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Formação Ministerial
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Discernimento Vocacional
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Teologia Vocacional

Ser um Obrero Aprovado

“Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”

2 Timóteo 2:15

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VOCÊ SABIA?

Os recursos que você investe em sua formação teologia e ministerial na Academia de Liderança da NAMS é integralmente revertido para a obra missionária no Brasil e na Ásia. Atualmente temos um posto avançado de plantadores de Igrejas no Brasil e apoiamos a formação de cerca de 200 obreiros em países da Ásia em regiões de maioria muçulmana. Você é parte dessa missão!

Saiba mais
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REVISTA BÁCULO

Com mais de 5 anos de existência, a Revista Báculo já é um marco importante da mídia evangélica no Brasil. Todos os meses, nossa revista proporciona ao leitor artigos, estudos, entrevistas e análises relevantes para a vida cristã e para o ministério. Aqui no site você tem acesso a todas as edições já publicadas.

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Nosso Blog

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FORMAÇÃO MINISTERIAL

Ao estudar com a gente você apoia a obra missionária no Brasil e na Ásia e conta com um conteúdo de primeira qualidade! E você pode escolher quais módulos se encaixam melhor em sua formação teológica e ministerial. Além disso, ao completar os créditos educativos necessários você adquire o Diploma de Bacharel em Teologia chancelado pela New Anglican Missionary Society (NAMS)

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DISCERNIMENTO VOCACIONAL

Nós ajudamos você a descobrir o chamado de Deus para a sua vida. E mais do que isso, te ajudamos a discernir como o chamado de Deus para o seu Ministério pessoal se conecta com o contextual atual da Igreja no mundo. Mais do que nunca, precisamos de pessoas comprometidas com o Evangelho denuíno no Brasil e no mundo. Seja parte da mudança.

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RESIDÊNCIA MISSIONÁRIA

Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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TEOLOGIA VOCACIONAL

A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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Por Que Somos Litúrgicos?



Rev. Marcelo Lemos


Em dois artigos que publicamos aqui no blog - "Por que somos anglicanos?" e "Cranmer: convite a um mártir evangelico" - já pincelamos algumas ideias sobre o papel, a validade e a importância da Liturgia na vida da Igreja. No presente artigo vamos falar exclusivamente sobre Liturgia, e as razoes que nos fazem cultiva-la firmemente em nossa espiritualidade anglicana. Evidentemente o próprio leitor poderá pensar em outras razoes, mas desejamos ser breves e focar nos argumentos mais importantes. Nossa abordagem ira analisar dois pontos principais, a saber:

Somos litúrgicos porque somos católicos.

Somos litúrgicos porque somos bíblicos.

Ao participar de um culto anglicano regular algumas diferenças saltam a vista para aquele que chega da maioria das tradições evangélicas.


Primeiro, a maioria vai se dar conta da diferença na disposição dos moveis. Comumente, uma comunidade anglicana deve ter uma mesa de madeira ao centro, um átrio e um púlpito nas laterais. O centro do culto é a Eucaristia, quando Cristo convida seus filhos a Mesa da Comunhão.  O átrio, onde os Leitores leem as Escrituras apontadas no Lecionário, e o Púlpito, onde o pregador expõe as leituras. Eles são colocados lateralmente, em lados opostos. Estão separados para que a comunidade compreenda que o Leitor lê a Palavra de Deus, infalível, no Átrio; por seu turno o pregador, quando a expõe no Púlpito, pode errar. A Escritura lida é infalível, a mensagem do pregador não.

Mais evidente é a diferença que se pode ver nos oficiais do culto. Eles vestem uma alva, ou então uma sobrepeliz, que cobre uma camisa preta com seu colarinho clerical, branco. Presbíteros e diáconos ainda trazem um tipete preto que lhes cai, do pescoço, ao lado do corpo, enquanto os diáconos a podem trazer como uma faixa amarrada transversalmente. Se ha um ministro leigo, o mesmo trara um tipete na cor azul. O Bispo, por sua vez, pode se apresentar ainda mais "enfeitado": sua camisa clerical deve ser da cor roxa, e sobre a alva deve vestir também uma chimarra vermelha. Em liturgias mais solenes, como em consagrações, ele pode levar consigo um baculo - especie de cajado. Alguns também levam sobre suas cabeças um tipo de mitra.

Quanto ao culto propriamente dito outras peculiaridades saltam aos olhos. Claramente os paroquianos estarão acompanhando o serviço religioso em algum tipo de boletim impresso, ou diretamente no Livro de Oração Comum. Eles citam as Escrituras em praticamente 90% de todo o serviço de adoração; oram o Pai Nosso; oram ou cantam algum dos Credos Universais; leem algumas Orações e Coletas; ficam de pé em alguns momentos, e se ajoelham em outros. Nao ha bagunça, nem histerismos - ainda que algumas comunidades sejam mais abertas aos dons carismáticos que outras. O que ha, notadamente, é ordem e decência, alem de uma clara intenção para que todo o culto sirva para a edificação dos adoradores.

Mas, sera que existiria alguma boa razão para a Igreja de Cristo manter uma liturgia formal e oficial?

Observe que nossa pergunta fala de boa razão para se ter uma liturgia "formal e oficial", e não simplesmente "liturgia". Em muitos sentidos toda comunidade crista tem algum tipo de liturgia, ainda que a mesma aconteça informalmente, ou completamente de improviso. Ter uma liturgia bem estabelecida é justamente o diferencial do Anglicanismo, e também de outros ramos importantes do Cristianismo (romanos, orientais, luteranos, metodistas, etc). Dito isto, vamos analisar as boas razoes para que isto seja assim.

Somos litúrgicos porque somos Católicos. 

O Credo dos Apóstolos, um dos maiores tesouros teológicos da Cristandade, nos convida a confessar "Creio na Santa Igreja Católica", e o Credo de Atanásio, que venceu a heresia dos arianos, ameaça: "Esta é a fé Católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar".

Engana-se aqueles que imaginam os Reformadores como homens que desejaram romper com a Igreja, ou criar uma nova. Eles viam a si mesmo como filhos da Igreja, que desejavam reforma-la, não destruí-la. Por isso, acabaram rompendo com Roma, mas desejaram intensamente permanecer apegados a Igreja de sempre, ou seja, a Igreja universal - que em latim de diz "católica". Isso explica, por exemplo, porque os grandes reformadores, como Lutero e Calvino, constantemente citavam os Pais da Igreja com a intenção de justificar sua teologia, argumentando que o Papado, e não eles, estava sendo infiel com a fé católica.

Aquilo que para muitos hoje se conhece por "catolicismo", os Reformadores chamariam de "romanismo" ou "papismo". Nas palavras de Lutero, o "Cativeiro Babilônico da Igreja".

Podemos diferenciar, portanto, "catolicismo" de "catolicismo romano", segundo a visão que os Reformadores nutriam sobre a Igreja. Sendo a Igreja, nas palavras de Lutero, aquela que "nos faz nascer e [nos] guia pela Palavra",  sendo portanto nossa "mãe", ou nas de Calvino, "aqueles de quem [Deus] é Pai, a Igreja também é mãe", nada mais ilógico que tentar lutar contra ela, coisa que os Reformados certamente não fizeram, ainda que tenham lutado contra os abusos de Roma e do Papado.

Ser parte da Igreja de sempre nos conduz a Liturgia. Apenas com alguns reformadores "radicais" se pretendeu - sem sucesso - um serviço cristão destituído de "liturgia". Sem sucesso, porque é impossível adorar sem liturgia, até mesmo as comunidades mais informais possuem seus padrões de culto. Como Reformados rejeitamos aquilo que, na Liturgia, identificamos com erros teologios do Papa. Nao oramos pelos mortos, nem dirigimos orações a eles. Nao adoramos o "pão e o vinho", nem nos banhamos com água benta. Mas tudo aquilo que é espiritualmente saudável, bíblico, e auxilia nosso aprendizado e comunhão com Cristo, guardamos e mantemos.

Somos litúrgicos porque somos bíblicos.

Atualmente parece que estamos cercados por um exercito de leitores de Frank A. Viola, autor de "Cristianismo Pagão". Defende-se largamente em nossos dias que a adoração crista primitiva era, digamos, 'improvisada'. E parece ser este o sentido que se pretende dar a afirmação paulina de que "onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade" (II Cor. 3.17). Todavia, ao contrario do que os discípulos de Viola imaginam, o culto primitivo não era 'livre' no sentido por eles pretendido. Podemos, com grande facilidade, identificar alguns elementos ordinários e bem fixados na adoração publica dos cristãos.
  • A adoração na Sinagoga. Em diversas passagens vemos Jesus, e seus discípulos, adorando a Deus em Sinagogas, como em Atos 15:21 e S. Lucas 4:16-22). Posteriormente os cristãos se reuniriam em casas, cavernas e sepulturas. Isso não significa, como querem alguns, que fossem contra "templos cristãos", mas que as circunstancias não lhes permitiam tais privilégios - como as perseguições. Alegar que Deus jamais ordenou a construção de "Igrejas" (prédios) eh irrelevante, pois também jamais ordenou a construção de Sinagogas, e Ele mesmo se fez presente nelas quando habitou entre os homens. 
  • A Leitura e Exposição das Escrituras. Tanto Cristo quando seus Apóstolos centralizaram seus ministérios na Pregação da Palavra de Deus. Ainda enquanto o Novo Testamento era redigido, sabe-se que os escritos de S. Paulo já eram consideramos "Escrituras", e todas as Igrejas eram ordenadas "lerem" seus textos nos cultos públicos - 2 Pedro 3:15-17;. Cf 1 Ts 5:27; Col 4:16. Nem todos tinham acesso aos livros do Novo Testamento, pois não havia se inventado a imprensa, de modo que em todas as comunidades haviam leitores que, diante da congregação, liam porções enormes das Escrituras, ou mesmo livros inteiros. Por isso o Apocalipse de S. João promete aos anciãos das Sete Igrejas da Asia, que receberam suas cartas reveladas na Ilha de Patmos, que "Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia" (Apoc. 1:3).
  • Salmos e outros hinos na adoração primitiva. Fato facilmente comprovado em textos como Colossenses 3:16, Efésios 5:18-20.
  • Batismo e Eucaristia (Ceia do Senhor), ministrados regularmente nos serviços de adoração dos primeiros crentes. Marcos 14:12-27; Matt 26:17-30, Lucas 22:7-39 - comparem com 1 Cor 11:23-25. Esse "partir do pão", provavelmente se dava todos os dias no inicio da Igreja, como se nota em Atos 2:42-47. Os católicos romanos mantem a Eucaristia diariamente, o que também era, inicialmente o desejo de Lutero, que acabou adotando sua celebração semanal. Também Calvino batalhou até o fim da vida para que a Ceia do Senhor fosse celebrada mais frequentemente em Genebra. 
  • Apocalipse de S. João. Scott Han, ex-protestante que se converteu ao Catolicismo Romano, deixou o protestantismo ao descobrir, numa visita, quanto a Missa era parecida com o culto celestial descrito no Apocalipse. Nos, anglicanos, não precisamos deixar a Reforma para viver o culto que Deus fez João assistir em sua visão. David Chilton, teólogo protestante e pos-milenista, também acredita que o culto cristão deve refletir o culto celestial, porque é uma antecipação do céu. Em seu livro "Dias de Vingança", maravilhosa exposição do Apocalipse, ele dedica um capitulo a falar sobre "Liturgia e Historia".
"Deus faz chover seus juízos sobre a terra em resposta especifica a adoração litúrgica de seu povo. Como parte do serviço formal e oficial no céu, o anjo do altar oferece as orações da comunidade a Deus; e Deus responde suas orações, atuando na Historia em favor dos santos. A intima conexão entre a Liturgia e a Historia é um fato inescapável, um fato que nao podemos dar ao luxo ignorar... a adoração oficial da comunidade do Pacto é cosmicamente significativa" - CHILTON, David; Dias de Vingança. 
Nao pertencemos a uma seita, mas a Igreja de sempre. John Fenwick, Bispo Primaz da nossa querida Free Church Of England, em seu livro sobre a historia da nossa Igreja, afirma que somos parte da "igreja de sempre, contudo, purificada". O mesmo vale para o nosso culto. Temos o culto que os cristãos sempre tiveram, essencialmente; contudo, reformamos aquilo que homens acrescentaram por sua conta e risco. Somos, portanto, cristãos católicos reformados.

E acima de tudo, somos bíblicos. 

2 comentários:

  1. Muito bom este artigo mais quanto a mitra , esta foi reintroduzida na igreja da Inglaterra pelo arcebispo Lang ja que ele era fortemente associado ao movimento de Oxford entao seria difficil aceitar esta accesorio com anglicano ja que nao fazia parte de sua tradiçao pos-reforma. Podemos pensar o mesmo das estolas reintroduzida pelos anglo catolicos. Deixo inclusive o link de um artigo da church society : http://archive.churchsociety.org/crossway/documents/Cway_106_WheatonRoman.pdf

    Deus lhe abençoe e espero ver ainda mais artigos seus sobre anglicanismo.

    ResponderExcluir
  2. Adam, que bom ter o irmao aqui, e sua participaçao foi muito importante e de conteudo, Obrigado. Estaremos sim, querendo Deus, publicando mais material sobre este e outros temas ligados ao anglicanismo, e desejamos ve-lo aqui mais vezes.

    Paz e bem!

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Nossa escola é chancelada pela New Anglican Missionary Society(NAMS), sediada na Carolina do Sul (EUA). Apoiamos a NAMS em suas iniciatias missionárias ao redor do mundo, como é o caso da Residência Missionária, um projeto ousado que possibilita estar a serviço da Igreja de Cristo em diversos locais do mundo.

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A Vocação Cristã não se limita aos dons ministeriais ou ao Ministério Ordenado. Na verdade, uma das grandes contribuições de Lutero para a teologia cristã foi uma visão bíblica da vocação, na qual cada pessoa, cada profissão e cada ato da Igreja no mundo é parte da missão do Deus Trinitariano na História. Esse curso irá transformar sua visão da vida e da vocação cristãs.

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Por Que Somos Litúrgicos?



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Em dois artigos que publicamos aqui no blog - "Por que somos anglicanos?" e "Cranmer: convite a um mártir evangelico" - já pincelamos algumas ideias sobre o papel, a validade e a importância da Liturgia na vida da Igreja. No presente artigo vamos falar exclusivamente sobre Liturgia, e as razoes que nos fazem cultiva-la firmemente em nossa espiritualidade anglicana. Evidentemente o próprio leitor poderá pensar em outras razoes, mas desejamos ser breves e focar nos argumentos mais importantes. Nossa abordagem ira analisar dois pontos principais, a saber:

Somos litúrgicos porque somos católicos.

Somos litúrgicos porque somos bíblicos.

Ao participar de um culto anglicano regular algumas diferenças saltam a vista para aquele que chega da maioria das tradições evangélicas.


Primeiro, a maioria vai se dar conta da diferença na disposição dos moveis. Comumente, uma comunidade anglicana deve ter uma mesa de madeira ao centro, um átrio e um púlpito nas laterais. O centro do culto é a Eucaristia, quando Cristo convida seus filhos a Mesa da Comunhão.  O átrio, onde os Leitores leem as Escrituras apontadas no Lecionário, e o Púlpito, onde o pregador expõe as leituras. Eles são colocados lateralmente, em lados opostos. Estão separados para que a comunidade compreenda que o Leitor lê a Palavra de Deus, infalível, no Átrio; por seu turno o pregador, quando a expõe no Púlpito, pode errar. A Escritura lida é infalível, a mensagem do pregador não.

Mais evidente é a diferença que se pode ver nos oficiais do culto. Eles vestem uma alva, ou então uma sobrepeliz, que cobre uma camisa preta com seu colarinho clerical, branco. Presbíteros e diáconos ainda trazem um tipete preto que lhes cai, do pescoço, ao lado do corpo, enquanto os diáconos a podem trazer como uma faixa amarrada transversalmente. Se ha um ministro leigo, o mesmo trara um tipete na cor azul. O Bispo, por sua vez, pode se apresentar ainda mais "enfeitado": sua camisa clerical deve ser da cor roxa, e sobre a alva deve vestir também uma chimarra vermelha. Em liturgias mais solenes, como em consagrações, ele pode levar consigo um baculo - especie de cajado. Alguns também levam sobre suas cabeças um tipo de mitra.

Quanto ao culto propriamente dito outras peculiaridades saltam aos olhos. Claramente os paroquianos estarão acompanhando o serviço religioso em algum tipo de boletim impresso, ou diretamente no Livro de Oração Comum. Eles citam as Escrituras em praticamente 90% de todo o serviço de adoração; oram o Pai Nosso; oram ou cantam algum dos Credos Universais; leem algumas Orações e Coletas; ficam de pé em alguns momentos, e se ajoelham em outros. Nao ha bagunça, nem histerismos - ainda que algumas comunidades sejam mais abertas aos dons carismáticos que outras. O que ha, notadamente, é ordem e decência, alem de uma clara intenção para que todo o culto sirva para a edificação dos adoradores.

Mas, sera que existiria alguma boa razão para a Igreja de Cristo manter uma liturgia formal e oficial?

Observe que nossa pergunta fala de boa razão para se ter uma liturgia "formal e oficial", e não simplesmente "liturgia". Em muitos sentidos toda comunidade crista tem algum tipo de liturgia, ainda que a mesma aconteça informalmente, ou completamente de improviso. Ter uma liturgia bem estabelecida é justamente o diferencial do Anglicanismo, e também de outros ramos importantes do Cristianismo (romanos, orientais, luteranos, metodistas, etc). Dito isto, vamos analisar as boas razoes para que isto seja assim.

Somos litúrgicos porque somos Católicos. 

O Credo dos Apóstolos, um dos maiores tesouros teológicos da Cristandade, nos convida a confessar "Creio na Santa Igreja Católica", e o Credo de Atanásio, que venceu a heresia dos arianos, ameaça: "Esta é a fé Católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar".

Engana-se aqueles que imaginam os Reformadores como homens que desejaram romper com a Igreja, ou criar uma nova. Eles viam a si mesmo como filhos da Igreja, que desejavam reforma-la, não destruí-la. Por isso, acabaram rompendo com Roma, mas desejaram intensamente permanecer apegados a Igreja de sempre, ou seja, a Igreja universal - que em latim de diz "católica". Isso explica, por exemplo, porque os grandes reformadores, como Lutero e Calvino, constantemente citavam os Pais da Igreja com a intenção de justificar sua teologia, argumentando que o Papado, e não eles, estava sendo infiel com a fé católica.

Aquilo que para muitos hoje se conhece por "catolicismo", os Reformadores chamariam de "romanismo" ou "papismo". Nas palavras de Lutero, o "Cativeiro Babilônico da Igreja".

Podemos diferenciar, portanto, "catolicismo" de "catolicismo romano", segundo a visão que os Reformadores nutriam sobre a Igreja. Sendo a Igreja, nas palavras de Lutero, aquela que "nos faz nascer e [nos] guia pela Palavra",  sendo portanto nossa "mãe", ou nas de Calvino, "aqueles de quem [Deus] é Pai, a Igreja também é mãe", nada mais ilógico que tentar lutar contra ela, coisa que os Reformados certamente não fizeram, ainda que tenham lutado contra os abusos de Roma e do Papado.

Ser parte da Igreja de sempre nos conduz a Liturgia. Apenas com alguns reformadores "radicais" se pretendeu - sem sucesso - um serviço cristão destituído de "liturgia". Sem sucesso, porque é impossível adorar sem liturgia, até mesmo as comunidades mais informais possuem seus padrões de culto. Como Reformados rejeitamos aquilo que, na Liturgia, identificamos com erros teologios do Papa. Nao oramos pelos mortos, nem dirigimos orações a eles. Nao adoramos o "pão e o vinho", nem nos banhamos com água benta. Mas tudo aquilo que é espiritualmente saudável, bíblico, e auxilia nosso aprendizado e comunhão com Cristo, guardamos e mantemos.

Somos litúrgicos porque somos bíblicos.

Atualmente parece que estamos cercados por um exercito de leitores de Frank A. Viola, autor de "Cristianismo Pagão". Defende-se largamente em nossos dias que a adoração crista primitiva era, digamos, 'improvisada'. E parece ser este o sentido que se pretende dar a afirmação paulina de que "onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade" (II Cor. 3.17). Todavia, ao contrario do que os discípulos de Viola imaginam, o culto primitivo não era 'livre' no sentido por eles pretendido. Podemos, com grande facilidade, identificar alguns elementos ordinários e bem fixados na adoração publica dos cristãos.
  • A adoração na Sinagoga. Em diversas passagens vemos Jesus, e seus discípulos, adorando a Deus em Sinagogas, como em Atos 15:21 e S. Lucas 4:16-22). Posteriormente os cristãos se reuniriam em casas, cavernas e sepulturas. Isso não significa, como querem alguns, que fossem contra "templos cristãos", mas que as circunstancias não lhes permitiam tais privilégios - como as perseguições. Alegar que Deus jamais ordenou a construção de "Igrejas" (prédios) eh irrelevante, pois também jamais ordenou a construção de Sinagogas, e Ele mesmo se fez presente nelas quando habitou entre os homens. 
  • A Leitura e Exposição das Escrituras. Tanto Cristo quando seus Apóstolos centralizaram seus ministérios na Pregação da Palavra de Deus. Ainda enquanto o Novo Testamento era redigido, sabe-se que os escritos de S. Paulo já eram consideramos "Escrituras", e todas as Igrejas eram ordenadas "lerem" seus textos nos cultos públicos - 2 Pedro 3:15-17;. Cf 1 Ts 5:27; Col 4:16. Nem todos tinham acesso aos livros do Novo Testamento, pois não havia se inventado a imprensa, de modo que em todas as comunidades haviam leitores que, diante da congregação, liam porções enormes das Escrituras, ou mesmo livros inteiros. Por isso o Apocalipse de S. João promete aos anciãos das Sete Igrejas da Asia, que receberam suas cartas reveladas na Ilha de Patmos, que "Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia" (Apoc. 1:3).
  • Salmos e outros hinos na adoração primitiva. Fato facilmente comprovado em textos como Colossenses 3:16, Efésios 5:18-20.
  • Batismo e Eucaristia (Ceia do Senhor), ministrados regularmente nos serviços de adoração dos primeiros crentes. Marcos 14:12-27; Matt 26:17-30, Lucas 22:7-39 - comparem com 1 Cor 11:23-25. Esse "partir do pão", provavelmente se dava todos os dias no inicio da Igreja, como se nota em Atos 2:42-47. Os católicos romanos mantem a Eucaristia diariamente, o que também era, inicialmente o desejo de Lutero, que acabou adotando sua celebração semanal. Também Calvino batalhou até o fim da vida para que a Ceia do Senhor fosse celebrada mais frequentemente em Genebra. 
  • Apocalipse de S. João. Scott Han, ex-protestante que se converteu ao Catolicismo Romano, deixou o protestantismo ao descobrir, numa visita, quanto a Missa era parecida com o culto celestial descrito no Apocalipse. Nos, anglicanos, não precisamos deixar a Reforma para viver o culto que Deus fez João assistir em sua visão. David Chilton, teólogo protestante e pos-milenista, também acredita que o culto cristão deve refletir o culto celestial, porque é uma antecipação do céu. Em seu livro "Dias de Vingança", maravilhosa exposição do Apocalipse, ele dedica um capitulo a falar sobre "Liturgia e Historia".
"Deus faz chover seus juízos sobre a terra em resposta especifica a adoração litúrgica de seu povo. Como parte do serviço formal e oficial no céu, o anjo do altar oferece as orações da comunidade a Deus; e Deus responde suas orações, atuando na Historia em favor dos santos. A intima conexão entre a Liturgia e a Historia é um fato inescapável, um fato que nao podemos dar ao luxo ignorar... a adoração oficial da comunidade do Pacto é cosmicamente significativa" - CHILTON, David; Dias de Vingança. 
Nao pertencemos a uma seita, mas a Igreja de sempre. John Fenwick, Bispo Primaz da nossa querida Free Church Of England, em seu livro sobre a historia da nossa Igreja, afirma que somos parte da "igreja de sempre, contudo, purificada". O mesmo vale para o nosso culto. Temos o culto que os cristãos sempre tiveram, essencialmente; contudo, reformamos aquilo que homens acrescentaram por sua conta e risco. Somos, portanto, cristãos católicos reformados.

E acima de tudo, somos bíblicos. 

2 comentários:

  1. Muito bom este artigo mais quanto a mitra , esta foi reintroduzida na igreja da Inglaterra pelo arcebispo Lang ja que ele era fortemente associado ao movimento de Oxford entao seria difficil aceitar esta accesorio com anglicano ja que nao fazia parte de sua tradiçao pos-reforma. Podemos pensar o mesmo das estolas reintroduzida pelos anglo catolicos. Deixo inclusive o link de um artigo da church society : http://archive.churchsociety.org/crossway/documents/Cway_106_WheatonRoman.pdf

    Deus lhe abençoe e espero ver ainda mais artigos seus sobre anglicanismo.

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  2. Adam, que bom ter o irmao aqui, e sua participaçao foi muito importante e de conteudo, Obrigado. Estaremos sim, querendo Deus, publicando mais material sobre este e outros temas ligados ao anglicanismo, e desejamos ve-lo aqui mais vezes.

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Marcelo Lemos, presbítero da FCE/IARB, é o editor principal do blog e publicamos artigos de diversos autores, inclusive de outras tradições cristãs, desde que condizentes com a linha editorial e teológica que adotamos.

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Mais evidente é a diferença que se pode ver nos oficiais do culto. Eles vestem uma alva, ou então uma sobrepeliz, que cobre uma camisa preta com seu colarinho clerical, branco. Presbíteros e diáconos ainda trazem um tipete preto que lhes cai, do pescoço, ao lado do corpo, enquanto os diáconos a podem trazer como uma faixa amarrada transversalmente. Se ha um ministro leigo, o mesmo trara um tipete na cor azul. O Bispo, por sua vez, pode se apresentar ainda mais "enfeitado": sua camisa clerical deve ser da cor roxa, e sobre a alva deve vestir também uma chimarra vermelha. Em liturgias mais solenes, como em consagrações, ele pode levar consigo um baculo - especie de cajado. Alguns também levam sobre suas cabeças um tipo de mitra.

Quanto ao culto propriamente dito outras peculiaridades saltam aos olhos. Claramente os paroquianos estarão acompanhando o serviço religioso em algum tipo de boletim impresso, ou diretamente no Livro de Oração Comum. Eles citam as Escrituras em praticamente 90% de todo o serviço de adoração; oram o Pai Nosso; oram ou cantam algum dos Credos Universais; leem algumas Orações e Coletas; ficam de pé em alguns momentos, e se ajoelham em outros. Nao ha bagunça, nem histerismos - ainda que algumas comunidades sejam mais abertas aos dons carismáticos que outras. O que ha, notadamente, é ordem e decência, alem de uma clara intenção para que todo o culto sirva para a edificação dos adoradores.

Mas, sera que existiria alguma boa razão para a Igreja de Cristo manter uma liturgia formal e oficial?

Observe que nossa pergunta fala de boa razão para se ter uma liturgia "formal e oficial", e não simplesmente "liturgia". Em muitos sentidos toda comunidade crista tem algum tipo de liturgia, ainda que a mesma aconteça informalmente, ou completamente de improviso. Ter uma liturgia bem estabelecida é justamente o diferencial do Anglicanismo, e também de outros ramos importantes do Cristianismo (romanos, orientais, luteranos, metodistas, etc). Dito isto, vamos analisar as boas razoes para que isto seja assim.

Somos litúrgicos porque somos Católicos. 

O Credo dos Apóstolos, um dos maiores tesouros teológicos da Cristandade, nos convida a confessar "Creio na Santa Igreja Católica", e o Credo de Atanásio, que venceu a heresia dos arianos, ameaça: "Esta é a fé Católica, e quem não a professar fiel e firmemente não se poderá salvar".

Engana-se aqueles que imaginam os Reformadores como homens que desejaram romper com a Igreja, ou criar uma nova. Eles viam a si mesmo como filhos da Igreja, que desejavam reforma-la, não destruí-la. Por isso, acabaram rompendo com Roma, mas desejaram intensamente permanecer apegados a Igreja de sempre, ou seja, a Igreja universal - que em latim de diz "católica". Isso explica, por exemplo, porque os grandes reformadores, como Lutero e Calvino, constantemente citavam os Pais da Igreja com a intenção de justificar sua teologia, argumentando que o Papado, e não eles, estava sendo infiel com a fé católica.

Aquilo que para muitos hoje se conhece por "catolicismo", os Reformadores chamariam de "romanismo" ou "papismo". Nas palavras de Lutero, o "Cativeiro Babilônico da Igreja".

Podemos diferenciar, portanto, "catolicismo" de "catolicismo romano", segundo a visão que os Reformadores nutriam sobre a Igreja. Sendo a Igreja, nas palavras de Lutero, aquela que "nos faz nascer e [nos] guia pela Palavra",  sendo portanto nossa "mãe", ou nas de Calvino, "aqueles de quem [Deus] é Pai, a Igreja também é mãe", nada mais ilógico que tentar lutar contra ela, coisa que os Reformados certamente não fizeram, ainda que tenham lutado contra os abusos de Roma e do Papado.

Ser parte da Igreja de sempre nos conduz a Liturgia. Apenas com alguns reformadores "radicais" se pretendeu - sem sucesso - um serviço cristão destituído de "liturgia". Sem sucesso, porque é impossível adorar sem liturgia, até mesmo as comunidades mais informais possuem seus padrões de culto. Como Reformados rejeitamos aquilo que, na Liturgia, identificamos com erros teologios do Papa. Nao oramos pelos mortos, nem dirigimos orações a eles. Nao adoramos o "pão e o vinho", nem nos banhamos com água benta. Mas tudo aquilo que é espiritualmente saudável, bíblico, e auxilia nosso aprendizado e comunhão com Cristo, guardamos e mantemos.

Somos litúrgicos porque somos bíblicos.

Atualmente parece que estamos cercados por um exercito de leitores de Frank A. Viola, autor de "Cristianismo Pagão". Defende-se largamente em nossos dias que a adoração crista primitiva era, digamos, 'improvisada'. E parece ser este o sentido que se pretende dar a afirmação paulina de que "onde está o Espírito do Senhor, ali há liberdade" (II Cor. 3.17). Todavia, ao contrario do que os discípulos de Viola imaginam, o culto primitivo não era 'livre' no sentido por eles pretendido. Podemos, com grande facilidade, identificar alguns elementos ordinários e bem fixados na adoração publica dos cristãos.
  • A adoração na Sinagoga. Em diversas passagens vemos Jesus, e seus discípulos, adorando a Deus em Sinagogas, como em Atos 15:21 e S. Lucas 4:16-22). Posteriormente os cristãos se reuniriam em casas, cavernas e sepulturas. Isso não significa, como querem alguns, que fossem contra "templos cristãos", mas que as circunstancias não lhes permitiam tais privilégios - como as perseguições. Alegar que Deus jamais ordenou a construção de "Igrejas" (prédios) eh irrelevante, pois também jamais ordenou a construção de Sinagogas, e Ele mesmo se fez presente nelas quando habitou entre os homens. 
  • A Leitura e Exposição das Escrituras. Tanto Cristo quando seus Apóstolos centralizaram seus ministérios na Pregação da Palavra de Deus. Ainda enquanto o Novo Testamento era redigido, sabe-se que os escritos de S. Paulo já eram consideramos "Escrituras", e todas as Igrejas eram ordenadas "lerem" seus textos nos cultos públicos - 2 Pedro 3:15-17;. Cf 1 Ts 5:27; Col 4:16. Nem todos tinham acesso aos livros do Novo Testamento, pois não havia se inventado a imprensa, de modo que em todas as comunidades haviam leitores que, diante da congregação, liam porções enormes das Escrituras, ou mesmo livros inteiros. Por isso o Apocalipse de S. João promete aos anciãos das Sete Igrejas da Asia, que receberam suas cartas reveladas na Ilha de Patmos, que "Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras desta profecia" (Apoc. 1:3).
  • Salmos e outros hinos na adoração primitiva. Fato facilmente comprovado em textos como Colossenses 3:16, Efésios 5:18-20.
  • Batismo e Eucaristia (Ceia do Senhor), ministrados regularmente nos serviços de adoração dos primeiros crentes. Marcos 14:12-27; Matt 26:17-30, Lucas 22:7-39 - comparem com 1 Cor 11:23-25. Esse "partir do pão", provavelmente se dava todos os dias no inicio da Igreja, como se nota em Atos 2:42-47. Os católicos romanos mantem a Eucaristia diariamente, o que também era, inicialmente o desejo de Lutero, que acabou adotando sua celebração semanal. Também Calvino batalhou até o fim da vida para que a Ceia do Senhor fosse celebrada mais frequentemente em Genebra. 
  • Apocalipse de S. João. Scott Han, ex-protestante que se converteu ao Catolicismo Romano, deixou o protestantismo ao descobrir, numa visita, quanto a Missa era parecida com o culto celestial descrito no Apocalipse. Nos, anglicanos, não precisamos deixar a Reforma para viver o culto que Deus fez João assistir em sua visão. David Chilton, teólogo protestante e pos-milenista, também acredita que o culto cristão deve refletir o culto celestial, porque é uma antecipação do céu. Em seu livro "Dias de Vingança", maravilhosa exposição do Apocalipse, ele dedica um capitulo a falar sobre "Liturgia e Historia".
"Deus faz chover seus juízos sobre a terra em resposta especifica a adoração litúrgica de seu povo. Como parte do serviço formal e oficial no céu, o anjo do altar oferece as orações da comunidade a Deus; e Deus responde suas orações, atuando na Historia em favor dos santos. A intima conexão entre a Liturgia e a Historia é um fato inescapável, um fato que nao podemos dar ao luxo ignorar... a adoração oficial da comunidade do Pacto é cosmicamente significativa" - CHILTON, David; Dias de Vingança. 
Nao pertencemos a uma seita, mas a Igreja de sempre. John Fenwick, Bispo Primaz da nossa querida Free Church Of England, em seu livro sobre a historia da nossa Igreja, afirma que somos parte da "igreja de sempre, contudo, purificada". O mesmo vale para o nosso culto. Temos o culto que os cristãos sempre tiveram, essencialmente; contudo, reformamos aquilo que homens acrescentaram por sua conta e risco. Somos, portanto, cristãos católicos reformados.

E acima de tudo, somos bíblicos. 

2 comentários:

  1. Muito bom este artigo mais quanto a mitra , esta foi reintroduzida na igreja da Inglaterra pelo arcebispo Lang ja que ele era fortemente associado ao movimento de Oxford entao seria difficil aceitar esta accesorio com anglicano ja que nao fazia parte de sua tradiçao pos-reforma. Podemos pensar o mesmo das estolas reintroduzida pelos anglo catolicos. Deixo inclusive o link de um artigo da church society : http://archive.churchsociety.org/crossway/documents/Cway_106_WheatonRoman.pdf

    Deus lhe abençoe e espero ver ainda mais artigos seus sobre anglicanismo.

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  2. Adam, que bom ter o irmao aqui, e sua participaçao foi muito importante e de conteudo, Obrigado. Estaremos sim, querendo Deus, publicando mais material sobre este e outros temas ligados ao anglicanismo, e desejamos ve-lo aqui mais vezes.

    Paz e bem!

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