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Formação Ministerial
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Discernimento Vocacional
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Residência Missionária
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Teologia Vocacional

Ser um Obrero Aprovado

“Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

2 Timóteo 2:15

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VOCÊ SABIA?

Os recursos que você investe em sua formação teologia e ministerial na Academia de Liderança da NAMS é integralmente revertido para a obra missionária no Brasil e na Ásia. Atualmente temos um posto avançado de plantadores de Igrejas no Brasil e apoiamos a formação de cerca de 200 obreiros em países da Ásia em regiões de maioria muçulmana. Você é parte dessa missão!

Saiba mais
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REVISTA BÁCULO

Com mais de 5 anos de existência, a Revista Báculo já é um marco importante da mídia evangélica no Brasil. Todos os meses, nossa revista proporciona ao leitor artigos, estudos, entrevistas e análises relevantes para a vida cristã e para o ministério. Aqui no site você tem acesso a todas as edições já publicadas.

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FORMAÇÃO MINISTERIAL

Ao estudar com a gente você apoia a obra missionária no Brasil e na Ásia e conta com um conteúdo de primeira qualidade! E você pode escolher quais módulos se encaixam melhor em sua formação teológica e ministerial. Além disso, ao completar os créditos educativos necessários você adquire o Diploma de Bacharel em Teologia chancelado pela New Anglican Missionary Society (NAMS)

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DISCERNIMENTO VOCACIONAL

Nós ajudamos você a descobrir o chamado de Deus para a sua vida. E mais do que isso, te ajudamos a discernir como o chamado de Deus para o seu Ministério pessoal se conecta com o contextual atual da Igreja no mundo. Mais do que nunca, precisamos de pessoas comprometidas com o Evangelho denuíno no Brasil e no mundo. Seja parte da mudança.

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RESIDÊNCIA MISSIONÁRIA

Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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TEOLOGIA VOCACIONAL

A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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sexta-feira

Flertando com o liberalismo?


Rev. Marcelo Lemos

Recentemente tive o prazer de acompanhar, pela TV, um bom debate entre um pastor calvinista e um pastor arminiano. Foi na última Terça-Feira, 24/02/2015, no programa “Vejam Só!”, transmitido pela RIT.

Tirando o fato de que eu, como reformado, considerar os argumentos arminianos gravemente equivocados, diria que ambos tiveram uma postura saudável – exceto por um detalhe, que será o tema deste artigo. Gostei especialmente do Pastor Marcos Graconato, calvinista, e reitor da Igreja Batista Redenção, em São Paulo; pesquisando mais a seu respeito em redes sociais, e no Google, acabei encontrando uma grande quantidade de sermões e palestras suas.


Quanto ao pastor Arminiano, não fosse um gravíssimo deslize seu, nada teria a dizer aqui no blog. Claro, continuaria considerando seus argumentos sinergistas equivocados, e só. No entanto, parte de seus argumentos foi uma grande decepção, que não findou ao término do programa, antes prolongou-se nos dias seguintes, através das redes sociais. Decepção ainda maior.

Mas, do que estou falando, afinal? Num determinado momento do debate, o pastor sinergista argumenta que quando o Antigo Testamento atribuiu a Deus a realização, ou o decreto, de algumas coisas, errou. Para ficarmos com um exemplo dado por ele próprio, quando a Bíblia diz que Deus “cerrou a madre” (I Samuel 1:5) de Ana, errou. Segundo ele, quem cerrou a madre de Ana foi o Diabo, mas como o autor do Livro de Samuel não conheciam a verdade sobre esse assunto, escreveram “inadvertidamente”. Se levarmos esse argumento a sério, que diremos? Que para esse pastor a Bíblia contém erros, e que os autores humanos das Sagradas Escrituras estavam sujeitos a escreverem inverdades.

Não fosse o bastante, que surpresa foi ver vários outros irmãos arminianos irem ao Facebook para defender a tese de que a “Bíblia errou”. Alguns deles, como eu, não concordam com a oração “a Bíblia errou”, no entanto, essa tese foi defendia, com todas as letras, em alto e bom, pelo sinergista durante o debate. Mas, mesmo aqueles que nos acusam de compreender errado o “a Bíblia errou” dito pelo debatedor, saíram sem meias palavras em defesa da tese, ainda que substituindo a a frase anátema por algum tipo de eufemismo.

Sem intenção de ofender quem quer que seja, afirmar que “a Bíblia errou” não pode significar o mesmo que “a Bíblia não erra”. Por outro lado, afirmar que os autores bíblicos escreviam “inadvertidamente” é o mesmo que dizer que “a Bíblia errou” - não existe uma Bíblia escrita por anjos, a única que temos foi escrita por homens, os quais, segundo o pastor, escreviam “inadvertidamente” no Antigo Testamento. Inadvertido significa, segundo o dicionário, aquilo que é “desavisado”, “impensado”, “descuidado”, “inconsiderado”, “irrefletido”. Ora, amigos, eu posso até dizer que o grego de S. Marcos é “inadvertido”, mas a fé cristã nunca disse que Deus inspirou sua gramática. Agora, quando a sua teologia, metafísica e historicidade o caso é bem diferente!

Vale dizer, antes de prosseguirmos, que minha decepção não foi com o arminianismo em si, nem com todo arminiano que conheço. Eu discordo veementemente do arminianismo, e isso não é segredo para ninguém, de modo que o arminianismo não pode me decepcionar – já o conheço. Mas foi, porém, a primeira vez que vi um arminiano fazer um ataque as Escrituras no afã de defender sua teologia. Claro, é possível que o pastor não tenha tido a intenção de atacar as Escrituras, mas o fez. E quero continuar acreditando que meus irmãos arminianos não precisam de tal subterfúgio, e sei que muitos deles concordam comigo.

Como anglicano é sempre dolorido encontrar cristãos que possam, ainda que num lapso, fazer afirmações como “a Bíblia errou”, ou que os autores bíblicos escreviam “inadvertidamente”. Por isso julgo valioso tocar no assunto aqui.

O anglicanismo mundial tem sofrido muito pelo penetrar sorrateiro de pensamentos iguais a este em suas escolas, missões, paróquias e sínodos. E não é uma luta exclusiva dos anglicanos, já todas as denominações se deparam com o mesmo ataque, em maior ou menor grau. Felizmente, com a graça de Deus, é justamente dentro do Anglicanismo que encontramos a reação mais vigorosa contra tais ataques, pelo menos em termos de movimento global unificado (entenda-se Gafcon). Em uma conferencia celebrada em Jerusalém, Gafcon declarou: Cremos que as Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são a Palavra de Deus escrita, e contém todas as coisas necessárias para a salvação. A Bíblia é para ser traduzida, lida, pregada, ensinada e obedecida em seu sentido pleno e canônico, levando em conta a leitura histórica e consensual da Igreja”.

Qual o conceito que os Anglicanos nutrem a respeito da Bíblia? Para nós ela é a “Palavra de Deus escrita”, e isso vale tanto para o Velho quanto para o Novo Testamento. Ela não é composta por palavras escritas “inadvertidamente” pelos homens, mas sim “Palavra de Deus escrita”. Para nós, afirmar que “a Bíblia errou” tem sabor de blasfêmia, porque Deus não pode errar, e a Bíblia é Palavra de Deus “escrita”. É claro que o leitor tem a liberdade de pensar de outro modo, mas, neste caso, estará optando por algo que já não é a fé histórica da Igreja Cristã.

É fato, irmãos, que podemos afirmar que a revelação bíblica foi progressiva. Também podemos afirmar que muitas coisas que o Antigo Testamento ensinou foram transitórias. Mas isso nem de longe equivale a dizer que há erros nas Escrituras, ou que os autores escreveram “inadvertidamente”, como que condicionados pelos preconceitos, ignorâncias e tolices de suas épocas. Fosse assim, já a Bíblia não seria “a” Palavra de Deus, no máximo “conteria” a Palavra de Deus, como quer a neo-ortodoxia, cabendo ao interprete moderno a “inspirada” tarefa de dizer o que “é” e o que “não é”. Quanta presunção!

A diferença entre “ser” e “conter” pode parecer, aos olhos de alguns, mera questão semântica. Não é, como também não é mero jogo semântico afirmar que os autores bíblicos escreveram “inadvertidamente”. De fato, essa expressão é um eufemismo que esconde uma natureza idêntica a neo-ortodoxia. O grande perigo aqui é o seguinte: quando alguém introduz em sua teologia a ideia de que os autores bíblicos não escreveram com exatidão, as portas para a apostasia são abertas. Porque, se eles escreveram “inadvertidamente” sobre Deus, que segurança temos que eles não escreveram “inadvertidamente” sobre outros temas como o pecado, a Queda, a Sexualidade, ou qualquer outra coisa?

Acredita o leitor que a Igreja Anglicana se viu atolada no liberalismo de uma hora pra outra? É claro que não! Tudo começou possivelmente quando um Bispo afirmou que crer na Trindade não era essencial, e o politicamente correto não fez nada para corrigi-lo. Talvez tenha sido antes, mas a cronologia exata não importa. O fato é que, removendo-se algum pilar, as portas para a apostasia são abertas. Porque, se uma doutrina não é necessária, porque não posso questionar as demais? De modo análogo, se Samuel falou “inadvertidamente” sobre a esterilidade de Ana, porque não afirmar que ele errou também em outros assuntos?

Certamente esse tem sido um dos motivos pelos quais os anglicanos reformados não despertam o interesse de alguns candidatos aqui no Brasil. Os respeitamos e amamos em Cristo, contudo, não podemos negociar nossa fé, sob pena de perdermos nossa identidade anglicana, reformada, e acima de tudo, cristã. Uma vez que uma concessão seja feita, outras demandas surgirão, assim como se dá na jurisprudência dos tribunais. E se isso nos torna “fundamentalistas” aos olhos de alguns, paciência.

Agora, voltar a confiar inteiramente nas Escrituras – muito além de uma confiança barthiana – seja talvez a mais urgente necessidade da Igreja de nosso tempo. Não importa qual a sua tradição particular, essa é uma bandeira a ser levantada desde o pentecostal mais iletrado até o católico romano diplomado pelas escolas da Santa Sé. Porque, se as Escrituras falharem, nada mais teremos a oferecer ao mundo.


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Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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Recentemente tive o prazer de acompanhar, pela TV, um bom debate entre um pastor calvinista e um pastor arminiano. Foi na última Terça-Feira, 24/02/2015, no programa “Vejam Só!”, transmitido pela RIT.

Tirando o fato de que eu, como reformado, considerar os argumentos arminianos gravemente equivocados, diria que ambos tiveram uma postura saudável – exceto por um detalhe, que será o tema deste artigo. Gostei especialmente do Pastor Marcos Graconato, calvinista, e reitor da Igreja Batista Redenção, em São Paulo; pesquisando mais a seu respeito em redes sociais, e no Google, acabei encontrando uma grande quantidade de sermões e palestras suas.


Quanto ao pastor Arminiano, não fosse um gravíssimo deslize seu, nada teria a dizer aqui no blog. Claro, continuaria considerando seus argumentos sinergistas equivocados, e só. No entanto, parte de seus argumentos foi uma grande decepção, que não findou ao término do programa, antes prolongou-se nos dias seguintes, através das redes sociais. Decepção ainda maior.

Mas, do que estou falando, afinal? Num determinado momento do debate, o pastor sinergista argumenta que quando o Antigo Testamento atribuiu a Deus a realização, ou o decreto, de algumas coisas, errou. Para ficarmos com um exemplo dado por ele próprio, quando a Bíblia diz que Deus “cerrou a madre” (I Samuel 1:5) de Ana, errou. Segundo ele, quem cerrou a madre de Ana foi o Diabo, mas como o autor do Livro de Samuel não conheciam a verdade sobre esse assunto, escreveram “inadvertidamente”. Se levarmos esse argumento a sério, que diremos? Que para esse pastor a Bíblia contém erros, e que os autores humanos das Sagradas Escrituras estavam sujeitos a escreverem inverdades.

Não fosse o bastante, que surpresa foi ver vários outros irmãos arminianos irem ao Facebook para defender a tese de que a “Bíblia errou”. Alguns deles, como eu, não concordam com a oração “a Bíblia errou”, no entanto, essa tese foi defendia, com todas as letras, em alto e bom, pelo sinergista durante o debate. Mas, mesmo aqueles que nos acusam de compreender errado o “a Bíblia errou” dito pelo debatedor, saíram sem meias palavras em defesa da tese, ainda que substituindo a a frase anátema por algum tipo de eufemismo.

Sem intenção de ofender quem quer que seja, afirmar que “a Bíblia errou” não pode significar o mesmo que “a Bíblia não erra”. Por outro lado, afirmar que os autores bíblicos escreviam “inadvertidamente” é o mesmo que dizer que “a Bíblia errou” - não existe uma Bíblia escrita por anjos, a única que temos foi escrita por homens, os quais, segundo o pastor, escreviam “inadvertidamente” no Antigo Testamento. Inadvertido significa, segundo o dicionário, aquilo que é “desavisado”, “impensado”, “descuidado”, “inconsiderado”, “irrefletido”. Ora, amigos, eu posso até dizer que o grego de S. Marcos é “inadvertido”, mas a fé cristã nunca disse que Deus inspirou sua gramática. Agora, quando a sua teologia, metafísica e historicidade o caso é bem diferente!

Vale dizer, antes de prosseguirmos, que minha decepção não foi com o arminianismo em si, nem com todo arminiano que conheço. Eu discordo veementemente do arminianismo, e isso não é segredo para ninguém, de modo que o arminianismo não pode me decepcionar – já o conheço. Mas foi, porém, a primeira vez que vi um arminiano fazer um ataque as Escrituras no afã de defender sua teologia. Claro, é possível que o pastor não tenha tido a intenção de atacar as Escrituras, mas o fez. E quero continuar acreditando que meus irmãos arminianos não precisam de tal subterfúgio, e sei que muitos deles concordam comigo.

Como anglicano é sempre dolorido encontrar cristãos que possam, ainda que num lapso, fazer afirmações como “a Bíblia errou”, ou que os autores bíblicos escreviam “inadvertidamente”. Por isso julgo valioso tocar no assunto aqui.

O anglicanismo mundial tem sofrido muito pelo penetrar sorrateiro de pensamentos iguais a este em suas escolas, missões, paróquias e sínodos. E não é uma luta exclusiva dos anglicanos, já todas as denominações se deparam com o mesmo ataque, em maior ou menor grau. Felizmente, com a graça de Deus, é justamente dentro do Anglicanismo que encontramos a reação mais vigorosa contra tais ataques, pelo menos em termos de movimento global unificado (entenda-se Gafcon). Em uma conferencia celebrada em Jerusalém, Gafcon declarou: Cremos que as Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são a Palavra de Deus escrita, e contém todas as coisas necessárias para a salvação. A Bíblia é para ser traduzida, lida, pregada, ensinada e obedecida em seu sentido pleno e canônico, levando em conta a leitura histórica e consensual da Igreja”.

Qual o conceito que os Anglicanos nutrem a respeito da Bíblia? Para nós ela é a “Palavra de Deus escrita”, e isso vale tanto para o Velho quanto para o Novo Testamento. Ela não é composta por palavras escritas “inadvertidamente” pelos homens, mas sim “Palavra de Deus escrita”. Para nós, afirmar que “a Bíblia errou” tem sabor de blasfêmia, porque Deus não pode errar, e a Bíblia é Palavra de Deus “escrita”. É claro que o leitor tem a liberdade de pensar de outro modo, mas, neste caso, estará optando por algo que já não é a fé histórica da Igreja Cristã.

É fato, irmãos, que podemos afirmar que a revelação bíblica foi progressiva. Também podemos afirmar que muitas coisas que o Antigo Testamento ensinou foram transitórias. Mas isso nem de longe equivale a dizer que há erros nas Escrituras, ou que os autores escreveram “inadvertidamente”, como que condicionados pelos preconceitos, ignorâncias e tolices de suas épocas. Fosse assim, já a Bíblia não seria “a” Palavra de Deus, no máximo “conteria” a Palavra de Deus, como quer a neo-ortodoxia, cabendo ao interprete moderno a “inspirada” tarefa de dizer o que “é” e o que “não é”. Quanta presunção!

A diferença entre “ser” e “conter” pode parecer, aos olhos de alguns, mera questão semântica. Não é, como também não é mero jogo semântico afirmar que os autores bíblicos escreveram “inadvertidamente”. De fato, essa expressão é um eufemismo que esconde uma natureza idêntica a neo-ortodoxia. O grande perigo aqui é o seguinte: quando alguém introduz em sua teologia a ideia de que os autores bíblicos não escreveram com exatidão, as portas para a apostasia são abertas. Porque, se eles escreveram “inadvertidamente” sobre Deus, que segurança temos que eles não escreveram “inadvertidamente” sobre outros temas como o pecado, a Queda, a Sexualidade, ou qualquer outra coisa?

Acredita o leitor que a Igreja Anglicana se viu atolada no liberalismo de uma hora pra outra? É claro que não! Tudo começou possivelmente quando um Bispo afirmou que crer na Trindade não era essencial, e o politicamente correto não fez nada para corrigi-lo. Talvez tenha sido antes, mas a cronologia exata não importa. O fato é que, removendo-se algum pilar, as portas para a apostasia são abertas. Porque, se uma doutrina não é necessária, porque não posso questionar as demais? De modo análogo, se Samuel falou “inadvertidamente” sobre a esterilidade de Ana, porque não afirmar que ele errou também em outros assuntos?

Certamente esse tem sido um dos motivos pelos quais os anglicanos reformados não despertam o interesse de alguns candidatos aqui no Brasil. Os respeitamos e amamos em Cristo, contudo, não podemos negociar nossa fé, sob pena de perdermos nossa identidade anglicana, reformada, e acima de tudo, cristã. Uma vez que uma concessão seja feita, outras demandas surgirão, assim como se dá na jurisprudência dos tribunais. E se isso nos torna “fundamentalistas” aos olhos de alguns, paciência.

Agora, voltar a confiar inteiramente nas Escrituras – muito além de uma confiança barthiana – seja talvez a mais urgente necessidade da Igreja de nosso tempo. Não importa qual a sua tradição particular, essa é uma bandeira a ser levantada desde o pentecostal mais iletrado até o católico romano diplomado pelas escolas da Santa Sé. Porque, se as Escrituras falharem, nada mais teremos a oferecer ao mundo.


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Marcelo Lemos, presbítero da FCE/IARB, é o editor principal do blog e publicamos artigos de diversos autores, inclusive de outras tradições cristãs, desde que condizentes com a linha editorial e teológica que adotamos.

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Tirando o fato de que eu, como reformado, considerar os argumentos arminianos gravemente equivocados, diria que ambos tiveram uma postura saudável – exceto por um detalhe, que será o tema deste artigo. Gostei especialmente do Pastor Marcos Graconato, calvinista, e reitor da Igreja Batista Redenção, em São Paulo; pesquisando mais a seu respeito em redes sociais, e no Google, acabei encontrando uma grande quantidade de sermões e palestras suas.


Quanto ao pastor Arminiano, não fosse um gravíssimo deslize seu, nada teria a dizer aqui no blog. Claro, continuaria considerando seus argumentos sinergistas equivocados, e só. No entanto, parte de seus argumentos foi uma grande decepção, que não findou ao término do programa, antes prolongou-se nos dias seguintes, através das redes sociais. Decepção ainda maior.

Mas, do que estou falando, afinal? Num determinado momento do debate, o pastor sinergista argumenta que quando o Antigo Testamento atribuiu a Deus a realização, ou o decreto, de algumas coisas, errou. Para ficarmos com um exemplo dado por ele próprio, quando a Bíblia diz que Deus “cerrou a madre” (I Samuel 1:5) de Ana, errou. Segundo ele, quem cerrou a madre de Ana foi o Diabo, mas como o autor do Livro de Samuel não conheciam a verdade sobre esse assunto, escreveram “inadvertidamente”. Se levarmos esse argumento a sério, que diremos? Que para esse pastor a Bíblia contém erros, e que os autores humanos das Sagradas Escrituras estavam sujeitos a escreverem inverdades.

Não fosse o bastante, que surpresa foi ver vários outros irmãos arminianos irem ao Facebook para defender a tese de que a “Bíblia errou”. Alguns deles, como eu, não concordam com a oração “a Bíblia errou”, no entanto, essa tese foi defendia, com todas as letras, em alto e bom, pelo sinergista durante o debate. Mas, mesmo aqueles que nos acusam de compreender errado o “a Bíblia errou” dito pelo debatedor, saíram sem meias palavras em defesa da tese, ainda que substituindo a a frase anátema por algum tipo de eufemismo.

Sem intenção de ofender quem quer que seja, afirmar que “a Bíblia errou” não pode significar o mesmo que “a Bíblia não erra”. Por outro lado, afirmar que os autores bíblicos escreviam “inadvertidamente” é o mesmo que dizer que “a Bíblia errou” - não existe uma Bíblia escrita por anjos, a única que temos foi escrita por homens, os quais, segundo o pastor, escreviam “inadvertidamente” no Antigo Testamento. Inadvertido significa, segundo o dicionário, aquilo que é “desavisado”, “impensado”, “descuidado”, “inconsiderado”, “irrefletido”. Ora, amigos, eu posso até dizer que o grego de S. Marcos é “inadvertido”, mas a fé cristã nunca disse que Deus inspirou sua gramática. Agora, quando a sua teologia, metafísica e historicidade o caso é bem diferente!

Vale dizer, antes de prosseguirmos, que minha decepção não foi com o arminianismo em si, nem com todo arminiano que conheço. Eu discordo veementemente do arminianismo, e isso não é segredo para ninguém, de modo que o arminianismo não pode me decepcionar – já o conheço. Mas foi, porém, a primeira vez que vi um arminiano fazer um ataque as Escrituras no afã de defender sua teologia. Claro, é possível que o pastor não tenha tido a intenção de atacar as Escrituras, mas o fez. E quero continuar acreditando que meus irmãos arminianos não precisam de tal subterfúgio, e sei que muitos deles concordam comigo.

Como anglicano é sempre dolorido encontrar cristãos que possam, ainda que num lapso, fazer afirmações como “a Bíblia errou”, ou que os autores bíblicos escreviam “inadvertidamente”. Por isso julgo valioso tocar no assunto aqui.

O anglicanismo mundial tem sofrido muito pelo penetrar sorrateiro de pensamentos iguais a este em suas escolas, missões, paróquias e sínodos. E não é uma luta exclusiva dos anglicanos, já todas as denominações se deparam com o mesmo ataque, em maior ou menor grau. Felizmente, com a graça de Deus, é justamente dentro do Anglicanismo que encontramos a reação mais vigorosa contra tais ataques, pelo menos em termos de movimento global unificado (entenda-se Gafcon). Em uma conferencia celebrada em Jerusalém, Gafcon declarou: Cremos que as Sagradas Escrituras do Antigo e do Novo Testamento são a Palavra de Deus escrita, e contém todas as coisas necessárias para a salvação. A Bíblia é para ser traduzida, lida, pregada, ensinada e obedecida em seu sentido pleno e canônico, levando em conta a leitura histórica e consensual da Igreja”.

Qual o conceito que os Anglicanos nutrem a respeito da Bíblia? Para nós ela é a “Palavra de Deus escrita”, e isso vale tanto para o Velho quanto para o Novo Testamento. Ela não é composta por palavras escritas “inadvertidamente” pelos homens, mas sim “Palavra de Deus escrita”. Para nós, afirmar que “a Bíblia errou” tem sabor de blasfêmia, porque Deus não pode errar, e a Bíblia é Palavra de Deus “escrita”. É claro que o leitor tem a liberdade de pensar de outro modo, mas, neste caso, estará optando por algo que já não é a fé histórica da Igreja Cristã.

É fato, irmãos, que podemos afirmar que a revelação bíblica foi progressiva. Também podemos afirmar que muitas coisas que o Antigo Testamento ensinou foram transitórias. Mas isso nem de longe equivale a dizer que há erros nas Escrituras, ou que os autores escreveram “inadvertidamente”, como que condicionados pelos preconceitos, ignorâncias e tolices de suas épocas. Fosse assim, já a Bíblia não seria “a” Palavra de Deus, no máximo “conteria” a Palavra de Deus, como quer a neo-ortodoxia, cabendo ao interprete moderno a “inspirada” tarefa de dizer o que “é” e o que “não é”. Quanta presunção!

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Acredita o leitor que a Igreja Anglicana se viu atolada no liberalismo de uma hora pra outra? É claro que não! Tudo começou possivelmente quando um Bispo afirmou que crer na Trindade não era essencial, e o politicamente correto não fez nada para corrigi-lo. Talvez tenha sido antes, mas a cronologia exata não importa. O fato é que, removendo-se algum pilar, as portas para a apostasia são abertas. Porque, se uma doutrina não é necessária, porque não posso questionar as demais? De modo análogo, se Samuel falou “inadvertidamente” sobre a esterilidade de Ana, porque não afirmar que ele errou também em outros assuntos?

Certamente esse tem sido um dos motivos pelos quais os anglicanos reformados não despertam o interesse de alguns candidatos aqui no Brasil. Os respeitamos e amamos em Cristo, contudo, não podemos negociar nossa fé, sob pena de perdermos nossa identidade anglicana, reformada, e acima de tudo, cristã. Uma vez que uma concessão seja feita, outras demandas surgirão, assim como se dá na jurisprudência dos tribunais. E se isso nos torna “fundamentalistas” aos olhos de alguns, paciência.

Agora, voltar a confiar inteiramente nas Escrituras – muito além de uma confiança barthiana – seja talvez a mais urgente necessidade da Igreja de nosso tempo. Não importa qual a sua tradição particular, essa é uma bandeira a ser levantada desde o pentecostal mais iletrado até o católico romano diplomado pelas escolas da Santa Sé. Porque, se as Escrituras falharem, nada mais teremos a oferecer ao mundo.


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