Rev. Macelo Lemos
Um artigo publicado no The Gospel Coaliton observa que nos
últimos anos muitos jovens evangélicos tem mostrado interesse pelo
tempo da Quaresma. Eu diria que o interesse é não apenas pela Quaresma, mas pela liturgia, pela mística, pelos Pais da Igreja e assim por
diante. Em minha experiência pessoal tenho encontrado dezenas de jovens
que experimentam esse 'despertar', e é uma honra ser mentor de alguns deles.
E já que estamos vivenciando mais um perído quaresmal, é justo perguntar: evangélicos podem participar da
Quaresma?
A resposta é sim! Tome como exemplo minha própria comunidade de fé, a Free Church of England (também chamada Igreja Anglicana Reformada do Brasil). Trata-se de uma Igreja Episcopal, Liturgica e Evangélica. Outras comunidades também partilham dessa experiência, como as luteranas e metodistas, e até mesmo pentecostais. Se causa alguma estranheza evangélicos vivenciando a experiência da Quaresma não é por tal coisa não existir. Dito isso, explicarei do que trata a Quaresma, e também
farei algumas recomendações que julgo importantes.
O que a Quaresma propôe?
Confissão. Todos nós precisamos confessar a Deus os nossos pecados. Que tal se reservássemos um tempo a sós com Deus, para analisarmos como e em que ofendemos a Ele? Você ainda recorda dos mandamentos do Senhor? Sabe o quanto tem sido incapaz de cumprí-los?
Arrependimento. Aquele que confessa e deixa alcança misericórdia (Pv. 28:13). Sempre é tempo para nos arrependermos! Arrepender-se é lamentar nossas faltas, e estarmos contritos diante de Deus, que é Santo! E isso nos leva ao próximo ponto.
Mortificação. A mortificação é um exercício espiritual salutar para o cristão. As Escrituras nos advertem a “Sede
renovados no espírito de vosso entendimento e revesti-vos do novo homem
que foi criado, segundo Deus, na justiça e santidade da verdade” [Ef
4.23, 24]. Também, em outro lugar: “Revestindo-vos do novo homem que se renova segundo o conhecimento e a imagem daquele que o criou” [Cl 3.10]. Alguns exercícios podem nos auxiliar aqui: a leitura da Palavra de Deus, a Meditação, a Oração, o Jejum, a Eucarístia, dentre outros.
Agora que meditamos nestas coisas, passemos a alguns conselhos que julgo importantes.
Viva a Quaresma em liberdade. Uma coisa que os evangélicos devem valorizar é sua liberdade em Cristo. O legalismo só produz morte, e nada mais. Para nós, anglicanos, é fundamental a afirmação de que ninguém pode impor nada a outrem, a menos que tal imposição esteja claramente nas Escrituras:
"As Escrituras contém todas as coisas necessárias para a salvação; de
modo que tudo o que nela não se lê, nem por ela se pode provar, não deve
ser exigido de pessoa alguma que seja crido como artigo de Fé ou
julgado como exigido ou necessário para a salvação" (Artigo VI).
Se você sente o desejo de viver os benefícios do tempo quaresmal, viva-o com liberdade. Mas, e se achar esses 40 dias desnecessários? Neste caso você não peca! Também não queira impor sua experiência aos outros. O mais importante é que vivamos o espírito quaresmal em todo o tempo!
Viva a Quaresma com humildade. Esse conselho deveria ser desnecessário, afinal, se é um tempo de confissão e arrependimento, não há lugar para o ego. Mas é comum que algumas pessoas descubram tesouros da Igreja e pensem que são melhores que as demais. Não deve haver espaço para orgulho espiritual na vida do cristão.
Viva a Quaresma com discernimento. Será que é preciso um tempo de 40 dias para aprendermos e praticamos certos exercícios espirituais, como a confissão? Não! Será que quando dedicamos uma quantidade de dias a tais exercícios podemos deixá-los de lado no restante do ano? Também não! Com a Quaresma o que a Igreja pretende é nos ensinar, não nos prender numa caixinha ritualista.
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