Marcelo Lemos
Essa semana publicamos uma matéria a respeito da visita que o editor deste blog fez a Capela Nossa Senhora Aparecida numa comunidade rural chamada Vale do Sol, na cidade de São Joaquim de Bicas.
Quase simultaneamente, a mídia nacional noticiava a respeito de outra igreja localizada nessa mesma cidade mineira, porém, notícias nada elogiosas. Nessa cidade opera uma das filias brasileiras da igreja americana Igreja Word of Faith Fellowship, que novamente é acusada de abusos psicológicos, violência física e até mesmo trabalho escravo.
Trecho de notícia do UOL:
Nas igrejas da Word of Faith Fellowship (Ministério Palavra da Fé) nas cidades brasileiras de São Joaquim de Bicas (MG) e Franco da Rocha (SP), os sinais de famílias divididas estão por toda parte: pais separados dos filhos, irmãos não se falam mais, avós se perguntam se um dia conhecerão os netos.*
A julgar pelos depoimentos dos investigadores e de dezenas de ex-membros, estamos diante de mais uma seita que se vale da opressão para obter controle total sobre a vida de quem cai em sua extensa malha religiosa. Não é exagero, portanto, que indiquemos aqui alguns cuidados que as pessoas precisam ter sobre este assunto, pois não é tão difícil identificar comunidades religiosas que cometem abusos, o problema é conseguir sair delas depois de estar dentro.
1. Legalismo
Quem busca uma comunidade religiosa deve tomar cuidado com aquelas que pregam um restrito legalismo. Por legalismo deve ser compreendido o esforço de muitas comunidades e 'igrejas' para convencer o fiel que o mesmo precisa seguir uma rígida lista de regras e proibições para alcançar o favor de Deus. É a ideia de que a salvação não é concedida ao homem mediante a fé somente, mas também por meio de suas obras. É uma salvação que depende da Lei, mesmo que tais leis não passem de mandamentos humanos.
Mesmo comunidades geralmente aceitas como 'normais' e não sectárias podem cair nesse tipo de abuso. Um exemplo clássico no evangelicalismo brasileiro é a Igreja Pentecostal Deus É Amor, que é apenas uma dentre as muitas pentecostais que seguem o mesmo caminho.
2. Isolacionismo
Uma das formas mais fáceis de tornar as pessoas incapazes de questionar a liderança de uma seita ou comunidade é isolá-las do resto do mundo, inclusive de seus próprios parentes. É isso que faz a Igreja Word of Faith Fellowship, segundo os depoimentos. E é o que faz todas as outras, inclusive igrejas evangélicas 'normais' que obrigam seus membros a obedecerem estritos mandamentos de homens. É por isso, por exemplo, que geralmente proíbem seus membros de visitarem outras igrejas, comunidades, denominações. É por isso que muitos são isolados, ainda que veladamente, de seus antigos amigos, familiares, proibidos de irem a festas, shows e assim por diante.
Se ao procurar uma comunidade de fé a pessoa nota que precisará se isolar das pessoas, melhor sair deste lugar o mais rápido possível.
3. Síndrome de Perseguição
Uma das coisas mais curiosas nas seitas é que adoram se fazer de vítima. Na verdade elas existem para combater os demais cristãos, porém, quando seus erros são apontados se fazem de vítimas. Isso vale para quase todas elas, dos Testemunhas de Jeová aos Adventistas do Sétimo Dia.
Uma Igreja saudável deve se sentir parte da Igreja Una, ou seja, viver a catolicidade da fé; isolacionismo e sentimento de perseguição, ou viver em função de um sentimento de exclusivismo, certamente indica um local perigoso para se estar com sua família. Melhor sair antes que seja difícil se livrar do controle mental que exercem sobre as pessoas.
4. Abuso financeiro
Outra forma de abuso muito comum, e cada vez mais recorrente, é o financeiro. E quem faz esse tipo de abuso nem sempre é visto como seita pelas demais comunidades, infelizmente. Tem sido muito rentável explorar a boa fé das pessoas, e muitas comunidades evangélicas fazem isso a luz do dia, com milhões de telespectadores como testemunhas. Quase nada é feito para coibir a sanha de tais mercadores da fé.
Uma comunidade, pregador, evangelista ou qualquer outro que misturar fé com dinheiro, é um explorador. E os tais temos aos montes. A maior parte do povo que os segue é pobre, enquanto os mesmos enriquecem cada dia mais. Porém, com suas promessas de bençãos e facilidades, sempre acompanhados de testemunhos inacreditáveis - porque são mesmo! - acabam convencendo muitos que estão a procura de uma solução para a vida.
Conclusão
É triste, querido leitor, que na mesma cidade na qual participamos de uma experiência tão interessante com outros cristãos, também existam aqueles que usam de sua posição para transformar o que chamam de Igreja em um covil de salteadores.
* Leia a matéria completa do UOL.
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