Rev.
Marcelo Lemos
Estaremos
publicando aqui uma série de artigos abordando a pretensão de vários pretensos reformados da fé cristã, e não são poucos. Há
de se lembrar que um dos lemas da Reforma Protestante foi justamente
“Ecclesia Reformata et Semper Reformanda Est”, de autoria
do holandês Gisbertus Voetius (1589-1676), cuja tradução é algo
próximo a “Igreja Reformada e sempre se reformando”.
Significa dizer que a Reforma é um ato contínuo, operado na Igreja
pelo Espírito Santo, através das Escrituras. Assim, não se trata
de questionarmos o aqui o “semper reformanda est”, mas sim o
valor desta ou daquela pretensa reforma. E qual o nosso padrão? As
Escrituras Sagradas. Se uma pretendida reforma não se adéqua a tal
padrão, deve ser rejeitada e posta de lado no albúm dos falsos
reformadores.
A
falsa reforma que analisaremos hoje, reeditando estudo que já tínhamos em mãos (de nossa autoria), veio pelas [supostas] visões
da Sra. Ellen G. White.
Ouça a programação da nossa WebRádio! Você pode escolher qual programa ouvir!
Como cristãos reformados e
evangélicos teríamos muito a criticar em sua pretensa reforma, mas focaremos no fato de que os pilares da Fé Adventista não atende ao
pressuposto básico da Reforma, chamado Sola Scriptura. Não
atendendo a este requisito básico, todo o restante da construção
teológica e apologética dos Adventistas pode ser descartado
juntamente. Ainda não encontrei, em sites ou
nas redes sociais, Adventista que respondesse a tese básica do
estudo que agora publicaremos. Sempre que tentam responder terminam
analisando questões que não levantei, ou respondendo perguntas que
não fiz. Com isso não faço elogio a mim mesmo, trata-se apenas
apontarmos aqui fatos claros e patentes, que impedem qualquer
evangélico minimamente bem informado de aceitar a reforma adventista
como sendo evangélica.
PRIMEIRA
PARTE:
A
auto-contradição Adventista sobre White
Vamos
a nossa análise dos fatos: A principal
das minhas objeções ao Adventismo é ele ter sido fundamentado
sobre profecias contemporâneas, especialmente as da Sra. Ellen G.
White. Os adventistas se defendem, alegando que isso é uma
falsificação da história. O pastor adventista Moisés Mattos,
escreve: “Pessoas
piedosas estudaram profundamente as Escrituras e chegaram às
conclusões sobre pontos doutrinários. Ellen com suas visões apenas
confirmou ou retificou o que já se havia estudado” (1). Alejandro
Bullón, um dos mais conceituados evangelistas no adventismo
contemporâneo vai ainda mais longe: “Então,
eu acredito em que ela se encaixa dentro das características de um
profeta verdadeiro. Agora, daí a dizer que a igreja adventista segue
ela, não. Que a igreja adventista construiu alguma doutrina baseada
nos escritos dela, não! Se ela não tivesse existido, se ela
não tivesse escrito algum documento, em nenhum papel, a igreja
adventista continuaria crendo nas mesmas coisas em que crê, porque
todos os fundamentos de fé da igreja adventista são tirados
unicamente da Bíblia”(2).
Infelizmente,
essa é uma meia-verdade muito bem contada pelos adventistas de nosso
tempo. Antes de prosseguirmos é bom manter em mente o que esses
apologistas do Adventismo estão nos assegurando. Segundo eles
devemos acreditar que:
1)
As doutrinas adventistas foram impostas pelo estudo diligente das
Escrituras;
2)
Os adventistas não seguem Ellen White, sua profeta (alguns chegam a
dizer que ela não tem peso doutrinário para sua igreja);
3)
As doutrinas adventistas existiriam mesmo sem Ellen White.
De
fato, em sua declaração doutrinária, e em suas obras teológicas,
os adventistas vão enfatizar o valor único das Sagradas Escrituras.
E atentemos para a última tese, que nos diz que mesmo sem as visões
da Sra. White o Adventismo seria exatamente como é. Será que isso é
verdade? Cabe a nós investigarmos suas declarações mais a fundo,
levando em consideração autores e órgãos adventistas autorizados.
No
site oficial White
State encontramos a seguinte
declaração: “Os escritos de
Ellen White não constituem substituto para a Bíblia. Eles não
podem ser colocados no mesmo nível. As Sagradas Escrituras ocupam
posição única, é o único padrão pelo qual todos os outros
escritos – incluindo ela – devem ser julgados, e ao qual devem
estar subordinados” (3).
Eis uma declaração profundamente bíblica e, também, reformada. Eu
mesmo poderia dizer o mesmo sobre os escritos de Calvino, Lutero, ou
mesmo sobre os 39 Artigos da
Religião ou sobre o Livro
de Oração Comum, que como
anglicano aceito como norma doutrinária e litúrgica. O problema é
que a declaração adventista não termina aqui, ela está apenas
começando. A continuação diz a respeito da função de Ellen
White, e usando as palavras de sua própria profeta, é tido
que “todavia, o fato de que
Deus revelou Sua vontade aos homens por meio de Sua Palavra, não
tornou desnecessária a contínua presença e direção do Espírito
Santo. Ao contrário, o Espírito foi prometido por nosso Salvador
para aclarar a Palavra a Seus servos, para iluminar e aplicar os seus
ensinos”. São palavras
encontradas ainda hoje no mais famoso livro adventista, O Grande
Conflito, de Ellen White.
Antes
de analisarmos se há alguma problema com as declarações do site
oficial de Ellen White, vamos usá-las para ver se declarações como
as feitas por Bullón podem ser aceitas como verdadeiras. Recorde que
o evangelista do adventismo afirma que a Igreja Adventista não segue
a Sra. White, nem jamais precisou dela para existir. No entanto, a
Sra.White declara que sua função para a igreja dos últimos dias é
a de ser “contínua
presença e direção do Espírito”,
atuando “para aclarar...
iluminar e aplicar os seus ensinos”.
Não duvido que Bullón realmente creia no que diz, mas se é assim
ele também parece ter sido engando pela propaganda Adventista. Eles
nos dizem que os escritos da Sra. White tem o mesmo peso para eles
que os escritos de Calvino, Bucer e Crammer tem para um Calvinista,
ou os de Wesley para um Metodista. Tal comparação é mais que
enganosa. Calvino, Bucer, Crammer e Wesley foram grandes teólogos, e
nada além disso. Um evangélico pode ler, gostar e até defender
seus autores preferidos, mas jamais dirão que os mesmos escrevam
inspirados, ou que são para a Igreja um contínua presença e
direção do Espirito Santo. Os adventistas não podem dizer o mesmo
sobre sua profeta.
Outra
declaração interessante podemos encontrar no livro “Nisto
Cremos”, publicação oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Em sua página 291, que introduz um capítulo chamado “O
Espírito de Profecia”, ou seja, o
ministério profético da Sra. White, diz: “Os
Adventistas do Sétimo Dia crêem que um dos dons do Espírito Santo
é a profecia. Esse dom é uma característica da igreja remanescente
e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como mensageira
do Senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de
verdade e proporciona conforto, orientação, instrução e correção
à Igreja. Eles tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve
ser provado todo ensino e experiência”.
Observem
que nessa mesma obra doutrinária oficial do Adventismo, temos as
seguintes ênfases sobre o ministério profético de Ellen G. White:
1)
O dom de Profecia foi dado como distintivo da Igreja Remanescente;
2)
Esse dom de Profecia, distintivo da Igreja Remanescente, foi dado a
Sra. White;
3)
Ellen White é, portanto, continua e autorizada fonte
de verdade, conforto, orientação, instrução e
correção à
Igreja.
Por
si só, tais declarações já colocam os apologistas do Adventismo,
como Bullón, em xeque. Como podem dizer que o Adventismo não
depende de White, se oficialmente reconhecem que é é contínua e
autorizada fonte de verdade, conforte, orientação, instrução e
correção à Igreja? Essa conta, infelizmente, não fecha. Não só
isso! Bullón, como qualquer outro adventista, jamais poderá dizer
que não precisa sua sua profetiza – a menos que negue a fé.
Porque o mesmo livro doutrinário vai dizer que “as
Escrituras declaram que o povo de Deus experimentará nos últimos
dias da história terrestre a plenitude da ira do satânico poder do
dragão... A fim de ajudá-la na sobrevivência em meio ao mais
intenso conflito de todas as Eras, Deus, em sua amorável bondade,
assegura a Seu povo que não o deixará sozinho. O testemunho de
Jesus, o Espírito de Profecia, os guiará em segurança rumo ao
objetivo final” (4).
Por
mais que o próprio Cristo tenha dito algo completamente distinto em
sua promessa de estar pessoalmente com a Igreja até o fim, o
Adventista que deseja o “objetivo final” precisa, ao contrário
do que nos dizes seus apologistas, do apoio da Sra. White.
Felizmente, tudo que a Igreja precisa para não estar sozinha é
obedecer ao Evangelho: “Ide,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo. Ensinando-os a guardar todas as coisas
como eu vos tenho mandado; e eis que estou convosco todos os dias,
até a consumação dos séculos. Amém”
(S.
Mateus 28: 19,20).
Como podem os Adventistas pretenderem que Ellen White é onde está o
auxílio que “os
guiará em segurança ao objetivo final”,
quando Jesus Cristo disse que fará isso pessoalmente? Mesmo assim se
pretendem evangélicos e herdeiros legítimos da reforma. Não o são!
Ainda
assim, a propaganda atual do adventismo tem sido tão eficaz que
muitos cristãos evangélicos titubeiam sobre estes fatos. E ninguém
está obrigado a chegar as mesmas conclusões que eu, se não está
sinceramente convencido. Mas talvez eu possa ajudar os indecisos com
mais uma citação deste mesmo livro doutrinário da Igreja
Adventista. Logo depois de dizer que os escritos de Ellen White
levará os adventistas em segurança para os braços de Cristo, o
mesmo livro apresenta a seguinte ilustração: A vida cristã é como
uma viagem de barco. Deus é o dono do barco, e deu aos passageiros
uma manual perfeito para toda a viagem. Esse manual é a Bíblia
Sagrada. Porém, quase no fim da viagem haverá uma grande
turbulência, com muitos perigos e desafios mortais. Será que o
manual é suficiente? Bem, caro leitor, citemos a ilustração em
suas próprias palavras, para não sermos acusados de distorção:
“Para
esta porção final da viagem – prossegue o autor – providenciei
um piloto, o qual virá ao seu encontro e orientará completamente no
tocante as circunstâncias e perigos dessa porção final da viagem.
Atenda as suas orientações”.
É
amplamente sabido que uma das diferenças entre a Teologia da
Reforma e o ensino da Igreja de Roma está justamente na ideia de que
a Escritura é Suficiente. Mas, a ilustração Adventista para
explicar a utilidade de Ellen White está nos dizendo que o manual,
ou seja a Escritura, não é suficiente! Eles precisam de um piloto –
que, na atualidade, é sua profetiza. O mais terrível é que a
própria ilustração zomba daqueles que imaginar que as Escrituras
são suficiente: “Mas
alguns membros da tripulação erguem-se conta ele no momento em que
ele oferece seus préstimos. 'Possuímos o manual original – dizem
eles – e isso é suficiente!”.
Ou seja, a ilustração critica aqueles que dizem que a Bíblia, o
manual, é suficiente! E continua: “A
partir deste momento, quem está realmente segundo o manual de
orientações? Aqueles que rejeitam o piloto, ou aqueles que o
aceitam, seguindo a orientação do manual? Julgue você mesmo”.
A conclusão da parábola adventista é que os verdadeiros seguidores
da Bíblia não aceitam apenas a Bíblia, mas agarram-se também ao
ministério profético da Sra. White.
Acredito
que aquilo que temos até aqui é mais que suficiente para decidir o
caso. A apologética adventista fundamenta-se sobre uma
auto-contradição insuperável. Por um lado querem fazer crer que
sua única autoridade é a Bíblia, mas por outro lado chegam a
zombar, como fazem na obra Nisto Cremos, daqueles que dizem apenas o
Manual é suficiente. Mas, também será útil verificarmos a opinião
da própria Ellen G. White a respeito desta questão.
SEGUNDA
PARTE:
Ellen
G. White desmente Igreja Adventista
Vamos
recordar que os apologistas do Adventismo nos asseguram que existiam
mesmo sem as visões da Sra. White. Porque a Igreja Adventista é o
que é, e acredita como faz? Segundo seus defensores tudo isso se
deve, exclusivamente ao fato de que seus fundadores foram diligentes
pesquisadores das Escrituras. Porém, mesmo quando tentam defender
essa inverdade histórica, se contradizem. É o que vemos também na
obra doutrina Nisto Cremos: “Os
fundadores da igreja desenvolveram suas crenças fundamentais através
do estudo da Bíblia; não receberam tais doutrinas através das
visões de Ellen White. Seu papel durante o desenvolvimento das
doutrinas da igreja foi orientar a compreensão da Bíblia e
confirmar as conclusões as quais se chegava através do estudo da
Bíblia”.
Temos
aqui, como se vê, duas afirmações contraditórias. Primeiro, os
Adventistas nos garantes que seus fundadores não receberam suas
crenças através das visões de White, e logo em seguida nos diz que
White orientou e confirmou as conclusões que adotavam como corretas.
Ora,
se a primeira afirmação é verdadeira, a segunda é falsa, e
vice-versa! Porque ou eles formaram um corpo doutrinário baseado
apenas
nas Escrituras, ou o fizeram usando as Escrituras junto
com
as visões da Sra. White. Não podem ter feito as duas coisas! E,
como já nos ensinou a ilustração adventista, apenas o Manual não
é suficiente...
O
leitor provavelmente conhece alguma coisa da história do
Adventismo. Resumindo, ele começou quando membros de várias Igrejas
resolveram que seguiram o falso mestre Guilherme Miller. Nada do
previsto por Miller se realizou, e seus seguidores ficaram
desapontados com seus cálculos enganosos sobre a data da Segunda
Vinda. Muitos deles retornaram às suas antigas congregações, em
sua maioria ortodoxas e fiéis as Escrituras. Mas nem todos se deram
por vencidos. Muitos deles insistiram na data, mas precisavam a todo
custo justificar seus elaborados cálculos. Não era uma tarefa
fácil, de modo que eles se apegaram a uma valiosa muleta: as visões
da Sra. White. E não sou eu quem afirma isso, mas ela própria, como
veremos em suas próprias palavras. O parágrafo a seguir é de
inteira autoria da Sra. White.
“Muitos
de nosso povo não reconhecem quão firmemente foram lançados os
alicerces de nossa fé. Meu esposo, o Pastor José Bates, o Pai
Pierce, o Pastor [Hiram] Edson, e outros que eram inteligentes,
nobres e verdadeiros, achavam-se entre os que, expirado o tempo em
1844, buscavam a verdade como a tesouros escondidos. Reunia-me com
eles, e estudávamos e orávamos fervorosamente. Muitas vezes
ficávamos reunidos até alta noite, e às vezes a noite toda,
pedindo luz e estudando a Palavra. Repetidas vezes esses irmãos se
reuniram para estudar a Bíblia, a fim de que conhecessem seu sentido
e estivessem preparados para ensiná-la com poder. Quando, em seu
estudo, chegavam a ponto de dizerem: "Nada mais podemos
fazer", o
Espírito do Senhor vinha sobre mim, e eu era arrebatada em visão, e
era-me dada uma clara explanação das passagens que estivéramos
estudando, com instruções quanto à maneira em que devíamos
trabalhar e ensinar eficientemente. Assim nos foi proporcionada luz
que nos ajudou a compreender as passagens acerca de Cristo, Sua
missão e sacerdócio.
Foi-me tornada clara uma cadeia de verdades que se estendia daquele
tempo até ao tempo em que entraremos na cidade de Deus, e transmiti
aos outros as instruções que o Senhor me dera” (5).
Os
modernos apologistas do Adventismo não estavam presentes quanto o
movimento estabeleceu suas crenças fundamentais; Ellen G. White,
porém, estava, e nos deixou uma descrição bem precisa de como tudo
aconteceu. Segundo ela, na busca desesperada por uma justificativa
para as falsas previsões do herege Miller, os fundadores reuniam-se
para estudarem as Escrituras. A media que as horas passavam, e várias
teorias eram apresentadas sem chegarem a um acordo, eles simplesmente
reconheciam sua impotência diante do desafio auto-imposto, e
clamavam “Nada mais podemos fazer!”. Essas são palavras
da própria White, profetiza e testemunha daqueles dias. Mas, se não
conseguiam discernir qual a verdade através do estudo das
Escrituras, como o fizeram? White responde sem nenhuma cerimônia: “o
Espírito do Senhor vinha sobre mim, e eu era arrebatada em visão, e
era-me dada uma clara explanação das passagens que estivéramos
estudando”;
foi assim, e não pelo Estudo Bíblico, que “
nos foi proporcionada luz que nos ajudou a compreender as passagens
acerca de Cristo, Sua missão e sacerdócio”,
explica a profetiza.
A
própria Sra. White admite que não entendia nada de teologia, ou de
exegése, sendo absolutamente incapaz de sequer compreender as várias
teorias que eram propostas: “Durante todo o tempo eu não podia
compreender o arrazoamento dos irmãos. Minha mente estava por assim
dizer fechada, não podia compreender o sentido das passagens que
estudávamos. Esta foi uma das maiores tristezas de minha vida.
Fiquei neste estado de espírito até que nos fossem tornados claros
todos os pontos principais de nossa fé, em harmonia com a Palavra de
Deus. Mas isso não era problema para uma... profeta!
Sem qualquer rodeio ela comenta que “Fiquei neste
estado de espírito até que nos fossem tornados claros todos os
pontos principais de nossa fé, em harmonia com a Palavra de Deus. Os
irmãos sabiam que, quando não em visão, eu não compreendia esses
assuntos, e aceitaram como luz direta do Céu as revelações dadas”.
Mas agora, desmentindo sua própria mentora, os Adventistas querem
nos convencer que sua Igreja segue apenas as Escrituras? Ora, ela
mesmo admite que os fundadores, e ela, não foram capaz de
estabeleceu suas crenças fundamentais!
Esta
mesma verdade histórica é assumida no livro adventista “Cristo em
Seu Santuário”, onde o autor, num capítulo com o sugestivo
título A Verdade Estabelecida Pelo Testemunho do Espírito,
afirma: “As visões dadas a Ellen White, conquanto não
alcançando além do estudo da Bíblia, confirmavam a
solidez da posição assumida de que uma importante
fase do ministério de Cristo no santuário celestial tivera início
em 22 de outubro de 1844. Gradualmente a largura e a
profundidade do assunto abriram-se perante os crentes do advento.
Olhando retrospectivamente à experiência nos últimos anos, ela
relembrou seus estudos e as manifestas provas da mão guiadora de
Deus”.
Observe
que Ellen G. White abertamente contradiz os apologistas de sua
igreja, como Bullón, os quais afirmam que não precisam dela, ou
minimizam seu valor e importância para o estabelecimento da Fé
Adventista. Talvez desconheçam que até mesmo quando alguém
questionava as decisões doutrinárias que os fundadores iam tomando,
os conflitos não eram resolvidos através de mais estudo das
Escrituras, mas sim através das visões de sua profetiza, como ela
mesmo confessa: “Naquele
tempo, erro após erro procurava forçar entrada entre nós;
ministros e doutores introduziam novas doutrinas. Nós estudávamos
as Escrituras com muita oração,
e o Espírito Santo nos trazia ao espírito a verdade”
(6). Visões e profecias modernas são o método usado por uma igreja
Bíblica para solucionar conflitos doutrinários? Segundo Ellen White
a resposta é sim: “Por
vezes noites inteiras eram consagradas à pesquisa das Escrituras, a
pedir fervorosamente a Deus Sua guia. Juntavam-se para esse fim
grupos de homens e mulheres pios. O
poder de Deus vinha sobre mim, e eu era habilitada a definir
claramente o que era verdade ou erro.Ao
serem assim estabelecidos os pontos de nossa fé, nossos
pés se colocavam sobre um firme fundamento”.
O
mais assustador nisso é que Ellen White se alegra em dizer que fé
adventista se firma sobre “um firme fundamento”. Mas, como ela
tinha essa convicção? Pelo estudo das Escrituras? Infelizmente não,
sua certeza, e a certeza de seus seguidores de então, nascia do
[suposto] fato de que ela, como mensageira de Deus, tinha acesso a
visões celestiais, e assim era capaz de revelar quais dos estudantes
das Escrituras estava com a interpretação verdadeira! Aqui entre
nós: assim era fácil vencer qualquer debate, né? Bastava chamar a
profetiza: “Aceitávamos
a verdade ponto por ponto, sob a demonstração do Espírito Santo.
Eu era arrebatada em visão, e eram-me feitas explanações. Foram-me
dadas ilustrações de coisas celestiais, e do santuário, de modo
que fomos colocados em posição onde a luz sobre nós resplandecia
em raios claros e distintos. Eu
sei que a questão do santuário se firma em justiça e verdade, tal
como a temos mantido por tantos anos”.
Até
mesmo sobre se deviam ou não restaurar a guarda do Sétimo Dia, a
certeza veio a eles através das visões de sua profeta, e não por
meio do Estudo Bíblia apenas (como gostam de dizer): “O
santo sábado tinha aparência gloriosa - um halo de glória o
circundava. Vi que o mandamento do sábado não fora pregado na cruz.
Se tivesse sido, os outros nove mandamentos também o teriam, e
estaríamos na liberdade de transgredi-los a todos, bem como o quarto
mandamento. Vi que Deus não havia mudado o sábado, pois Ele jamais
muda” (7).
E,
se algum teólogo ou estudante das Escrituras descobria alguma falha
nos ensinos da seita, rapidamente a autoridade de Ellen White era
evocada. É a própria profetiza quem nos conta esse detalhe ao
comentar sobre um tal Pastor G em um se seus livros. Acompanhe:
“Tenho
estado a suplicar ao Senhor força e sabedoria para reproduzir os
escritos das testemunhas que foram confirmadas na fé e na primitiva
história da mensagem. Após a passagem do tempo em 1844, eles
receberam a luz e andaram na luz, e quando os homens que pretendiam
possuir novo esclarecimento vinham com suas maravilhosas mensagens
acerca de vários pontos da Escritura, tínhamos, pela atuação do
Espírito Santo, testemunhos bem definidos, que excluíam a
influência de mensagens como as que o Pastor G tem devotado o tempo
a apresentar. Esse
pobre homem tem estado a trabalhar decididamente contra a verdade
confirmada pelo Espírito Santo. Quando o poder de Deus testifica
daquilo que é a verdade, essa verdade deve permanecer para sempre
como a verdade. Não devem ser agasalhadas quaisquer suposições...”
(8).
O
erro do “pobre Pastor G”, como White o chama, foi questionar a
famosa Doutrina do Santuário, ao invés de analisar seus argumentos biblicamente, a profetiza simplesmente o destruiu alegando que a
doutrina oficial da seita havia sido confirmada por suas visões, e
portanto, devem permanecer para sempre. Se um Adventista lhe disse
que sua Igreja pode mudar de opinião se alguém lhe mostrar a
verdade bíblica, está mentindo. Ele não pode fazer isso, e o
Pastor G é uma prova histórica disso. Os Adventistas não podem
mudar seu modo de pensar, institucionalmente falando, porque acreditam
exatamente como sua profetiza: “quando
o poder de Deus testifica daquilo que é a verdade, deve perm[ para
sempre”.
Por
tudo o que vimos na primeira e segunda parte deste estudo, resta-nos
apenas uma conclusão óbvia e inescapável: o Adventismo do Sétimo
Dia deve, com muita propriedade, ser classificado junto com todos os
outros falsos reformadores que surgiram, e ainda virão, na História
da Igreja. E, uma vez que seu fundamento é falso, por não ter a
Bíblia como suficiente, todo seu castelo teológico cai por terra.
____
(4)
Nisto Cremos, 298.
(5)
Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 206 e 207.
(6)
Obreiros Evangélicos, págs. 302 e 303.
(7)
Primeiros Escritos, págs. 32 e 33.
(8)
Cristo Em Seu Santuário, pg. 16.
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