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Formação Ministerial
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Discernimento Vocacional
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Residência Missionária
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Teologia Vocacional

Ser um Obrero Aprovado

“Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

2 Timóteo 2:15

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VOCÊ SABIA?

Os recursos que você investe em sua formação teologia e ministerial na Academia de Liderança da NAMS é integralmente revertido para a obra missionária no Brasil e na Ásia. Atualmente temos um posto avançado de plantadores de Igrejas no Brasil e apoiamos a formação de cerca de 200 obreiros em países da Ásia em regiões de maioria muçulmana. Você é parte dessa missão!

Saiba mais
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REVISTA BÁCULO

Com mais de 5 anos de existência, a Revista Báculo já é um marco importante da mídia evangélica no Brasil. Todos os meses, nossa revista proporciona ao leitor artigos, estudos, entrevistas e análises relevantes para a vida cristã e para o ministério. Aqui no site você tem acesso a todas as edições já publicadas.

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Nosso Blog

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FORMAÇÃO MINISTERIAL

Ao estudar com a gente você apoia a obra missionária no Brasil e na Ásia e conta com um conteúdo de primeira qualidade! E você pode escolher quais módulos se encaixam melhor em sua formação teológica e ministerial. Além disso, ao completar os créditos educativos necessários você adquire o Diploma de Bacharel em Teologia chancelado pela New Anglican Missionary Society (NAMS)

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DISCERNIMENTO VOCACIONAL

Nós ajudamos você a descobrir o chamado de Deus para a sua vida. E mais do que isso, te ajudamos a discernir como o chamado de Deus para o seu Ministério pessoal se conecta com o contextual atual da Igreja no mundo. Mais do que nunca, precisamos de pessoas comprometidas com o Evangelho denuíno no Brasil e no mundo. Seja parte da mudança.

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RESIDÊNCIA MISSIONÁRIA

Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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TEOLOGIA VOCACIONAL

A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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domingo

Carta Aberta a Apologista do CACP!


Rev. Marcelo Lemos

Caros leitores, este blog tem esforçado-se para ajudar a difundir no Brasil a tradição anglicana, conforme a recebemos dos Reformadores Ingleses. Reconhecemos, como se sabe, dos problemas que afetam o anglicanismo no mundo, em nada diferentes dos problemas que afetam outras tradições cristãs como a presbiteriana, luterana, católica, batista, e assim por diante... Mas também destacamos o maravilhoso esforço mundial em prol do Cristianismo Histórico que qualquer pessoa pode ver dentro desse mesmo Anglicanismo.

O leitor minimamente informado a respeito do Anglicanismo vai reconhecer grandes heróis dessa luta como Bispo Robson Cavalcante (Igreja Anglicana do Recife), J. I. Paker, John Stott, Free Church of England (também conhecida no Brasil como Igreja Anglicana Reformada do Brasil), GAFCON, Reformad Episcopal Church, Church Society, ACNA, AMIA, e daí por diante. Apesar disso, é compreensível que o evangélico mediano simplesmente ignora tais fatos; mas, o que dizer quando um renomado apologista evangélico, membro de um dos maiores centros de estudos apologéticos do Brasil, revela tanta ignorância sobre o papel e a teologia da Igreja Anglicana no contexto atual? 

A carta aberta que agora publicamos é endereçada ao pastor batista João Flávio Martinez, diretor do CACP, e foi motivada por um postagem esdruxula do mesmo no Facebook (vejam print acima). Abaixo segue nosso desagravo ao autor. Por fim, incluímos ainda uma lista de artigos que revelam as falsidades do post.



Caro irmão Martínez, paz e bem!

Desconheço seu trabalho, bem como desconheço tua pessoa, assim, ainda que desejasse, não poderia dirigir qualquer observação sobre seu valor como pessoa, ministro do Evangelho, ou mesmo enquanto apologista e escritor. Um amigo de ministério, tão anglicano quanto eu, assegura que exceto por alguns exageros, o senhor é um bom apologista da fé cristã. Deus seja louvado! Mas, isso não te exime da culpa por difundir desinformações sobre o que desconhece, tendo ou não intenção.

A intenção do seu post no Facebook, ao que parece, foi alertar os evangélicos quanto ao saudoso Rev. John Stott. Ele era anglicano, como eu também sou. E, de fato, como você observa em sua postagem, os evangélicos geralmente amam os escritos deste nosso irmão, o que é maravilhoso, afinal, suas obras são impactantes, bíblicas e de fácil leitura. Oxalá Deus nos permitisse outros escritores como ele. Talvez com leituras desse nível começasse a nos faltar aqueles que fazem "campanhas" com réplicas do Muro de Jericó construídas de papelão... Me contaram que alguns leitores da tua cidade entenderão a piada!

Mas, o amor dos evangélicos pelo autor não te obriga, evidentemente, a gostar de Stott, nem te impede de questionar esse ou aquele escrito dele, ou alguma doutrina ou costume do qual discorde. Sequer te impede de questionar a tradição a qual pertencemos, o Anglicanismo. Mas, essa liberdade dá ao irmão o direito de publicar informações imprecisas, ou mesmo falsas, a respeito da denominação do irmão John Stott? Eu creio que não! Ainda mais em se tratando de alguém que é membro do CACP, cuja responsabilidade com a exatidão dos fatos deveria ser maior que a do evangélico mediano. E é exatamente a essas desinformações ou inverdades que irei responder a seguir.

I

A primeira afirmação tua que precisamos analisar diz “Stott, teólogo anglicano, comemorado por muitos, mas servo de uma Igreja putrificada pelo pecado!”

Observo aqui sua tentativa de taxar Stott como estando em subserviência para com uma Igreja que você chama de putrificada pelo pecado. Como se Stott não fosse, como de fato é, uma das vozes mais poderosas dentro do Anglicanismo contra o liberalismo teológico e moral que ameaça nossa tradição reformada. Isso por si só, em minha opinião,  poderia classificar sua fala  como falso testemunho, no sentido mais bíblico do termo. A menos, claro, que o irmão tenha informações que desconheço. Talvez você possa provar que ele calou-se, ou aprovou os aloprados da Teologia Liberal. E caso tenha essas provas, gostaria de conhecê-las. Mas, se não as tem, e digo que não lhe é possível tê-las, sua tentativa de taxa-lo de “servo” da referida situação não passa daquilo que eu disse que é: falso testemunho.

Além disso, me soa deveras estranho que um ministro batista chame outro ministro de “servo” de alguma denominação. O irmão, por acaso, considera-se um “servo" da Igreja batista, tradição aqual pertence? Espero que não! E nem deve! Somos servos, mas de Cristo, através de nosso serviço ao povo de Deus. E só. Então, devemos ser julgados não necessariamente pelo nome da nossa tradição cristã (batista, presbiteriana, congregacional, metodista), mas sim pela nossa conduta pessoal no Evangelho. Portanto, se o irmão tem alguma discordância com Stott, faria maior bem tratando-as teologicamente, e não difundindo falácias ou calúnias, mesmo se embuído das melhores intenções.

II

Observo, em segundo lugar, que quando o senhor define a Igreja Anglicana como “putrificada pelo pecado!”, estás a fazer uma generalização no mínimo desinformada. E podemos pegar o próprio Stott como exemplo, já que nós, anglicanos, temos nele um dos maiores exemplos de baluarte do cristianismo ortodoxo, de alguém que não se dobrou aos avanços do liberalismo moral e doutrinário. 

Estou a negar que os liberais estão fazendo estragos? De forma alguma! E não são poucos, contudo,  para combater um câncer o primeiro passo é reconhecer a presença do tumor. Mas é falso médico aquele que para enfrentar o câncer resolve dar um tiro na cabeça do paciente.

Diante disso é que me vejo pensando: é possível que alguém que antes de escrever precisa verificar os fatos, por ser apologista de renome, desconheça nomes como o da Diocese de Sidney, Robson Cavalcante, ACNA, GAFCON, FCE, REC, Church Society, e milhões de outros? E sim! Eu disse milhões de outros anglicanos que integram o maior esforço organizado que o mundo já viu contra o liberalismo! Será que tal apologista desconhece tais fatos? Se conhece, mente descaradamente em sua postagem na rede social. Mas se não conhece, melhor teria sido ficar calado. Seja como for, sua postagem não condiz com o esperado de um apologista, especialmente por estar ligado a órgão tão importante quanto o CACP.

Concordo com uma coisa na postagem que o irmão publicou: meias-verdades são odiosas!

III

Sua terceira afirmação é ainda mais tosca, obtusa e falsa: “Igreja que o adultero Charles é o Papa”. Não leve para o lado pessoal, mas tem tanta inverdade em uma única frase que dá até preguiça de responder. Só o farei pois afirmações tais são não apenas inverídicas, são também também um desserviço para a causa do Reino.

Em primeiro lugar,  a Igreja Anglicana não tem a figura de um Papa. Por isso cada província anglicana é autônoma e autocéfala, respondendo apenas a si mesmas, através de seus ministros ordenados e representantes leigos. Como apologista o irmão deveria saber disso, uma vez que resolveu abordar a questão com tamanha liberdade e [supostas] desenvoltura e autoridade.

Tanto é verdade não termos Papa, que a Comunhão Anglicana a alguns anos publicou um documento orientando as Igrejas nacionais que não ordenarem pessoas que são homossexuais praticantes, o que não impediu a província americana (TEC) de seguir em frente em seu desatino. Por outro lado, a atitude dos liberais americanos não impediu os conservadores de criar o GAFCON, que tem como um de seus objetivos ser uma opção  ao avanço liberal. 

E por falar em GAFCON, este tem trabalhado tanto contra o liberalismo em nossas fileiras que, segundo alguns analistas, a própria Comunhão Anglicana pode estar com os dias contados (até os liberais já admitem isso). Os liberais também admitem que a liberal americana TEC possivelmente estará morta nas próximas décadas. Ora, meu caro, tivéssemos um Papa, o mesmo falaria e o resto ficaria calado, ou falaria as escondidas, não é verdade? Tivessemos um Papa, não estariamos criticando os rumos tão abertamente como fazemos, o que só não vê aqueles que, como o irmão, estão desinformados. Felizmente, nem todos os desinformados resolvem criticar o que desconhecem.

De modo que, pastor Martinez, o príncipe Charles não pode ser Papa da Igreja Anglicana, já que não temos essa coisa de Papa, compreende? É como procurar chifres em uma galinha, ou penas numa vaca.  Imagino que talvez o renomado apologista esteja se confundindo e, na verdade, tentando falar de algo presente apenas na Igreja nacional da Inglaterra, a saber, que o Monarca inglês é considerado o chefe da Igreja. Isso é fato. Trata-se de uma Lei Cível, que nasceu nos dias da Reforma Protestante, e cujo objetivo era impedir que o Papa interferisse na Igreja Nacional. 

Mas, como Lei meramente cívil, o Monarca Inglês não tem nenhum poder doutrinário sobre a Igreja. Seu poder é meramente cívil, e seu papel o de um guardião administrativo. E mesmo que tivesse, você deveria chamar a Rainha Elizabeth de “papisa”, a atual monarca, e não seu filho Charles, que de Rei não tem nada, é  um Príncipe. Mas, como o irmão é historiador, acredito que apenas se distraiu.

E um exemplo pode nos ajudar a tornar a inverdade “apologética” ainda mais patente: a atual Rainha da Inglaterra é uma mulher sabidamente conservadora e contrária ao casamento homossexual. Assim, quando o Parlamento Inglês resolveu votar a questão ela foi a público e demonstrou sua opinião contrária ao projeto.  O que aconteceu? O Parlamento foi em frente e aprovou o que bem desejava, no que foi seguido inclusive por alguns bispos (não por todos). Ora, belo Papa é a Rainha, meu caro! 

IV

“Uma Igreja que faz o catolicismo corar de vergonha pelas suas heresias!”. Essa sua quarta e final afirmação sobre o Anglicanismo realmente revela o nível de desconhecimento de muitos... 

Acabei de escrever, caro pastor Martinez, um pequeno livro chamado “Quem São os Anglicanos?”, e modéstia a parte, lhe faria um bem danado lê-lo, ainda que eu não tenha a pretensão de ser um escritor renomado como o irmão. Caso tenha interesse estou deixando o link para consulta e compra:


Sempre que vejo algum apologista da fé cristã afirmando coisas desse tipo fico pensando se o mesmo alguma vez já deu-se ao trabalhado de ler o que a doutrina anglicana ensina, em seus formulários oficiais. Estou falando, claro, dos 39 Artigos de Religião, do Catecismo Anglicano, e do nosso Livro de Oração Comum. Nem vou nem perguntar a respeito do Book of Homilies, que seria pedir demais. Porque, caso tenha lido qualquer um destes formulários, certamente terá encontrado neles a condenação formal para os erros teológicos ensinados pela Igreja de Roma, além de outras.

Para não ficar apenas no meu desagravo vamos aos fatos. Leia comigo, amigo pastor Martinez, um dos nossos artigos de fé: “a doutrina romana relativa ao Purgatório, indulgencias, veneração e adoração, tanto de imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil e vã, que não se funda em testemunho algum da Escritura, antes repugna à Palavra de Deus”. Artigo XXII de nossa confissão de fé, denominada 39 Artigos de Religião.

Pode ser, no entanto, que o senhor não esteja falando da nossa fé, que é Bíblica, mas sim do liberalismo teológico que nos ameça, assim como ameça todas as demais denominações ocidentais. Mas, ainda assim, seria responsável não incluir John Stott na bagunça, nem a maioria esmagadora dos anglicanos presente no mundo (mais de 90 milhões de cristãos), que juntamente com GAFCON declaram que a criação por Deus da humanidade como macho e fêmea, e o padrão imutável do casamento cristão entre homem e mulher como o lugar apropriado para a intimidade sexual e a base da família. Arrependemo-nos por nossas falhas em manter esse padrão, e conclamamos uma renovação do compromisso de fidelidade duradoura no casamento e de abstinência para os em celibato”; e juntamente com o Revdm. Peter Jensen, ex-arcebispo da Diocese de Sidney, esperam que nosso trabalho “pode ser o começo de algo tão grande quanto John Wesley”. Mas, um apologista renomado do CACP não deve desconhecer fatos tão importantes a respeito daquilo que fala. Será que não mesmo?

Como é mesmo a afirmação em sua postagem? Meias-verdades são odiosas! Não me alongarei mais, quem sou eu para ensinar padre a rezar missa!

Bem acostumado a encontrar pessoas desinformadas a respeito da tradição anglicana, apenas me decepciono quando encontro tamanha desinformação vindo de alguém tão presente na vida intelectual de muitos evangélicos. Ora, se um dos maiores órgãos da apologética evangélica brasileira tem em seu hall alguém que fala daquilo que não conhece, onde iremos parar?


Pessoalmente seu post não me deixou ofendido, apenas assustado. A ignorância sempre me assusta, ainda mais de pessoas das quais esperamos um pouco mais. O convite para que leia meu humilde livro é sincero, e caso queria um bate-papo amigável sobre o assunto, minha casa estará sempre aberta, bem como este site. 

Aos leitores do blog, segue pequena lista de artigos que tratam deste tema:








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A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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Rev. Marcelo Lemos

Caros leitores, este blog tem esforçado-se para ajudar a difundir no Brasil a tradição anglicana, conforme a recebemos dos Reformadores Ingleses. Reconhecemos, como se sabe, dos problemas que afetam o anglicanismo no mundo, em nada diferentes dos problemas que afetam outras tradições cristãs como a presbiteriana, luterana, católica, batista, e assim por diante... Mas também destacamos o maravilhoso esforço mundial em prol do Cristianismo Histórico que qualquer pessoa pode ver dentro desse mesmo Anglicanismo.

O leitor minimamente informado a respeito do Anglicanismo vai reconhecer grandes heróis dessa luta como Bispo Robson Cavalcante (Igreja Anglicana do Recife), J. I. Paker, John Stott, Free Church of England (também conhecida no Brasil como Igreja Anglicana Reformada do Brasil), GAFCON, Reformad Episcopal Church, Church Society, ACNA, AMIA, e daí por diante. Apesar disso, é compreensível que o evangélico mediano simplesmente ignora tais fatos; mas, o que dizer quando um renomado apologista evangélico, membro de um dos maiores centros de estudos apologéticos do Brasil, revela tanta ignorância sobre o papel e a teologia da Igreja Anglicana no contexto atual? 

A carta aberta que agora publicamos é endereçada ao pastor batista João Flávio Martinez, diretor do CACP, e foi motivada por um postagem esdruxula do mesmo no Facebook (vejam print acima). Abaixo segue nosso desagravo ao autor. Por fim, incluímos ainda uma lista de artigos que revelam as falsidades do post.



Caro irmão Martínez, paz e bem!

Desconheço seu trabalho, bem como desconheço tua pessoa, assim, ainda que desejasse, não poderia dirigir qualquer observação sobre seu valor como pessoa, ministro do Evangelho, ou mesmo enquanto apologista e escritor. Um amigo de ministério, tão anglicano quanto eu, assegura que exceto por alguns exageros, o senhor é um bom apologista da fé cristã. Deus seja louvado! Mas, isso não te exime da culpa por difundir desinformações sobre o que desconhece, tendo ou não intenção.

A intenção do seu post no Facebook, ao que parece, foi alertar os evangélicos quanto ao saudoso Rev. John Stott. Ele era anglicano, como eu também sou. E, de fato, como você observa em sua postagem, os evangélicos geralmente amam os escritos deste nosso irmão, o que é maravilhoso, afinal, suas obras são impactantes, bíblicas e de fácil leitura. Oxalá Deus nos permitisse outros escritores como ele. Talvez com leituras desse nível começasse a nos faltar aqueles que fazem "campanhas" com réplicas do Muro de Jericó construídas de papelão... Me contaram que alguns leitores da tua cidade entenderão a piada!

Mas, o amor dos evangélicos pelo autor não te obriga, evidentemente, a gostar de Stott, nem te impede de questionar esse ou aquele escrito dele, ou alguma doutrina ou costume do qual discorde. Sequer te impede de questionar a tradição a qual pertencemos, o Anglicanismo. Mas, essa liberdade dá ao irmão o direito de publicar informações imprecisas, ou mesmo falsas, a respeito da denominação do irmão John Stott? Eu creio que não! Ainda mais em se tratando de alguém que é membro do CACP, cuja responsabilidade com a exatidão dos fatos deveria ser maior que a do evangélico mediano. E é exatamente a essas desinformações ou inverdades que irei responder a seguir.

I

A primeira afirmação tua que precisamos analisar diz “Stott, teólogo anglicano, comemorado por muitos, mas servo de uma Igreja putrificada pelo pecado!”

Observo aqui sua tentativa de taxar Stott como estando em subserviência para com uma Igreja que você chama de putrificada pelo pecado. Como se Stott não fosse, como de fato é, uma das vozes mais poderosas dentro do Anglicanismo contra o liberalismo teológico e moral que ameaça nossa tradição reformada. Isso por si só, em minha opinião,  poderia classificar sua fala  como falso testemunho, no sentido mais bíblico do termo. A menos, claro, que o irmão tenha informações que desconheço. Talvez você possa provar que ele calou-se, ou aprovou os aloprados da Teologia Liberal. E caso tenha essas provas, gostaria de conhecê-las. Mas, se não as tem, e digo que não lhe é possível tê-las, sua tentativa de taxa-lo de “servo” da referida situação não passa daquilo que eu disse que é: falso testemunho.

Além disso, me soa deveras estranho que um ministro batista chame outro ministro de “servo” de alguma denominação. O irmão, por acaso, considera-se um “servo" da Igreja batista, tradição aqual pertence? Espero que não! E nem deve! Somos servos, mas de Cristo, através de nosso serviço ao povo de Deus. E só. Então, devemos ser julgados não necessariamente pelo nome da nossa tradição cristã (batista, presbiteriana, congregacional, metodista), mas sim pela nossa conduta pessoal no Evangelho. Portanto, se o irmão tem alguma discordância com Stott, faria maior bem tratando-as teologicamente, e não difundindo falácias ou calúnias, mesmo se embuído das melhores intenções.

II

Observo, em segundo lugar, que quando o senhor define a Igreja Anglicana como “putrificada pelo pecado!”, estás a fazer uma generalização no mínimo desinformada. E podemos pegar o próprio Stott como exemplo, já que nós, anglicanos, temos nele um dos maiores exemplos de baluarte do cristianismo ortodoxo, de alguém que não se dobrou aos avanços do liberalismo moral e doutrinário. 

Estou a negar que os liberais estão fazendo estragos? De forma alguma! E não são poucos, contudo,  para combater um câncer o primeiro passo é reconhecer a presença do tumor. Mas é falso médico aquele que para enfrentar o câncer resolve dar um tiro na cabeça do paciente.

Diante disso é que me vejo pensando: é possível que alguém que antes de escrever precisa verificar os fatos, por ser apologista de renome, desconheça nomes como o da Diocese de Sidney, Robson Cavalcante, ACNA, GAFCON, FCE, REC, Church Society, e milhões de outros? E sim! Eu disse milhões de outros anglicanos que integram o maior esforço organizado que o mundo já viu contra o liberalismo! Será que tal apologista desconhece tais fatos? Se conhece, mente descaradamente em sua postagem na rede social. Mas se não conhece, melhor teria sido ficar calado. Seja como for, sua postagem não condiz com o esperado de um apologista, especialmente por estar ligado a órgão tão importante quanto o CACP.

Concordo com uma coisa na postagem que o irmão publicou: meias-verdades são odiosas!

III

Sua terceira afirmação é ainda mais tosca, obtusa e falsa: “Igreja que o adultero Charles é o Papa”. Não leve para o lado pessoal, mas tem tanta inverdade em uma única frase que dá até preguiça de responder. Só o farei pois afirmações tais são não apenas inverídicas, são também também um desserviço para a causa do Reino.

Em primeiro lugar,  a Igreja Anglicana não tem a figura de um Papa. Por isso cada província anglicana é autônoma e autocéfala, respondendo apenas a si mesmas, através de seus ministros ordenados e representantes leigos. Como apologista o irmão deveria saber disso, uma vez que resolveu abordar a questão com tamanha liberdade e [supostas] desenvoltura e autoridade.

Tanto é verdade não termos Papa, que a Comunhão Anglicana a alguns anos publicou um documento orientando as Igrejas nacionais que não ordenarem pessoas que são homossexuais praticantes, o que não impediu a província americana (TEC) de seguir em frente em seu desatino. Por outro lado, a atitude dos liberais americanos não impediu os conservadores de criar o GAFCON, que tem como um de seus objetivos ser uma opção  ao avanço liberal. 

E por falar em GAFCON, este tem trabalhado tanto contra o liberalismo em nossas fileiras que, segundo alguns analistas, a própria Comunhão Anglicana pode estar com os dias contados (até os liberais já admitem isso). Os liberais também admitem que a liberal americana TEC possivelmente estará morta nas próximas décadas. Ora, meu caro, tivéssemos um Papa, o mesmo falaria e o resto ficaria calado, ou falaria as escondidas, não é verdade? Tivessemos um Papa, não estariamos criticando os rumos tão abertamente como fazemos, o que só não vê aqueles que, como o irmão, estão desinformados. Felizmente, nem todos os desinformados resolvem criticar o que desconhecem.

De modo que, pastor Martinez, o príncipe Charles não pode ser Papa da Igreja Anglicana, já que não temos essa coisa de Papa, compreende? É como procurar chifres em uma galinha, ou penas numa vaca.  Imagino que talvez o renomado apologista esteja se confundindo e, na verdade, tentando falar de algo presente apenas na Igreja nacional da Inglaterra, a saber, que o Monarca inglês é considerado o chefe da Igreja. Isso é fato. Trata-se de uma Lei Cível, que nasceu nos dias da Reforma Protestante, e cujo objetivo era impedir que o Papa interferisse na Igreja Nacional. 

Mas, como Lei meramente cívil, o Monarca Inglês não tem nenhum poder doutrinário sobre a Igreja. Seu poder é meramente cívil, e seu papel o de um guardião administrativo. E mesmo que tivesse, você deveria chamar a Rainha Elizabeth de “papisa”, a atual monarca, e não seu filho Charles, que de Rei não tem nada, é  um Príncipe. Mas, como o irmão é historiador, acredito que apenas se distraiu.

E um exemplo pode nos ajudar a tornar a inverdade “apologética” ainda mais patente: a atual Rainha da Inglaterra é uma mulher sabidamente conservadora e contrária ao casamento homossexual. Assim, quando o Parlamento Inglês resolveu votar a questão ela foi a público e demonstrou sua opinião contrária ao projeto.  O que aconteceu? O Parlamento foi em frente e aprovou o que bem desejava, no que foi seguido inclusive por alguns bispos (não por todos). Ora, belo Papa é a Rainha, meu caro! 

IV

“Uma Igreja que faz o catolicismo corar de vergonha pelas suas heresias!”. Essa sua quarta e final afirmação sobre o Anglicanismo realmente revela o nível de desconhecimento de muitos... 

Acabei de escrever, caro pastor Martinez, um pequeno livro chamado “Quem São os Anglicanos?”, e modéstia a parte, lhe faria um bem danado lê-lo, ainda que eu não tenha a pretensão de ser um escritor renomado como o irmão. Caso tenha interesse estou deixando o link para consulta e compra:


Sempre que vejo algum apologista da fé cristã afirmando coisas desse tipo fico pensando se o mesmo alguma vez já deu-se ao trabalhado de ler o que a doutrina anglicana ensina, em seus formulários oficiais. Estou falando, claro, dos 39 Artigos de Religião, do Catecismo Anglicano, e do nosso Livro de Oração Comum. Nem vou nem perguntar a respeito do Book of Homilies, que seria pedir demais. Porque, caso tenha lido qualquer um destes formulários, certamente terá encontrado neles a condenação formal para os erros teológicos ensinados pela Igreja de Roma, além de outras.

Para não ficar apenas no meu desagravo vamos aos fatos. Leia comigo, amigo pastor Martinez, um dos nossos artigos de fé: “a doutrina romana relativa ao Purgatório, indulgencias, veneração e adoração, tanto de imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil e vã, que não se funda em testemunho algum da Escritura, antes repugna à Palavra de Deus”. Artigo XXII de nossa confissão de fé, denominada 39 Artigos de Religião.

Pode ser, no entanto, que o senhor não esteja falando da nossa fé, que é Bíblica, mas sim do liberalismo teológico que nos ameça, assim como ameça todas as demais denominações ocidentais. Mas, ainda assim, seria responsável não incluir John Stott na bagunça, nem a maioria esmagadora dos anglicanos presente no mundo (mais de 90 milhões de cristãos), que juntamente com GAFCON declaram que a criação por Deus da humanidade como macho e fêmea, e o padrão imutável do casamento cristão entre homem e mulher como o lugar apropriado para a intimidade sexual e a base da família. Arrependemo-nos por nossas falhas em manter esse padrão, e conclamamos uma renovação do compromisso de fidelidade duradoura no casamento e de abstinência para os em celibato”; e juntamente com o Revdm. Peter Jensen, ex-arcebispo da Diocese de Sidney, esperam que nosso trabalho “pode ser o começo de algo tão grande quanto John Wesley”. Mas, um apologista renomado do CACP não deve desconhecer fatos tão importantes a respeito daquilo que fala. Será que não mesmo?

Como é mesmo a afirmação em sua postagem? Meias-verdades são odiosas! Não me alongarei mais, quem sou eu para ensinar padre a rezar missa!

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Marcelo Lemos, presbítero da FCE/IARB, é o editor principal do blog e publicamos artigos de diversos autores, inclusive de outras tradições cristãs, desde que condizentes com a linha editorial e teológica que adotamos.

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Carta Aberta a Apologista do CACP!


Rev. Marcelo Lemos

Caros leitores, este blog tem esforçado-se para ajudar a difundir no Brasil a tradição anglicana, conforme a recebemos dos Reformadores Ingleses. Reconhecemos, como se sabe, dos problemas que afetam o anglicanismo no mundo, em nada diferentes dos problemas que afetam outras tradições cristãs como a presbiteriana, luterana, católica, batista, e assim por diante... Mas também destacamos o maravilhoso esforço mundial em prol do Cristianismo Histórico que qualquer pessoa pode ver dentro desse mesmo Anglicanismo.

O leitor minimamente informado a respeito do Anglicanismo vai reconhecer grandes heróis dessa luta como Bispo Robson Cavalcante (Igreja Anglicana do Recife), J. I. Paker, John Stott, Free Church of England (também conhecida no Brasil como Igreja Anglicana Reformada do Brasil), GAFCON, Reformad Episcopal Church, Church Society, ACNA, AMIA, e daí por diante. Apesar disso, é compreensível que o evangélico mediano simplesmente ignora tais fatos; mas, o que dizer quando um renomado apologista evangélico, membro de um dos maiores centros de estudos apologéticos do Brasil, revela tanta ignorância sobre o papel e a teologia da Igreja Anglicana no contexto atual? 

A carta aberta que agora publicamos é endereçada ao pastor batista João Flávio Martinez, diretor do CACP, e foi motivada por um postagem esdruxula do mesmo no Facebook (vejam print acima). Abaixo segue nosso desagravo ao autor. Por fim, incluímos ainda uma lista de artigos que revelam as falsidades do post.



Caro irmão Martínez, paz e bem!

Desconheço seu trabalho, bem como desconheço tua pessoa, assim, ainda que desejasse, não poderia dirigir qualquer observação sobre seu valor como pessoa, ministro do Evangelho, ou mesmo enquanto apologista e escritor. Um amigo de ministério, tão anglicano quanto eu, assegura que exceto por alguns exageros, o senhor é um bom apologista da fé cristã. Deus seja louvado! Mas, isso não te exime da culpa por difundir desinformações sobre o que desconhece, tendo ou não intenção.

A intenção do seu post no Facebook, ao que parece, foi alertar os evangélicos quanto ao saudoso Rev. John Stott. Ele era anglicano, como eu também sou. E, de fato, como você observa em sua postagem, os evangélicos geralmente amam os escritos deste nosso irmão, o que é maravilhoso, afinal, suas obras são impactantes, bíblicas e de fácil leitura. Oxalá Deus nos permitisse outros escritores como ele. Talvez com leituras desse nível começasse a nos faltar aqueles que fazem "campanhas" com réplicas do Muro de Jericó construídas de papelão... Me contaram que alguns leitores da tua cidade entenderão a piada!

Mas, o amor dos evangélicos pelo autor não te obriga, evidentemente, a gostar de Stott, nem te impede de questionar esse ou aquele escrito dele, ou alguma doutrina ou costume do qual discorde. Sequer te impede de questionar a tradição a qual pertencemos, o Anglicanismo. Mas, essa liberdade dá ao irmão o direito de publicar informações imprecisas, ou mesmo falsas, a respeito da denominação do irmão John Stott? Eu creio que não! Ainda mais em se tratando de alguém que é membro do CACP, cuja responsabilidade com a exatidão dos fatos deveria ser maior que a do evangélico mediano. E é exatamente a essas desinformações ou inverdades que irei responder a seguir.

I

A primeira afirmação tua que precisamos analisar diz “Stott, teólogo anglicano, comemorado por muitos, mas servo de uma Igreja putrificada pelo pecado!”

Observo aqui sua tentativa de taxar Stott como estando em subserviência para com uma Igreja que você chama de putrificada pelo pecado. Como se Stott não fosse, como de fato é, uma das vozes mais poderosas dentro do Anglicanismo contra o liberalismo teológico e moral que ameaça nossa tradição reformada. Isso por si só, em minha opinião,  poderia classificar sua fala  como falso testemunho, no sentido mais bíblico do termo. A menos, claro, que o irmão tenha informações que desconheço. Talvez você possa provar que ele calou-se, ou aprovou os aloprados da Teologia Liberal. E caso tenha essas provas, gostaria de conhecê-las. Mas, se não as tem, e digo que não lhe é possível tê-las, sua tentativa de taxa-lo de “servo” da referida situação não passa daquilo que eu disse que é: falso testemunho.

Além disso, me soa deveras estranho que um ministro batista chame outro ministro de “servo” de alguma denominação. O irmão, por acaso, considera-se um “servo" da Igreja batista, tradição aqual pertence? Espero que não! E nem deve! Somos servos, mas de Cristo, através de nosso serviço ao povo de Deus. E só. Então, devemos ser julgados não necessariamente pelo nome da nossa tradição cristã (batista, presbiteriana, congregacional, metodista), mas sim pela nossa conduta pessoal no Evangelho. Portanto, se o irmão tem alguma discordância com Stott, faria maior bem tratando-as teologicamente, e não difundindo falácias ou calúnias, mesmo se embuído das melhores intenções.

II

Observo, em segundo lugar, que quando o senhor define a Igreja Anglicana como “putrificada pelo pecado!”, estás a fazer uma generalização no mínimo desinformada. E podemos pegar o próprio Stott como exemplo, já que nós, anglicanos, temos nele um dos maiores exemplos de baluarte do cristianismo ortodoxo, de alguém que não se dobrou aos avanços do liberalismo moral e doutrinário. 

Estou a negar que os liberais estão fazendo estragos? De forma alguma! E não são poucos, contudo,  para combater um câncer o primeiro passo é reconhecer a presença do tumor. Mas é falso médico aquele que para enfrentar o câncer resolve dar um tiro na cabeça do paciente.

Diante disso é que me vejo pensando: é possível que alguém que antes de escrever precisa verificar os fatos, por ser apologista de renome, desconheça nomes como o da Diocese de Sidney, Robson Cavalcante, ACNA, GAFCON, FCE, REC, Church Society, e milhões de outros? E sim! Eu disse milhões de outros anglicanos que integram o maior esforço organizado que o mundo já viu contra o liberalismo! Será que tal apologista desconhece tais fatos? Se conhece, mente descaradamente em sua postagem na rede social. Mas se não conhece, melhor teria sido ficar calado. Seja como for, sua postagem não condiz com o esperado de um apologista, especialmente por estar ligado a órgão tão importante quanto o CACP.

Concordo com uma coisa na postagem que o irmão publicou: meias-verdades são odiosas!

III

Sua terceira afirmação é ainda mais tosca, obtusa e falsa: “Igreja que o adultero Charles é o Papa”. Não leve para o lado pessoal, mas tem tanta inverdade em uma única frase que dá até preguiça de responder. Só o farei pois afirmações tais são não apenas inverídicas, são também também um desserviço para a causa do Reino.

Em primeiro lugar,  a Igreja Anglicana não tem a figura de um Papa. Por isso cada província anglicana é autônoma e autocéfala, respondendo apenas a si mesmas, através de seus ministros ordenados e representantes leigos. Como apologista o irmão deveria saber disso, uma vez que resolveu abordar a questão com tamanha liberdade e [supostas] desenvoltura e autoridade.

Tanto é verdade não termos Papa, que a Comunhão Anglicana a alguns anos publicou um documento orientando as Igrejas nacionais que não ordenarem pessoas que são homossexuais praticantes, o que não impediu a província americana (TEC) de seguir em frente em seu desatino. Por outro lado, a atitude dos liberais americanos não impediu os conservadores de criar o GAFCON, que tem como um de seus objetivos ser uma opção  ao avanço liberal. 

E por falar em GAFCON, este tem trabalhado tanto contra o liberalismo em nossas fileiras que, segundo alguns analistas, a própria Comunhão Anglicana pode estar com os dias contados (até os liberais já admitem isso). Os liberais também admitem que a liberal americana TEC possivelmente estará morta nas próximas décadas. Ora, meu caro, tivéssemos um Papa, o mesmo falaria e o resto ficaria calado, ou falaria as escondidas, não é verdade? Tivessemos um Papa, não estariamos criticando os rumos tão abertamente como fazemos, o que só não vê aqueles que, como o irmão, estão desinformados. Felizmente, nem todos os desinformados resolvem criticar o que desconhecem.

De modo que, pastor Martinez, o príncipe Charles não pode ser Papa da Igreja Anglicana, já que não temos essa coisa de Papa, compreende? É como procurar chifres em uma galinha, ou penas numa vaca.  Imagino que talvez o renomado apologista esteja se confundindo e, na verdade, tentando falar de algo presente apenas na Igreja nacional da Inglaterra, a saber, que o Monarca inglês é considerado o chefe da Igreja. Isso é fato. Trata-se de uma Lei Cível, que nasceu nos dias da Reforma Protestante, e cujo objetivo era impedir que o Papa interferisse na Igreja Nacional. 

Mas, como Lei meramente cívil, o Monarca Inglês não tem nenhum poder doutrinário sobre a Igreja. Seu poder é meramente cívil, e seu papel o de um guardião administrativo. E mesmo que tivesse, você deveria chamar a Rainha Elizabeth de “papisa”, a atual monarca, e não seu filho Charles, que de Rei não tem nada, é  um Príncipe. Mas, como o irmão é historiador, acredito que apenas se distraiu.

E um exemplo pode nos ajudar a tornar a inverdade “apologética” ainda mais patente: a atual Rainha da Inglaterra é uma mulher sabidamente conservadora e contrária ao casamento homossexual. Assim, quando o Parlamento Inglês resolveu votar a questão ela foi a público e demonstrou sua opinião contrária ao projeto.  O que aconteceu? O Parlamento foi em frente e aprovou o que bem desejava, no que foi seguido inclusive por alguns bispos (não por todos). Ora, belo Papa é a Rainha, meu caro! 

IV

“Uma Igreja que faz o catolicismo corar de vergonha pelas suas heresias!”. Essa sua quarta e final afirmação sobre o Anglicanismo realmente revela o nível de desconhecimento de muitos... 

Acabei de escrever, caro pastor Martinez, um pequeno livro chamado “Quem São os Anglicanos?”, e modéstia a parte, lhe faria um bem danado lê-lo, ainda que eu não tenha a pretensão de ser um escritor renomado como o irmão. Caso tenha interesse estou deixando o link para consulta e compra:


Sempre que vejo algum apologista da fé cristã afirmando coisas desse tipo fico pensando se o mesmo alguma vez já deu-se ao trabalhado de ler o que a doutrina anglicana ensina, em seus formulários oficiais. Estou falando, claro, dos 39 Artigos de Religião, do Catecismo Anglicano, e do nosso Livro de Oração Comum. Nem vou nem perguntar a respeito do Book of Homilies, que seria pedir demais. Porque, caso tenha lido qualquer um destes formulários, certamente terá encontrado neles a condenação formal para os erros teológicos ensinados pela Igreja de Roma, além de outras.

Para não ficar apenas no meu desagravo vamos aos fatos. Leia comigo, amigo pastor Martinez, um dos nossos artigos de fé: “a doutrina romana relativa ao Purgatório, indulgencias, veneração e adoração, tanto de imagens como de relíquias, bem como a invocação dos santos, é uma invenção fútil e vã, que não se funda em testemunho algum da Escritura, antes repugna à Palavra de Deus”. Artigo XXII de nossa confissão de fé, denominada 39 Artigos de Religião.

Pode ser, no entanto, que o senhor não esteja falando da nossa fé, que é Bíblica, mas sim do liberalismo teológico que nos ameça, assim como ameça todas as demais denominações ocidentais. Mas, ainda assim, seria responsável não incluir John Stott na bagunça, nem a maioria esmagadora dos anglicanos presente no mundo (mais de 90 milhões de cristãos), que juntamente com GAFCON declaram que a criação por Deus da humanidade como macho e fêmea, e o padrão imutável do casamento cristão entre homem e mulher como o lugar apropriado para a intimidade sexual e a base da família. Arrependemo-nos por nossas falhas em manter esse padrão, e conclamamos uma renovação do compromisso de fidelidade duradoura no casamento e de abstinência para os em celibato”; e juntamente com o Revdm. Peter Jensen, ex-arcebispo da Diocese de Sidney, esperam que nosso trabalho “pode ser o começo de algo tão grande quanto John Wesley”. Mas, um apologista renomado do CACP não deve desconhecer fatos tão importantes a respeito daquilo que fala. Será que não mesmo?

Como é mesmo a afirmação em sua postagem? Meias-verdades são odiosas! Não me alongarei mais, quem sou eu para ensinar padre a rezar missa!

Bem acostumado a encontrar pessoas desinformadas a respeito da tradição anglicana, apenas me decepciono quando encontro tamanha desinformação vindo de alguém tão presente na vida intelectual de muitos evangélicos. Ora, se um dos maiores órgãos da apologética evangélica brasileira tem em seu hall alguém que fala daquilo que não conhece, onde iremos parar?


Pessoalmente seu post não me deixou ofendido, apenas assustado. A ignorância sempre me assusta, ainda mais de pessoas das quais esperamos um pouco mais. O convite para que leia meu humilde livro é sincero, e caso queria um bate-papo amigável sobre o assunto, minha casa estará sempre aberta, bem como este site. 

Aos leitores do blog, segue pequena lista de artigos que tratam deste tema:








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