O ator Mark Wahlberg e a esposa na Quarta-feira de Cinzas.
Rev. Marcelo Lemos
Já
falamos das cores que normalmente se fazem presentes no tempo da
Quaresma. Além das cores temos ainda a presença das cinza,
especialmente na Quarta-feira de Cinzas, cujo nome nasceu do costume
de desenhar na fronte dos fiéis, com as cinzas oriundas da queima
dos ramos usados no Domingo de Ramos, o sinal da Cruz.
Para
alguns cristãos modernos, desacostumados com o rico tesouro
espiritual da Igreja, o uso das cinzas parece algo sem sentido,
supersticioso até. Nada mais longe da verdade. Na linguagem bíblica pano de saco e cinzas estão presentes em vários momentos de arrependimento,
tanto pessoal quanto comunitário. Ou em momentos marcados por
profunda tristeza. "Quando soube Mordecai tudo quanto se havia
passado, rasgou as suas vestes, e se cobriu de pano de saco e cinza,
e, saindo, pela cidade, clamou com grande e amargo clamor"
(Ester 4:1). "Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se
em Tiro e em Sidom, se tivessem operando os milagres que em vós se
fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano
de saco e cinza" (S. Lucas 10:13).
As
cinzas são um sinal externo, visível, de uma disposição interna.
Por este sinal somos convidados a nos apresentar a Deus com um
coração contrito, coisa que Deus não ignora: "Os sacrifícios
para Deus são o espirito quebrantado; a um coração quebrantado e
contrito não desprezarás, ó Deus" (Salmos 51:17). Não é,
poranto, o sinal externo que Deus deseja, mas a disposição interna,
a do coração. O sinal externo das cinzas nos é dado pela Igreja
para ensino. Na Quaresma aprendemos a dimensão das nossas faltas, o
valor do arrependimento e da confissão, e a grandiosidade da graça
de Deus.
Oração:
ONIPOTENTE
Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, Criador de todas as coisas,
Juiz de todos os homens; nós reconhecemos e deploramos nossos muitos
pecados e iniquidades, os quais, de tempos em tempos, temos mui
lamentavelmente cometido por pensamento, palavra e ação, contra tua
Divina Majestade, provocando, mui justamente, tua ira e indignação
contra nós, cujo fardo nos é intolerável. Tem misericórdia de
nós; tem misericórdia de nós, ó Pai de misericórdia. Por amor de
teu Filho, Nosso Senhor Jesus Cristo, perdoa-nos todo o passado, e
concede que daqui por diante sirvamos-te e agrademos-te em novidade
de vida, para a honra e glória do teu Nome; por Jesus Cristo,
Nosso Senhor. Amém. (Oração extraída da Ordem para a Santa
Comunhão, segundo uso da Free Church of England).
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