Rev. Marcelo Lemos
Eis a noticia que lemos no site da missão Portas Abertas:
"De acordo com a Middle East Concern, uma associação de
agências de direitos cristãos, com operações no Oriente Médio, os veículos
passaram por Mosul com alto-falantes, anunciando que todos os cristãos tinham
até meio-dia de sexta-feira para deixar a cidade "ou serão executados à
espada".
No início dessa semana, todas as casas pertencentes a membros de
comunidades minoritárias, incluindo a comunidade cristã, foram pixadas com a
frase "propriedade do Estado islâmico." Desde edital de 18 de julho,
a maioria dos cristãos tem abandonado Mosul e fugido para o Curdistão, país
vizinho. A agência de notícias AFP noticiou "Pela primeira vez na
história do Iraque, Mosul está agora vazia de cristãos".
Os cristãos tiveram de deixar tudo para trás (carros, ouro, dinheiro,
telefones celulares). Só lhes foi permitido manter suas roupas. Segundo
informação daWorld Watch Monitor em Erbil, capital da região do Curdistão, uma
família cristã em Mosul informou, por telefone, que as explosões foram ouvidas
numa quinta-feira. Na sexta-feira, quando a família tentou fugir, foi detida,
teve de sair de seu carro, seus pertences foram confiscados e foi obrigada a
prosseguir sua viagem a pé" - Leia na integra.
Assim como os nazistas marcavam os judeus com a Estrela de Davi, os
cristãos de Mosul, no Iraque, estão sendo marcados com a letra "num",
a inicial da palavra "nazarenos". Com isso são "acusados"
de praticarem a religião de Jesus. Provavelmente, fosse algum
grupo cristão a incitar violência contra alguma minoria, o
caso ficaria 24 horas nas primeiras paginas, como as
vitimas são os cristãos, o mundo se cala.
Contudo, cristãos "marcados" para a
morte não foram inventados pelo mundo moderno. Desde o
inicio da Era Crista tem existido inúmeras perseguições aos
seguidores do "Nazareno", o Filho de Deus. Nao obstante, a Fe da
Igreja segue invencível, inabalável - apesar das feras,
heresias e divisões que a ameaçam. Se hoje nosso desejo eh
escrever denunciando as injustiças lançadas contra
os cristãos, também podemos escrever sobre o milagre que eh
a simples existência da nossa fé.
Os cristãos baseiam toda a sua fe em um evento histórico que acreditamos
incontestável: Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo para salvar os
pecadores.
Quando esteve no mundo o Cristo instituiu a sua Igreja, “Pois também eu te digo que tu es Pedro, e sobre esta pedra edificarei a
minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela” (S. Mateus 16:18). Segundo nos contam os Evangelhos, Pedro e o Colégio Apostólico, conviveu com o Cristo durante aproximadamente
três anos, aprendendo e praticando a religião divina; depois recebeu a missão
de continuar a Obra do Senhor após sua morte e ressurreição (S. Mateus 10:5-14;
S. Mateus 28:18-20; S. Lucas 9: 1-6).
Nos anos que seguiram a morte do Senhor, o Evangelho se espalhou por
todo o mundo da época, como escreveu certo historiador: “Os Apóstolos se
espalharam por diversas regiões, estabeleceram centros de irradiação do Evangelho
em cidades-chaves, as Sés, ou sedes, lugar das cátedras, do ensino: as
Catedrais. São Marcos, por exemplo, inicia a Igreja de Alexandria, no Egito, de
onde descende hoje a Igreja Copta, e as Igrejas da Etiópia e da Eritréia,
no Leste da África. São Tomé evangeliza em Antioquia, e, segundo a tradição,
chega à Índia. Dele descende hoje as Igrejas Ortodoxas Antioquinas, Sirianas e Mar Thoma. A primeira fase de expansão foi no
Oriente. As Igrejas Orientais são as primeiras; as mais antigas”.
Um observador daquele tempo talvez não pudesse imaginar quão prospera
seria a “nova religião”. No entanto, alguns anos depois, o Cristianismo estava
inserida em toda a sociedade romana, e quando o Império caiu, foi justamente a
Igreja quem tomou seu lugar. A medida que crescia, a Igreja se tornava uma
ameaça cada vez maior para o poder do Estado, que durante muitos anos, em
diferentes períodos, tentou eliminar a fe dos cristãos.
Plinio, o Jovem, um magistrado do Império Romano, por volta do ano 100
escreveu ao Imperador sobre algumas duvidas quanto ao modo de punir os cristãos
levados a julgamento por sua fe. Plinio concordava que o crime de “ser cristão”
deveria ser punido com a morte, mas desejava que os julgamentos fossem os mais
“justos” possíveis.
Trecho de sua carta ao Imperador Trajano:
“Tenho por costume, Senhor, consultar Vossa Majestade, nas questões
duvidosas... Nunca estive presente a um julgamento de cristãos, ignoro, pois,
as penalidades e instruções costumeiras, e mesmo as pautas em uso. Estou hesitando
acerca de certas questões. Por exemplo, cumpre estabelecer diferenças e
distinções de idade? Cabe o mesmo tratamento a enfermos e a robustos? Deve
perdoar-se a quem se retrata? A quem sempre foi cristão, convém premia-lo caso
deixe de ser? Há de se punir o simples fato de ser cristão, sem consideração a
qualquer culpa, ou exclusivamente os delitos encobertos sob este nome?
Entretanto, eis o
procedimento que adotei nos casos que me foram submetidos sob a acusação de
cristianismo. Aos acusados pergunto se são cristãos. Se confirmarem, repito a
pergunta segunda e terceira vez, cuidando de alertar sobre a pena de morte. Se
persistem, os condeno a morte”.
Ironicamente, apenas alguns séculos depois, em 325 d.C., o Imperador
Constantino reunia um Concilio com 300 bispos de todo o Império, para o famoso
Concilio de Nicéia. A reunião, que durou vários meses e provavelmente se deu no
mesmo palácio onde Plinio assinava as sentenças de morte contra os cristãos. O
teólogo Bojidar Mariov comenta:
“O Primeiro Concilio
não foi simplesmente um reunião de teólogos. Era uma festa da Vitoria, uma
declaração triunfal ao mundo que Cristo e Sua Igreja haviam prevalecido sobre
seus perseguidores. O mundo sabia: Depois de 300 anos, um pequeno bando com um
carpinteiro e 12 apostolos levaram o Imperio aos joelhos. Cesar rendeu-se
a Cristo” – A Cidade de Deus
Prevaleceu Contra a Cidade dos Homens, site Resistir e Reconstruir.
Os Romanos tinham no Imperador o seu “deus”, juntamente como um panteão de outros falsos deuses. Isso não pode salva-los! Roma caiu, e a Igreja de Cristo tomou o seu lugar. O Cristianismo saiu vitorioso, e construiu a Civilização Ocidental,
dando suporte para seu conhecimento e progresso tecnológico.
“Todos os seus deuses
juntos [dos Romanos] não podiam fornecer uma base suficiente para a vida, a
moral, os valores e as decisões finais. Aqueles deuses dependiam da sociedade
que os havia criado, e quando esta sociedade entrou em colapso, os deuses
caíram junto com ela. Assim, os experimentos gregos e romanos de harmonia
social (que se apoiava numa republica elitista) falharam no fim” – Francis
Chaeffer; Como Viveremos; Ed. Cultura Crista.
Hoje, quando os incrédulos tudo fazem para destruir a Igreja, talvez não
saibam que tentam matar justamente aquela que lhes deu a luz. O Império americano, com todo seu Capital e Armamento, não pode salvar os iraquianos do fundamentalismo islâmico, mas esses cristãos perseguidos podem. Nao importa quanto a Igreja sofra, as portas do inferno jamais prevalecerão.
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