cristãos andam fazendo, somos apenas… palhaços.

Que grandes palhaços somos, meus amigos! Falo a você, cristão renascido! Que grande palhaço é você! É assim que me sinto toda vez que, ao pregar o Evangelho, ouço me dizerem: “Sabia que o cara da outra repartição também vai a Igreja?”. “E que tem isso?” – eu pergunto, já imaginando a resposta… “Bem, de que adianta ir na Igreja se o camarada…”.

Ou então: “Marcelo, ontem eu senti tanto a presença de Deus quando todo o estádio cantava Zaquel… Senti o Espírito Santo se movendo em mim, sabe?”. “Que bom… você tem ido a Igreja?” – não sei porque ainda pergunto! “Hum… não… aos domingos eu o Carlinhos fazemos um programinha mais intimista. Mas, ó, se na sua Igreja for ter alguma coisa especial não esquece de convidar a gente, tá?”.

Em momentos assim, não consigo evitar a advertência de Spurgeon: às vezes, pensamos estar alimentando ovelhas, quando na verdade, estamos apenas divertindo os bodes. Que Deus tenha piedade da Igreja brasileira.

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A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, como que há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” – Mateus 5.13.

Certa feita, já há muito tempo, não recordo onde, de esquecido que sou, li a história de um interessante palhaço. Palhaço mesmo, no duro, denotativo, de cara em pó e nariz vermelho. Agora, apesar do 'RG" não me deixar negar a condição de 'mucamo' de Brasília, de palhaço pouco entendo, porém, voltando ao palhaço, este muito me agradou - melhor, me permitiu compreender algo a mais sobre a falta de relevância que dizima o testemunho da religião evangélica no nosso país.


Ao revés da admiração ou do entusiasmo, o que geralmente nos sequestra a alma no evangelicalismo tupiniquim, a vista do Dédalo sombrio por onde transita, diria eu, a la Euclides, é antes um desapontamento. 

Desapontamento este que, apesar de uno, subsiste em inúmeras hipostasis: é o desapontamento da alma genebrina, centenária, que se depara com o enaltecer do humanismo soteriológico em nosso tempo; é o desapontamento do coração wesleyano, a constante chama, violentado pelos sonhos megalomaníacos de papas e madres da Santa Sé Og Mandino. Igualmente, é sem dúvida, o desapontamento, inclusive, dos herdeiros de Azuza, impotentes a contemplarem, saudosos, seu fervor carismático sendo varrido em tsunamis sucessivas por uma moderna forma de baixo espiritismo, um sincretismo insano do qual até Constantino sentiria inveja.


Chego a sentir pena do palhaço. Triste fim o seu: metáfora que denuncia a religiosidade quase falida de nossa gente. Quase falida? Ora, tenhamos um pouco de fé! Mas, e o Palhaço, que tem a ver? Literatura ilustre, Mário Quitanda, poeta gaúcho, sentenciou: “Quando alguém pergunta a um escritor o que ele quis dizer, é porque um dos dois é burro”. No nosso caso, sendo o escritor e o interrogante o mesmo, assumimos a culpa e passamos a contar, em tempo ainda, a história do tal Palhaço e sua relação com o nosso tema.


Pessoal, era uma vez, em algum recanto da Europa, um circo pequeno – daqueles que se instalam em cidades igualmente pequenas, ruas de pedras, casas tijolinho e ar medieval. Pelos tijolinhos a história parece ter se dado na Alemanha; terra de Karl Barth, o profeta. Nesse tempo, de era uma vez, circo representava diversão garantida, não sei se pela falta de opções ou porque, provavelmente, uma cara pintada soltando fogo pelas ventas seria, naqueles dias, espetáculo tão arrebatador quando Circo de Solei é hoje. Seja como for, o que nos importa é que o circo da nossa história era muito famoso naquelas terras.


Famoso era também o Palhaço. Ele é mais famoso que o próprio circo, lhes diria algum fã exaltado. Mais famoso ele não pode ser, pois sem circo não existe palhaço, era a opinião que, em dias tão conturbados e de SS, preferindo não entrar em contendas desnecessárias, o joalheiro Benjamim guardava para si. Contudo, ninguém na cidade poderia negar que o homem era uma figura admirável.


Imaginem os senhores que o tal Palhaço era doutor em publicidade e, além disso, garoto propaganda. E dos bons. Num tempo onde o audiovisual era sonho de vernistas, o Palhaço da nossa história reinava como Rei, verdadeira celebridade do marketing de eficiência. Acontece que todos os domingos, dia sagrado da apresentação circense, o Palhaço ia ao centro da pequena cidade convidar os moradores para o espetáculo da noite. Não era mero convite, estejam certos, era um show de abertura, um espetáculo solo; a antecipação do gozo que aguardava a todos no circo.
Era uma palhaçada só.


O Palhaço, aparatado e disposto, se virava do avesso para ganhar o riso da multidão. Não que muito necessitasse para tanto, pois só o Palhaço já lhes servia de motivo para o riso solto; não obstante, senhores, profissional que era, apesar de palhaço, nosso artista dava o melhor de si. Entre as caretas, travessuras, imitações e piruetas, ele dava um jeito de encaixar um corinho infantil, no qual a multidão o acompanhava, respondendo;


Tem Marmelada? Teeeeeeeeeem! Tem Goiabada? Teeeeeeeeeem! E o Palhaço, o que é? É ladrão demuiêêêê!


Alegria tal, apesar de fugidia, que os entusiastas diziam ser capaz de incendiar até os “mis ojos tristes” de Camões. Coisa de se duvidar, mas passível da nossa compreensão. Conheçam os senhores que em tempos de pão e circo, (tempos eternos estes!), um palhaço é messias. De modo que, apesar da ofensa a lusitana letra, seremos por um segundo cúmplices deste sentimento.


Não que a Musa demore vingar seu Poeta. De fato, não demorou. Naquele domingo, no qual a tragédia lhe alcançaria, o Palhaço fez tudo como sempre fizera. Despertou junto com o sol, ainda timidamente invadindo os aposentos da noite fria, e preparou-se para mais um dia de glória. E de espetáculo.


Lá pelas tantas, já tardezinha, o Palhaço, que se preparava para ir a cidade fazer o costumeiro convite, já havia vestido o figurino. Aquele, entretanto, não seria um domingo como tantos outros. Desabou-se. O pior pesadelo de um circo os estava destruindo. Um incêndio. Foi a debandada geral. Debalde, eles e os demais artistas e empregados do circo, apavorados, engatilhavam mangueiras e equilibravam bacias cheias d’água, quando alguém teve a idéia salvadora: mandem o palhaço à cidade em busca de ajuda!


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Foi uma palhaçada só; e um desespero impotente para o palhaço. Afinal, admitamos, meus amigos – quem dará credito a um palhaço? Quanto mais grita e implora o desventurado artista, mais a platéia aplaude. E quanto mais o seu desespero aumenta, mais sua aparência é cômica, e mais gargalhadas desperta! Assombrado pela memória das chamas a consumir o trabalho de uma vida, o impotente palhaço, travestido naqueles instantes de arauto e atalaia, lembrou-se de uma advertência da mãe: “Quando um palhaço fala sério, quem a sério o tomará?”.

Com efeito, o mundo que se auto-intitula ‘evangélico’ a muito virou a diversão do mundo. Seja por promover ‘pão e circo’ com sabor religioso, e de auto-ajuda; seja por demonstrar quão patética é a pregação legalista dessa gente, principalmente quando contrastada com o testemunho de vida da grande massa que diz professar a fé cristã.

Quando eu era garoto, existiam desvantagens em ser evangélico. Na escola, por exemplo, eu tinha o apelido de “aleluia”, não apenas por ser cristão, mas também por morar numa rua que se chamava “Rua da Assembléia”, em homenagem a sua construção mais antiga. Porém, todos nos levavam a sério. Fazer negócio com meus pais, e amigos mais velhos, era quase garantia de segurança, pois confessamos ser discípulos de Cristo. E olha que nem sou tão antigo assim…

Hoje, todavia, o cenário mudou. Caso você se arrisque apresentar-se como “evangélico”, pode ser necessário acrescentar o adjetivo “honesto”; pois os dois termos têm andado muito longe um do outro – principalmente quando olhamos para os grandes escalões eclesiásticos. Pessoalmente nunca me apresento como evangélico, apesar de admitir não haver nada de errado com o termo em si; prefiro me apresentar como “cristão”, ou “reformado”, e ainda como “protestante”. Quando faço isso, sou normalmente interpelado com a seguinte questão: Que bicho é isso?

A multidão [supostamente] evangélica vai continuar crescendo, embalada por canções abomináveis como o hit‘Zaqueu’, e outras imbecilidades teológicas travestidas de ‘adoração’. O fenômeno continuará crescendo, pois o povão gosta de circo. Não há nenhum milagre, ou avivamento, no crescimento número da galera gospel. Trata-se de algo absolutamente natural – os lobos oferecem diversão, e os bodes, convencidos que são ovelhas, caem feito patinhos.

Quando tal crescimento será detido? Algum dia, provavelmente quando o número de feridos e roubados ultrapassar o número daqueles que desejam se lançar nos braços dos vendedores de ilusões. Enquanto isso não acontece, o verdadeiro cristão se sente como um… palhaço! Não importa o quanto gritamos e berramos o verdadeiro evangelho, a seriedade do pecado, e realidade do juízo vindouro; a luz de tudo que os professos cristãos andam fazendo, somos apenas… palhaços.

Que grandes palhaços somos, meus amigos! Falo a você, cristão renascido! Que grande palhaço é você! É assim que me sinto toda vez que, ao pregar o Evangelho, ouço me dizerem: “Sabia que o cara da outra repartição também vai a Igreja?”. “E que tem isso?” – eu pergunto, já imaginando a resposta… “Bem, de que adianta ir na Igreja se o camarada…”.

Ou então: “Marcelo, ontem eu senti tanto a presença de Deus quando todo o estádio cantava Zaquel… Senti o Espírito Santo se movendo em mim, sabe?”. “Que bom… você tem ido a Igreja?” – não sei porque ainda pergunto! “Hum… não… aos domingos eu o Carlinhos fazemos um programinha mais intimista. Mas, ó, se na sua Igreja for ter alguma coisa especial não esquece de convidar a gente, tá?”.

Em momentos assim, não consigo evitar a advertência de Spurgeon: às vezes, pensamos estar alimentando ovelhas, quando na verdade, estamos apenas divertindo os bodes. Que Deus tenha piedade da Igreja brasileira.

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“Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, como que há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens” – Mateus 5.13.

Certa feita, já há muito tempo, não recordo onde, de esquecido que sou, li a história de um interessante palhaço. Palhaço mesmo, no duro, denotativo, de cara em pó e nariz vermelho. Agora, apesar do 'RG" não me deixar negar a condição de 'mucamo' de Brasília, de palhaço pouco entendo, porém, voltando ao palhaço, este muito me agradou - melhor, me permitiu compreender algo a mais sobre a falta de relevância que dizima o testemunho da religião evangélica no nosso país.


Ao revés da admiração ou do entusiasmo, o que geralmente nos sequestra a alma no evangelicalismo tupiniquim, a vista do Dédalo sombrio por onde transita, diria eu, a la Euclides, é antes um desapontamento. 

Desapontamento este que, apesar de uno, subsiste em inúmeras hipostasis: é o desapontamento da alma genebrina, centenária, que se depara com o enaltecer do humanismo soteriológico em nosso tempo; é o desapontamento do coração wesleyano, a constante chama, violentado pelos sonhos megalomaníacos de papas e madres da Santa Sé Og Mandino. Igualmente, é sem dúvida, o desapontamento, inclusive, dos herdeiros de Azuza, impotentes a contemplarem, saudosos, seu fervor carismático sendo varrido em tsunamis sucessivas por uma moderna forma de baixo espiritismo, um sincretismo insano do qual até Constantino sentiria inveja.


Chego a sentir pena do palhaço. Triste fim o seu: metáfora que denuncia a religiosidade quase falida de nossa gente. Quase falida? Ora, tenhamos um pouco de fé! Mas, e o Palhaço, que tem a ver? Literatura ilustre, Mário Quitanda, poeta gaúcho, sentenciou: “Quando alguém pergunta a um escritor o que ele quis dizer, é porque um dos dois é burro”. No nosso caso, sendo o escritor e o interrogante o mesmo, assumimos a culpa e passamos a contar, em tempo ainda, a história do tal Palhaço e sua relação com o nosso tema.


Pessoal, era uma vez, em algum recanto da Europa, um circo pequeno – daqueles que se instalam em cidades igualmente pequenas, ruas de pedras, casas tijolinho e ar medieval. Pelos tijolinhos a história parece ter se dado na Alemanha; terra de Karl Barth, o profeta. Nesse tempo, de era uma vez, circo representava diversão garantida, não sei se pela falta de opções ou porque, provavelmente, uma cara pintada soltando fogo pelas ventas seria, naqueles dias, espetáculo tão arrebatador quando Circo de Solei é hoje. Seja como for, o que nos importa é que o circo da nossa história era muito famoso naquelas terras.


Famoso era também o Palhaço. Ele é mais famoso que o próprio circo, lhes diria algum fã exaltado. Mais famoso ele não pode ser, pois sem circo não existe palhaço, era a opinião que, em dias tão conturbados e de SS, preferindo não entrar em contendas desnecessárias, o joalheiro Benjamim guardava para si. Contudo, ninguém na cidade poderia negar que o homem era uma figura admirável.


Imaginem os senhores que o tal Palhaço era doutor em publicidade e, além disso, garoto propaganda. E dos bons. Num tempo onde o audiovisual era sonho de vernistas, o Palhaço da nossa história reinava como Rei, verdadeira celebridade do marketing de eficiência. Acontece que todos os domingos, dia sagrado da apresentação circense, o Palhaço ia ao centro da pequena cidade convidar os moradores para o espetáculo da noite. Não era mero convite, estejam certos, era um show de abertura, um espetáculo solo; a antecipação do gozo que aguardava a todos no circo.
Era uma palhaçada só.


O Palhaço, aparatado e disposto, se virava do avesso para ganhar o riso da multidão. Não que muito necessitasse para tanto, pois só o Palhaço já lhes servia de motivo para o riso solto; não obstante, senhores, profissional que era, apesar de palhaço, nosso artista dava o melhor de si. Entre as caretas, travessuras, imitações e piruetas, ele dava um jeito de encaixar um corinho infantil, no qual a multidão o acompanhava, respondendo;


Tem Marmelada? Teeeeeeeeeem! Tem Goiabada? Teeeeeeeeeem! E o Palhaço, o que é? É ladrão demuiêêêê!


Alegria tal, apesar de fugidia, que os entusiastas diziam ser capaz de incendiar até os “mis ojos tristes” de Camões. Coisa de se duvidar, mas passível da nossa compreensão. Conheçam os senhores que em tempos de pão e circo, (tempos eternos estes!), um palhaço é messias. De modo que, apesar da ofensa a lusitana letra, seremos por um segundo cúmplices deste sentimento.


Não que a Musa demore vingar seu Poeta. De fato, não demorou. Naquele domingo, no qual a tragédia lhe alcançaria, o Palhaço fez tudo como sempre fizera. Despertou junto com o sol, ainda timidamente invadindo os aposentos da noite fria, e preparou-se para mais um dia de glória. E de espetáculo.


Lá pelas tantas, já tardezinha, o Palhaço, que se preparava para ir a cidade fazer o costumeiro convite, já havia vestido o figurino. Aquele, entretanto, não seria um domingo como tantos outros. Desabou-se. O pior pesadelo de um circo os estava destruindo. Um incêndio. Foi a debandada geral. Debalde, eles e os demais artistas e empregados do circo, apavorados, engatilhavam mangueiras e equilibravam bacias cheias d’água, quando alguém teve a idéia salvadora: mandem o palhaço à cidade em busca de ajuda!


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Foi uma palhaçada só; e um desespero impotente para o palhaço. Afinal, admitamos, meus amigos – quem dará credito a um palhaço? Quanto mais grita e implora o desventurado artista, mais a platéia aplaude. E quanto mais o seu desespero aumenta, mais sua aparência é cômica, e mais gargalhadas desperta! Assombrado pela memória das chamas a consumir o trabalho de uma vida, o impotente palhaço, travestido naqueles instantes de arauto e atalaia, lembrou-se de uma advertência da mãe: “Quando um palhaço fala sério, quem a sério o tomará?”.

Com efeito, o mundo que se auto-intitula ‘evangélico’ a muito virou a diversão do mundo. Seja por promover ‘pão e circo’ com sabor religioso, e de auto-ajuda; seja por demonstrar quão patética é a pregação legalista dessa gente, principalmente quando contrastada com o testemunho de vida da grande massa que diz professar a fé cristã.

Quando eu era garoto, existiam desvantagens em ser evangélico. Na escola, por exemplo, eu tinha o apelido de “aleluia”, não apenas por ser cristão, mas também por morar numa rua que se chamava “Rua da Assembléia”, em homenagem a sua construção mais antiga. Porém, todos nos levavam a sério. Fazer negócio com meus pais, e amigos mais velhos, era quase garantia de segurança, pois confessamos ser discípulos de Cristo. E olha que nem sou tão antigo assim…

Hoje, todavia, o cenário mudou. Caso você se arrisque apresentar-se como “evangélico”, pode ser necessário acrescentar o adjetivo “honesto”; pois os dois termos têm andado muito longe um do outro – principalmente quando olhamos para os grandes escalões eclesiásticos. Pessoalmente nunca me apresento como evangélico, apesar de admitir não haver nada de errado com o termo em si; prefiro me apresentar como “cristão”, ou “reformado”, e ainda como “protestante”. Quando faço isso, sou normalmente interpelado com a seguinte questão: Que bicho é isso?

A multidão [supostamente] evangélica vai continuar crescendo, embalada por canções abomináveis como o hit‘Zaqueu’, e outras imbecilidades teológicas travestidas de ‘adoração’. O fenômeno continuará crescendo, pois o povão gosta de circo. Não há nenhum milagre, ou avivamento, no crescimento número da galera gospel. Trata-se de algo absolutamente natural – os lobos oferecem diversão, e os bodes, convencidos que são ovelhas, caem feito patinhos.

Quando tal crescimento será detido? Algum dia, provavelmente quando o número de feridos e roubados ultrapassar o número daqueles que desejam se lançar nos braços dos vendedores de ilusões. Enquanto isso não acontece, o verdadeiro cristão se sente como um… palhaço! Não importa o quanto gritamos e berramos o verdadeiro evangelho, a seriedade do pecado, e realidade do juízo vindouro; a luz de tudo que os professos cristãos andam fazendo, somos apenas… palhaços.

Que grandes palhaços somos, meus amigos! Falo a você, cristão renascido! Que grande palhaço é você! É assim que me sinto toda vez que, ao pregar o Evangelho, ouço me dizerem: “Sabia que o cara da outra repartição também vai a Igreja?”. “E que tem isso?” – eu pergunto, já imaginando a resposta… “Bem, de que adianta ir na Igreja se o camarada…”.

Ou então: “Marcelo, ontem eu senti tanto a presença de Deus quando todo o estádio cantava Zaquel… Senti o Espírito Santo se movendo em mim, sabe?”. “Que bom… você tem ido a Igreja?” – não sei porque ainda pergunto! “Hum… não… aos domingos eu o Carlinhos fazemos um programinha mais intimista. Mas, ó, se na sua Igreja for ter alguma coisa especial não esquece de convidar a gente, tá?”.

Em momentos assim, não consigo evitar a advertência de Spurgeon: às vezes, pensamos estar alimentando ovelhas, quando na verdade, estamos apenas divertindo os bodes. Que Deus tenha piedade da Igreja brasileira.

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